Ésoj em busca do coração de ônix- Capítulo três- Desaparecido

Quando o sol raia naquele dia, Liuka escancara a porta de madeira gritando por Ésoj, seguido por Kahti.

- Ésoj!!!

- Ésoj!

O grito retorna como eco apenas. Nem sinal de Ésoj. O casal corre pela aldeia em direção à Oris e Tahta. Quem sabe Ésoj não tinha ido fazer as pazes com os amigos?

- Minha nossa! Onde terá se metido este garoto?

- Ele não fugiu de casa! Não pode ter fugido. – lamentava Kahti.

- Lógico que não! Ele é apenas uma criança Kahti. – Crianças não fogem de casa.

- Isso quer dizer que ele foi levado.

- Não! Quem levaria nosso filho?- Luika pensa alto.

- Ele é o neto do rei, Liuka. Se alguém quiser mal ao seu pai... – ela começa sem coragem para completar.

De repente, do outro lado da aldeia um outro alguém começa a gritar.

- Sumiu! Sumiu! Ele sumiu!

Desesperados Kahti e Liuka correm em direção a voz que ecoa pela silenciosa Edadh.

- Sim. Sim. Ele sumiu! - concorda Kahti em todo seu receio de mãe ainda antes de ver quem berra.

Quem gritou foi Lianti, uma das guardiãs dos portões de Edadh.

- O que houve Lianti? Como sabe que Ésoj sumiu? Você o viu?

- Ésoj? – ela se espanta- Ésoj também sumiu?

- Ora, por que também? O que mais sumiu?

- O coração!

Kahti e Liuka se entreolham significativamente.

- O coração de Ônix desapareceu da grade!- insiste Lianti – Estamos sem escudo!

- Ésoj sumiu e o escudo também, isso só pode significar uma coisa...

- Nosso filho foi raptado Liuka.

- Precisamos avisar o rei. – Lianti mal respira de tanta afobação.

- Não será necessário! O que se passa para tamanha gritaria? Por favor... são cinco horas!

- Ó Vossa alteza! Minhas eternas desculpas, não queria atrapalhar vosso sono.

- Não há problema atrapalhá-lo Lianti, desde que seja por uma boa razão.

- Boa não, péssima meu Rei.

- Papai- Liuka a corta- Ésoj sumiu e o coração de Ônix também.

- Como? – o Rei dá um grito esganiçado. Siliak caminha até a base de metal encarando-a incrédulo. – Chame Áurea. – ele ordena à Lianti e voltando-se para o filho – Como assim Ésoj desapareceu Liuka?

- Não estava na cama quando fui chamá-lo. E, somando isso ao fato do coração ter desaparecido...

- Percebo. Reúna toda a guarda. Seja lá porque motivo levaram os dois, não foi em vão. Kahti, reúna todas as fadas, temos que tentar reconstruir a pedra.

- Será impossível Siliak. Faltam três fadas.

- Esqueci-me de que precisava de todas reunidas para concentrar a força.

- Sim, foram vinte e sete. E depois que Ellenin se foi...

- Sim, sim, eu sei.

- Podemos tentar criar um escudo de contenção. Mas, não surtirá o mesmo efeito.

- Então que seja. – ele tenta manter a calma.

Antes que Kahti fosse, entretanto, algumas pessoas já vinham ao seu encontro.

- Que gritaria foi essa? – perguntava uma das aldeãs.

- Que alvoroço é esse aí fora? – o cozinheiro Real também aparece visto que seu café da manhã foi interrompido. – Majestade? O que faz aqui tão cedo? Estava preparando seu café.

- Argh, esqueça o café Malakeu, tenho assuntos mais importantes a cuidar.

Logo, uma dúzia de Edadhianos se acercava dos três fazendo perguntas e assustados quanto ao sumiço do coração da haste.

Áurea finalmente desce com Lianti a tiracolo.

- O que está acontecendo Siliak? Pra que reuniu toda essa gente tão cedo?

Áurea ainda tenta discernir os acontecimentos quando seu olhar repousa sobre a fenda aberta e vazia.

- Mas onde...?

- Áurea, meu amor, de que outras formas o coração pode ser retirado?

- Não pode ser! O coração não pode ser roubado, só pode ser extraído por um membro da realeza... Por que...?

- Creio que o que temíamos aconteceu Áurea. Ésoj sumiu. Creio que o levaram para conseguir o escudo.

Áurea se desestabiliza.

- Meu neto!

- Ajude-nos a achá-lo mãe!- implora Liuka.

- Onde foi visto pela última vez?

- Em casa. Sumiu na calada da noite.

- Não pode ter sido assim tão simples...

Enquanto os dois discutiam e o povo começou a passar a notícia de que o coração fora roubado e pior, o filho de Liuka fora sequestrado, Oris e Tahta ligavam os pontos da tarde anterior. Não tardou para que Oris fosse bater à porta da amiga.

- Já soube? – ele pergunta antes de ouvir o “bom dia”.

- Acabei de ouvir... então é verdade?

- Sim, ele sumiu.

- Acha que tem algo a ver com aquela bruxa?

- Acho que é muita coincidência.

- Agora não é hora para isso Tahta, vamos logo ao Rei.

“

Longe dali, as águas revoltas do mar começam a chegar nas rochas e espalhar sua espuma sobre elas. Quando finalmente respingam mais forte e recaem sobre o rosto de Ésoj que acorda espantado.

Seus pés e mãos estão presos num nó de marinheiro. As mãos três vezes laçadas e passadas por entre os pés o impossibilitava de se mexer.

- Ai, ai. Minha cabeça está girando. O que aconteceu?

Ele está confuso e tem dificuldade para se recordar do que houve, então logo a cena de Mariet preenche sua mente, e a de Brumio correndo atrás dele. O coração?

O coração havia sido levado. E, ele não conseguia se desamarrar de forma alguma.

Cometera um erro terrível. E, agora? Como sair dali? Como voltaria para casa? Seus pais deviam estar loucos atrás dele. Saíra à noite e já era de manhã. Estaria em problemas. Mal conseguia imaginar seu pai e seu avô quando soubessem que ele entregara de boa vontade a pedra. Tinha sido ingênuo demais. A água estava revolta ele notava e subia rapidamente. Estava muito próxima à margem e caso não saísse dali, morreria afogado em breve. Ele tenta se virar de um lado para o outro e rolar para longe, mas a areia o impede. Tinha que torcer para o acharem.

Imediatamente!

AESouza
Enviado por AESouza em 20/10/2015
Código do texto: T5421474
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.