OS DEZ / ENCONTROS DE ANA - 04
OS DEZ / ENCONTROS DE ANA - CAP. 04
Na cidade do Rio de Janeiro Ana se depara com multidões pelas ruas gritando comandos de paz. Nada àquela altura era estranho para ela. Parecia que eram apenas gritos de pessoas que tentavam usurpar a paz alheia.
Dirigi-se de táxi para o Hotel El-Dourado. Ao mostrar a credencial ao recepcionista do hotel, logo lhe é dado a chave de um apartamento: quinto andar, 551. Coincidência ou não, algo deveria acontecer que envolvesse aqueles números.
Abre a porta do apartamento e depara-se com a jovem que lhe buscara em casa quando saíra com destino a cidade de São Paulo. Ana olha-a por alguns minutos, fecha a porta.
- Boa tarde.
- Boa tarde.
- Algum recado?
- Há um envelope sobre a cama para você.
Ana olha-o atentamente primeiro, pega-o nas mãos. Nada há escrito pelo lado de fora. Abre-o com sutileza. Lê. Faz novamente a leitura. Já sabia o que devia fazer. Olha atentamente para a jovem que permanece no mesmo lugar, diz:
- Parceiras?
- Sim, parceiras. Eu sou Ellen.
- Prazer em revê-la. Eu sou Ana. O que devemos fazer?
- No momento certo saberemos.
- Certo. Há tempo para um banho?
- Sim, nosso trabalho começa apenas amanhã à tarde.
Ana coloca a sua valise sobre a cama. Pega as suas roupas e pendura-as no armário – apesar de pequena, a valise trazia duas mudas completas de roupas, além de uma camisola toda em renda vermelha e uma toalha de banho.
A água do chuveiro é convidativa e Ana permanece já há mais de meia hora. A água naquele momento lavava-lhe não só o corpo, mas também a alma. O burburinho violento que se ouvia da janela do quarto no banheiro não havia: a água encobria-o.
Lentamente a porta do banheiro é aberta. Ana afasta a pesada lona (que está no lugar de boxe) e vê Ellen nua dirigindo-se para o boxe.
- Posso entrar?
Ana titubeia um momento, mas consente.
- Pode.
Ana observa que Ellen afasta mais a cortina e começa observá-la. Parece medi-la de alto a baixo. Faz o mesmo. Ellen possuía um belo corpo: moldado, perfeito. Corpo de violão, como costumam dizer. Apenas, ao seu olhar de mulher, lhe faltava um pouco mais de volume nos seios.
Pelo outro lado, Ellen fez um julgamento parecido com o de Ana: corpo de violão, mas atentou para o fato de Ana ter belos seios. Além de belos, volumosos.
Trocaram olhares por longos minutos. E Ana quebra o silêncio:
- Quantos anos você tem?
- Tenho vinte e seis. Imagino que você tenha quase a mesma.
- Quase você acertou. Tenho vinte e oito.
- E como conseguiu entrar neste trabalho?
- Apenas descobri alguns lances, depois fiz alguns testes e depois de dois meses fui intimada a trabalhar. É a minha primeira vez. E você?
- Trabalhei numa empresa que fazia transações comerciais e depois de algumas coisas que descobri fui chamada para trabalhar para o senhor X.
- E o que você faz?
- Faço o que mandam.
- Arriscado?
- Às vezes.
- Qual foi o último serviço?
- Foi um serviço no Pantanal.
- Hum!
E Ana tenta manter a conversa apenas no olhar, mas nota que Ellen não quer falar.
- A água está boa?
- Está. Apenas uma última perguntinha.
- Sim.
- O que vamos fazer amanhã?
- Não sei completamente, mas você tem que dar cobertura pra mim no que eu for realizar.
- E quando saberá?
- Pode deixar, logo saberemos.
Ellen passa ao lado de Ana sem tocá-la. Fecha os olhos e deixa a água cair sobre seu corpo por alguns segundos. O tempo para Ana parece uma eternidade. Logo ela que era fã de homens – pode se dizer de carteirinha – ali parada olhando para o corpo de uma mulher.
A eternidade passa. Ellen abre os olhos e faz sinal para que Ana se aproxime. Ana não sai do lugar, apenas olha-a. Não se contendo com a resistência de Ana, Ellen dá um passo em direção de Ana e puxa-a para junto. Ana não consegue resistir. Sente que precisa de alguém ao seu lado...
Prof. Pece
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Esperando nº da Bibl. Nacional. OBRA: DESENCONTROS DE ANA
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