ELE ME ODEIA - capítulo VII

Dias se passaram, resumiam-se em dias cansativos de trabalho, em coleções de frases amargas de Dante e visitas à minha avó que sempre acabavam em tristeza. Num certo dia, quando eu chegava ao trabalho, Paloma veio de encontro a mim e, mostrando-me um papel todo caprichado, falou:

- Toma, Dante mandou para você.

- O que é?

- É um convite para o aniversário dele nesse sábado. Eu perguntei a ele: "por que você mesmo não entrega a ela?" e ele disse... Deixa pra lá o que ele disse.

- Está dizendo que Dante me convidou, convidou a mim, a euzinha para sua festa de aniversário?

- Sim, e parece que essa festa promete.

- Hummm...

- Você vai, não é?

- Acha que ele ia querer me ver lá?

- Se foi ele quem te convidou!

- Porque deve ter sobrado um convite, então ele pensou: ah, de qualquer jeito já ia pro lixo mesmo...

- Bom, acho que se você tem o convite não há porque se preocupar, agora, se entrasse como uma intrusa na festa então, com certeza Dante detestaria.

- Quer saber? Você tem razão. Eu vou.

- É assim que se fala.

Agora eu precisava encontrar um presente perfeito para Dante, Paloma até me deu algumas sugestões, como: uma bomba relógio ou um coração de carne. Mas eu ainda preferia uma porção do amor. Resolvi pedir a opinião de meu tio, já que ele, em algum momento de sua vida já havia sido um rapaz, como Dante. Ele disse:

- Isso depende muito da personalidade da pessoa... Exemplo: se ele for um crianção, dê uma coleção de gibis. Se ele for um nerd, dê uma tabuada. Ha! Ha! Ha!

- Tio, estou falando sério.

- Eu também! Me diga, qual a personalidade do indivíduo?

- Bom... Ele muda constantemente de humor e tem um gênio forte.

- Humm... Que tal um relógio de pulso dourado?

- Boa idéia! Então pessoas de gênio forte gostam de relógio de pulso?

- Eu sei lá, só foi um palpite.

- Só mais uma pergunta: algum cartão disponível?

Eu gostei da idéia do relógio e achei que Dante fosse gostar do presente, até porque, ele vivia olhando a hora. Então, andei de loja em loja à procura do mais lindo relógio e precisava ser um que Dante realmente se agradace e eu o encontrei numa vitrine. A moça me mostrou o relógio e detalhou:

- É ouro 18k e um dos mais vendidos aqui.

- É muito lindo... Embrulhe para presente.

Chegou o grande dia, a festa de aniversário de Dante. À noite, às 21:00h, eu me aprontava, queria ir mais linda do que nunca. Vesti um vestidindo solto e tomara que caia, prendi o cabelo com um coque todo caprichado, calcei um belo salto e usei meu melhor perfume. Estava pronta. Cheguei na casa de Dante de táxi e já dava para ouvir o som altamente ligado e muita conversa. Caminhei devagar até o portão de entrada, contudo, achei melhor ligar para Paloma e saber onde ela estava, ela disse que estava chegando, portanto, a esperei ali mesmo do lado de fora. Ela chegou no carro do primo.

- Uau, como você está linda, Iva!

- Você também!

- Vamos entrar?

Quando Paloma disse isso eu até me arrepiei, no que ela falou:

- Fica calma... Vai ser divertido.

Entramos na casa e estava cheia de gente ao redor da piscina, dentro da piscina saindo e entrando na casa. Avistei Dante conversando com alguns amigos, estava tão lindo... Com uma camisa branca social meia desabotoada e uma bermuda xadrez. Do mesmo modo, Paloma o viu e disse para mim:

- Vamos lá parabenizá-lo e entregar os presente.

Só que eu a segurei pelo braço e falei:

- Não, acho melhor que só você vá e entregue os presentes.

- Deixa de besteira, Iva, vamos nós duas!

Ela me puxou e fomos até onde estava Dante. Ao nos ver, ele sorriu para Paloma, somente para Paloma e falou:

- Linda Paloma, que bom que veio.

- E por acaso eu iria faltar? Meus parabéns, Dante!

Paloma o abraçou e entregou seu presente, no que Dante brincou, dizendo:

- Só espero que não seja uma bomba relógio.

Paloma piscou o olho para mim e sussurrou:

- Sua vez...

Respirei fundo e me aproximei de Dante, lhe estendi o presente e falei:

- Feliz aniversário.

Ele me fitou com frieza, mas não chegou a rejeitar o presente e ainda me agradeceu.

- Obrigado.

Paloma me chamou para o outro lado, onde estava uma turma de amigos do trabalho, eu fui. Tudo estava muito animado, teve até karaokê e eu me dispus a cantar, porém, Dante tomou o microfone de mim e falou:

- É melhor não. Não quero que acabe com a festa.

Eu já esperava que ele fosse dizer algo do tipo e até estranhei ter demorado para ele se manifestar contra mim. Depois, o pessoal foi chamado por Dante para as fotos, ele chamava um, chamava outro... Mas, eu nunca estava entre os escolhidos. Alguém até falou para Dante:

- Ei, falta a Iva!

Dante mirou para mim e, desprezando-me em seguida, exclamou:

- Não falta ninguém, tira logo essa foto!

Para mim já bastava, estava farta da ignorância de Dante e decidi ir embora o mais rápido possível dali. Paloma me viu sair e correu até mim, perguntou:

- Aonde você vai, Iva?

E eu respondi:

- Para casa. Não tenho mais nada pra fazer aqui.

- Mas, não vai ficar nem para cantar os parabéns?

- Meus aplausos não farão nenhuma falta.

Eu estava deveras tempestuosa e um rio de mágoas inundava meus olhos, só queria chegar em casa e descansar minha mente, ao que não teria mais que pensar em Dante e chorar de revolta. Chegando em casa, tranquei a porta e joguei minha bolsa no sofá, as luzes estavam apagadas e eu não me importei, caminhei assim mesmo no escuro até à cozinha, para reclamar comigo mesma ao pé da pia. Senti alguém tocar minha cintura e me arrepiei, quando me virei deparei-me com meu tio.

- Tio? Que susto me deu! Pensei que estivesse no trabalho.

- A essa hora, Iva?

- Ah, o senhor é guarda-costas, tem que proteger até o fim.

- Não precisa...

Ele chegou mais perto de mim e me cercou com seus braços, e eu perguntei:

- O que quer?

E ele me respondeu:

- Nada... Só estou te protegendo.

- Muito grata, mas o senhor já trabalhou demais hoje.

- Senhor... Pare de me chamar de senhor! Dá impressão de que sou tão velho...

- É só uma forma de respeito.

- Bobagem.

Eu me afastei um pouco dele, mas este voltou a se aproximar de mim, por um instante senti receio e estranhei, pois ele estava me prendendo e colando seu rosto no pé de meu ouvido.

- Você fica tão linda de vestido.

Ele sussurrou em meu ouvido e os pêlos de minha pele se arrepiaram... Olhei timidamente para ele e seu rosto estava tão perto do meu que me assustava. Eu queria sair dali, mas ele estava me cercando.

- Tio, eu... Eu vou dormir...

- Espera aí... Pra que tanta pressa? Está com medo de mim?

- Nã-não, é que...

Ele passou com a mão meus cabelos para trás e aproximou sua boca de meu pescoço, e meu coração acelerou, soei frio e tudo o que eu temia estava sucedendo.

- O que está fazendo?

Perguntei, exprimindo os olhos e respirando profundamente, ao passo que ele ia beijando todo meu pescoço e mordeu a ponta de minha orelha.

- Não está sentindo?

Ele disse, e eu tentei afastá-lo de mim, mas ele colava seu corpo cada vez mais. Falei:

- Pára...

E ele deslizou seus lábios em meu queixo, no que apertei forte seu braço e fechei os olhos... Minhas pernas estavam bambas e minha respiração ofegante. Ele disse:

- Não foge... Sei que está gostando.

- Tio... Está me assustando...

Falei, quase a chorar e ele colocou o dedo em meus lábios, pedindo sigilo, e grudou seus lábios molhados nos meus, me arrancando um beijo profundo... Quanto mais eu tentava me apartar dele, mas ele me puxava para perto e me prendia. Eu estava num beco sem saída.

Continua...

Lyta Santos
Enviado por Lyta Santos em 27/10/2015
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