AS HISTÓRIAS DA LASQUEIRA E DA LOIRA VAMPIRA DE OSASCO
Introito: a Lasqueira é um mito criado em Osasco. Lembrei-me dela dia desses, ao ver uma mulher vestida da mesma maneira que a Lasqueira. Porém essa que vi agora era apenas uma moradora de rua; ela não tinha o charme da Lasqueira de Osasco. Fiz, por licença poética, um encontro virtual entre a Lasqueira e a Loira Vampira de Osasco; outro mito, porém sem o mesmo charme. espero que gostem. Um pouco de fantasia e outro pouco de realidade.
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A “Loira Vampira”, como todo mundo sabe, é personagem de um conjunto de histórias que formam a lenda contada de diversas formas, dependendo da região do país. Dizem que os boatos sobre a tal mulher tiveram início nos Estados Unidos, onde ela é recebe um nome mais glamoroso: “Bloody Mary” (Maria Sangrenta). Segundo contam, a tal loira vivia nos banheiros de um colégio e para invocá-la era preciso dar três vezes a descargas da privada, bater na porta três vezes e só então chamar seu nome. Não creio que a “loira vampira” tenha sido criada em terras estrangeiras; creio que a “invenção” seja brasileira, talvez de Osasco; que depois irradiou para todo o mundo!
Quando eu vivia, e trabalhava, em Osasco (SP), havia a “loira vampira de Osasco”, da qual eu tive testemunhos de pessoas que juravam tê-la visto ou ouvido. Lamento de que eu próprio nunca a tenha visto, ou ouvido. A diferença entre a loira vampira de Osasco e a loira americana, parece que é só no sotaque e na língua falada; tudo o demais parece similar. Lembro-me de amigos que afirmavam, “de pés juntos”, que a loira vampira de Osasco atacava garotos nos banheiros das escolas. Até diziam que só no CENEART (antiga denominação de uma escola de Osasco), a loira vampira havia feito cinco vítimas. A Loira Vampira de Osasco atacava os garotos quando iam fazer pipi: agarrava-os por trás e metia-lhes os dentes na jugular, para beber do sangue deles. Conforme relatos esparsos transmitidos oralmente a este autor, certa vez uma professora de Osasco, dona Emília, de família tradicional; quis acabar com o mito da loira vampira de Osasco. Mês de agosto; avisada de que um aluno da escola em que lecionava havia sido atacado no banheiro da escola poucos minutos antes, dona Emília foi até lá; armada de coragem e de um rosário! Dizem que, de fato, ela se atracou com o ente maligno e depois de muitos tombos e puxões de cabelo, a loira vampira desvencilhou-se de dona Emília , aplicando-lhe uma mordida no cocuruto da pobre e infeliz professora, que veio a desfalecer. Depois de socorrida, dona Emília não se lembrava de nada e passou a ter ausências mentais. Consta-se que, quando a professora acordou depois de um coma induzido aplicado pelos médicos do Hospital São Germano, ela se sentou na cama e deu um grito que ecoou pelos corredores, com muita gente de testemunha. Afirma-se que dona Emília teria gritado: “Oh Lasqueira”; e que teria saltado da cama, quase despida e se rindo com todos os dentes e com os olhos arregalados de louca! Dona Emília nunca mais se curou da insanidade passada através da loira vampira de Osasco. Nos tempos de eu menino, quando morava em Osasco, sempre a via, maltrapilha e sorridente, andando de lá pra cá e gritando seu pregão insano: “Oh Lasqueira!”. Ela gostava de cerveja, carnaval (participava ativamente, ano após ano, do “Concurso de Resistência Carnavalesca”, patrocinada pela novel Prefeitura Municipal de Osasco, que montava uma espécie de octógono no Largo de Osasco, entre a estação Sorocabana e o gabinete do Dr. Herber Ferraz e da Padaria Garoto). A Lasqueira gostava também de crianças e de falar palavras de baixo calão. Devido ao pregão dito a plenos pulmões por todo lugar que passasse, dona Emília passou a ser chamada de Lasqueira, e assim o foi até o fim de seus dias. O curioso que todos a tratavam muito bem; se poderia dizer que ela era uma figura ímpar, popular e respeitada na cidade, embora nunca mais tenha recuperado o juízo. E o pregão da Lasqueira, deixou raízes: ainda é comum encontrar osasquenses repetindo por aí: “Oh Lasqueira”!
- E a culpada dessa transformação na vida da professora dona Emília, caros leitores, foi da Loira Vampira de Osasco; disso eu tenho plena convicção!