O romance Memórias de um sargento de milícias: QUESTÃO DE VESTIBULAR.
Considerando o fragmento abaixo, assinale a alternativa correta.
Era no tempo do rei. Uma das quatro esquinas que formam as ruas do Ouvidor e da Quitanda cortando-se mutuamente chamava-se nesse tempo – O canto dos meirinhos –; e bem lhe assentava o nome, porque era aí o lugar de encontro favorito de todos os indivíduos dessa classe (que gozava então de pequena consideração).
Os meirinhos de hoje não são mais do que a sombra caricata dos meirinhos do tempo do rei; esses eram gente temível e temida, respeitável e respeitada; formavam um dos extremos da formidável cadeia judiciária que envolvia todo o Rio de Janeiro no tempo em que a demanda era entre nós um elemento de vida: o extremo oposto eram os desembargadores. Ora, os extremos se tocam, e estes, tocando-se, fechavam o círculo dentro do qual passavam os terríveis combatentes de citações, provarás, razões principais e finais e todos esses trejeitos judiciais que chamava o processo.
Daí sua influência moral.
(ALMEIDA, Manuel Antônio de. Memórias de um
sargento de milícias. São Paulo: Moderna, 1993.)
a) No romance de Manuel Antônio de Almeida, o ambiente social em que transcorre a ação é o Rio de Janeiro. Romance monótono nas suas intrigas jurídicas pela ação dos desembargadores e meirinhos (“gente temível e temida, respeitável e respeitada; formavam um dos extremos da formidável cadeia judiciária”), pode ser considerado um romance de “fórum” por apresentar uma série de debates sobre as leis e as audiências que envolvem a personagem malandra de Leonardo Pataca.
b) Memórias de um sargento de milícias é uma obra que retrata a vida requintada do Rio de Janeiro, personagens populares e da alta sociedade, como desembargadores e meirinhos, documentando debates, costumes diversos, como procissões, vida em família e, principalmente, hábitos de pessoas refinadas que ofereciam festas nos salões aristocráticos.
c) Memórias de um sargento de milícias é uma obra inovadora para sua época e pode ser considerada o romance de costumes do Romantismo brasileiro, que privilegia a cultura aristocrática urbana e seu caráter requintado, mas revela certos costumes das personagens simples do povo, tais como freqüentar festas religiosas e encontros festivos (piqueniques) fora da cidade.
d) O romance em questão é considerado pela crítica especializada o documento fiel de uma determinada época: o período de D. João VI no Brasil e o sinal de mudança da mentalidade colonial para a vida aristocrática, representada pelos costumes da maioria das personagens que compõe a obra, como, por exemplo, a vida em família e os luxuosos bailes na Corte.
e) O romance Memórias de um sargento de milícias apresenta um verdadeiro quadro de costumes, ao retomar o período de D. João VI no Brasil (“Era no tempo do rei; Os meirinhos de hoje não são mais do que a sombra caricata dos meirinhos do tempo do rei”). Transformações e mudança de contexto colonial para a vida da Corte são descritas nas atividades que mostram aspectos da vida social da época, tais como danças, vida em família e eventos religiosos (procissões, por exemplo).
RESPOSTA É A LETRA "E"