Transtorno afetivo bipolar, de Marcelo Bosch Benetti dos Santos - Psicólogo

Marcelo Bosch Benetti dos Santos

Psicólogo

Especialista em Psicologia Clínica

Mestrando em Psicologia clínica

CRP-06/99042

file:///C:/Users/JOSE/Downloads/Transtorno%20Bipolar%20.pdf

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Este artigo consiste na versão revisada do original publicado sob minha autoria no jornal Gazeta de Bebedouro,em 18/06/2015, p. 2. ____________

O transtorno afetivo bipolar consiste em uma perturbação patológica do humor, que ocorre em associação com alterações nos níveis da atividade física e mental do indivíduo. As oscilações de humor caracterizam episódios de hipomania, mania ou depressão. Nos episódios hipomaníacos e maníacos ocorre uma elevação do humor, aumento de energia e da atividade global; nos episódios

depressivos, ao contrário, há um rebaixamento do humor, diminuição de energia e redução dos níveis de atividade.

Para a realização do diagnóstico são necessárias perturbações recorrentes de humor (ou seja, no mínimo dois episódios intercalados por um período de “normalidade” do humor), em que estados hipomaníacos ou maníacos se repitam ou, então, oscilem com episódios depressivos.

A diferença entre hipomania e mania está na intensidade e persistência dos sintomas, bem como na extensão dos prejuízos ocasionados no trabalho e na vida social. Desse modo, a hipomania

consiste em um grau mais leve de mania, além de não ser acompanhada por sintomas psicóticos, como pode acontecer nos episódios maníacos.

Nestes episódios mencionados, além da expansão do humor (euforia) e do aumento de energia e atividade, ocorrem: sensações de prazer e de bem-estar; autoestima muito elevada e sensação de grandiosidade; aumento da sociabilidade e da familiaridade; irritabilidade,

comportamento presunçoso e grosseiro; agitação psicomotora; fluxo acelerado do pensamento e da fala; distração; aumento da libido (energia sexual); diminuição da necessidade de sono; e

impulsividade, com envolvimento em situações potencialmente perigosas, como negócios arriscados e compras compulsivas ou irresponsáveis.

No polo oposto encontra-se a depressão, com episódios que podem ocorrer em três níveis de intensidade: leve, moderado e grave, este último podendo ou não ser acompanhado por sintomas

psicóticos. Em linhas gerais, acompanhando o humor rebaixado, a desmotivação marcante e a diminuição de energia, os sintomas típicos dos episódios depressivos são: rebaixamento da autoestima e da autoconfiança; sentimento de culpa e de incapacidade; diminuição da concentração; agitação ou retardo psicomotor; pessimismo quanto ao futuro; pensamentos de morte, comportamentos autolesivos ou tentativas de suicídio; sono e apetite alterados (em excesso ou

reduzidos).

Ainda, podem haver episódios mistos no transtorno bipolar, em que sintomas maníacos, hipomaníacos e depressivos se sobrepõe ou alternam rapidamente entre si, assim como estados

denominados de “ciclagem rápida”. Neste último caso, quatro ou mais episódios maníacos, hipomaníacos ou depressivos ocorrem em um período de 12 meses, com intervalo de 2 meses entre

os sintomas (mesmo que com remissão parcial).

A causa do distúrbio é complexa e incerta, na qual vários fatores como os genéticos, ambientais e psicológicos podem colaborar. Dentre as pessoas afetadas pelo transtorno bipolar, que usualmente surge na adolescência ou no início da vida adulta, muitas podem apresentar outros problemas, como abuso e dependência de álcool e outras drogas, chances aumentadas de suicídio, transtornos ansiosos, transtornos alimentares e frequentemente transtornos de personalidade.

Diante deste cenário, além da psicoterapia e do tratamento farmacológico (acompanhamento psiquiátrico), ambos geralmente de longo prazo, é imprescindível que o paciente desenvolva várias

atividades ocupacionais e que lhe despertem interesse e prazer. Atividades manuais ou artísticas, como pintura, artesanato e trabalho com argila estimulam a pessoa a estar no aqui e no agora,

favorecendo a concentração e o contato consigo e com o ambiente; compromissos e tarefas cotidianas que favoreçam o autocuidado e a participação no gerenciamento da vida familiar, além

de atividades físicas e momentos de lazer.

Os estados maníacos/hipomaníacos, que são os aspectos distintivos do transtorno, nos remete a uma ideia de triunfo da pessoa sobre as intempéries da vida, ou, ainda, sobre as próprias imperfeições, que, entretanto, ela aprendeu a reconhecer com o abandono parcial de sua onipotência infantil. Esta sensação (ilusória) de tudo poder ou de tudo ser, por mais sedutora que seja, é nociva.

Nesse sentido, a família tem um papel extremamente importante, uma vez que pode colaborar como rede de apoio na recuperação psicossocial do indivíduo. Principalmente nos casos graves do transtorno é comum a pessoa apresentar dificuldades em organizar e planejar diferentes áreas de sua vida, assim como muitas desenvolvem resistências à continuidade dos tratamentos

quando alcançam um estado de maior equilíbrio, negando a gravidade do problema. A família poderá estimular a adesão do paciente aos acompanhamentos, bem como auxiliá-lo em seu processo de autonomia e independência.

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Enviado por J B Pereira em 04/08/2015
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