Segunda-feira - Capítulo 3
Lembrando que todas as coisas meio doidas que vocês encontrarem na história são totalmente invenção minha, ok?
Espero que estejam gostando ;)
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Capítulo 3
Já era quase noite quando Rafael recebeu uma ligação que o surpreendeu. Ele olhou no visor duas vezes, confuso. Depois de uma semana tentando esquecer a noite com Renata ela aparecera por conta própria.
- Renata.
“Estou chegando no seu escritório, precisamos conversar!”
- Mas como você...
“Como eu sei o seu endereço? Ah, Rafael, eu não sei se você sabe, mas eu tenho acesso à internet assim como boa parte da sociedade.”
Rafael sorriu com a provocação. O desanimo que sentira no longo dos últimos dias sumira completamente. Renata finalizou a ligação tentando manter a mesma postura que a fizera decidir que precisava da ajuda pessoa que precisava urgentemente evitar.
Quando chegou em frente ao escritório “Pellegrino & Machado – Advocacia” sentiu-se com vontade de dar meia volta e retornar, mas não teve tempo, pois a porta foi aberta e Rafael a fitou com um sorriso meio cínico. Ela tentou lembrar da raiva que sentia dele, e de como detestava todas as mentiras que faziam parte da história dos dois, mas tudo o que conseguia pensar era em como Rafael ficava sexy de camisa escura.
- Oi Renata, entre. – Ele deu espaço para ela passar.
O escritório de Rafael, ao contrário do que ela imaginava, era bastante simples, mas tinha um toque moderno e decoração que não se encontrava em qualquer lugar. Havia um imenso quadro de um trevo de quatro folhas. E na visão de Renata, parecia um lugar bom de trabalhar.
Ao ver um bebedouro ao lado de uma mesinha com garrafa de café, ela pegou um copo de plástico e bebeu água. Rafael a seguiu com o olhar.
- Hã... – Começou, bebendo sua água em pequenos goles. Ele apontou a cadeira de frente a mesa dele, para que se sentasse. Ela obedeceu. Agora frente a frente a garota não pode deixar de notar que o olhar de Rafael tinha um leve toque de tristeza. “Não pode ser por minha causa.” – Você deve estar se perguntando o porquê da minha visita.
- Confesso que sim...
- Eu preciso da sua ajuda.
- Para que? – Rafael perguntou, curioso.
- Eu tenho que fazer um trabalho sobre Psicologia Criminal, e imaginei que você soubesse algo sobre, ou então tivesse uma noção, não sei. Você já é formado, deve saber alguma coisa.
- Eu estudei sobre isso no 3ª ano da faculdade. – Ele comentou. – Mas foi meio vago, já que não era o foco do semestre.
- Ah, então deixa pra lá, eu já vou indo! – Renata saltou da cadeira, mas Rafael foi mais rápido ao rodear sua mesa, segurando-a pelo ombro. O encontro corporal não calculado foi inevitável.
- Eu disse que meu conhecimento no assunto é vago, mas não disse que não a ajudaria. – A resposta foi dita no ouvido de Renata, que sentiu a respiração começar a falhar. As mãos dela pousaram sob os braços fortes do rapaz e os olhares se encontraram. Rafael sem pensar duas vezes, tentou beija-la, mas Renata se esquivou e soltou a última frase que ele esperava ouvir.
- Eu estava pensando se podíamos ser amigos. O que você acha? - Ela falou tão rápido que mal teve tempo de respirar. Rafael a soltou lentamente. A boca meio aberta, o olhar pasmo. – Afinal... Você vai me ajudar e, bem, você sabe...
- Isso é sério?
- Sim. – Ela respondeu e depois engoliu seco, não sabia porque a reação dele fora tão surpresa. – Por mais que aquilo que tivemos tenha sido realmente especial eu não posso ficar com você.
- Renata...
- Rafael eu não tenho o menor suporte para viver esse tipo de coisa, por favor, entenda!
- Você não tem suporte ou tem medo?
- OS DOIS! – Gritou Renata, com raiva. – O que você queria? Que eu ficasse com você mesmo sabendo do seu noivado? Que tipo de mulher você acha que eu sou?
Rafael a segurou com certa agressividade pelos ombros.
- Eu quero que você admita que me quer o quanto eu te quero!
- NÃO!
Ela o empurrou, respirando descompassadamente. Rafael conseguia aflorar suas emoções facilmente. E não sabia se isso era bom. Ele por um lado sabia que Renata estava certa e deveria aceitar o que lhe fora oferecido. Era melhor do que perde-la por completo. Porém, uma inevitável pergunta passou por sua cabeça “será que eu resisto a ela?”.
- Tudo bem. – Murmurou, depois de um longo tempo calado. – Seremos amigos então, eu não tenho o direito de te cobrar nada. A última palavra fora dita de forma dura.
- Obrigada... – Agradeceu Renata, afastando-se ainda mais de Rafael. – Quando você tiver algum material sobre o meu trabalho, me ligue, ok?
Ele respondeu com um aceno simples de cabeça. Renata foi embora antes que o olhar perdido do rapaz a fizesse se arrepender. E não poderia voltar atrás. Ambos tinham uma vida a seguir, não poderiam deixar uma única noite estregar tudo.
“Rafael um dia irá se casar e esquecer da noite que tivemos. Eu vou seguir a minha vida e é isso...” – Renata olhou pro céu. “Tem que ser isso.”
Depois do encontro no escritório de Rafael, os dois voltaram a se ver uma semana depois. Renata voltava da faculdade mais cedo quando surpresa, viu o carro dele estacionado em frente à sua casa.
- Olá! – Ela murmurou, suavemente. Rafael que estava encostado no carro, sorriu. E como de praxe seu coração deu uma leve disparada com a cena.
- Oi. – Respondeu, segurando uma pasta nas mãos. – Eu consegui o material com a ajuda de um amigo. Todo seu... – Ele entregou a pasta a Renata. – Qualquer dúvida que você tiver, só me ligar e eu explico.
- Obrigada. – Ela olhou a pasta e depois Rafael. – Você está bem?
- Sim... – Deu de ombros. – E você?
- Estou bem. Só meio cansada da faculdade.
- É cansativo mesmo, mas depois é que nem escola, você sente falta.
Renata assentiu e então ambos ficaram em silêncio por algum tempo. Ele viu no olhar dela a luta que travava consigo mesma. Era óbvio que o desejo entre eles era mutuo, mas ela não o permitia entrar em sua vida. Ele não sabia da onde vinha essa necessidade esmagadora de querer estar sempre perto de Renata, mas sabia onde isso os levaria.
- Rafael eu... – Ela começou a falar, mas fora interrompida.
- Não precisa falar nada, eu já vou embora. Boa noite, Renata!
Calada por sua razão, Renata o observou entrar no carro, ligar o carro e partir. Mais uma vez olhou pro céu estrelado de São Paulo e deu um longo suspiro.
“As coisas como têm de ser.” – Pensou, sentindo um vazio que jamais sentira igual.