Elite Zênite - Cap.1: ESTRANHO ACONTECIMENTO: A MUTAÇÃO
"Eu vou contando as horas
E fico ouvindo passos
Quem sabe o fim da história?
Mil e uma noites no suspense do meu quarto".
Kid Abelha e Abóboras Selvagens
CAPITULO 1
ESTRANHO ACONTECIMENTO: A MUTAÇÃO
Aconteceu no jardim da escola, durante a aula de educação física. Era uma tarde fresca de sol, onde as árvores desprendiam um ar puro e perfeito. Os alunos estavam todos sentados no gramado, praticando exercícios respiratórios, em clima de paz absoluta. Mas a visão de algo estranhíssimo transformou a paz do jardim em terror. Por que todos olhavam para Flox como se vissem um monstro.
Levaram -na ao banheiro feminino, onde ela pode mirar- se no espelho e ver o que havia acontecido de tão grave. A cor de sua pele, inteiramente, fora convertida em um verde lunar, uma cor translucida e surreal. Foi um momento de incredulidade e surpresa. Deslizou as mãos pelo rosto, garganta, então, sua reação foi dizer:
- Isso é incrível... Como será que... Ah, já sei! – ela se virou para as colegas, sorrindo -Peguei um vírus direto do espaço. Eles me pegaram!
- Eles, quem?
- Os marcianos, os malditos marcianos que vi esta noite.
Então contou- lhes uma história absurda que lhe acontecera durante aquela madrugada, na qual estava espiando o céu através de seu telescópio, algo típico nas noites de insônia. O trânsito celestial dava sinais de calmaria, as estrelas emitiam um brilho sonolento, os astros estavam escondidos em suas galáxias. Seu olho focalizou um ponto verde no céu, luminoso, que se movia sorrateiramente no céu. Ela seguiu a trajetória do estranho viajante celeste, tentando identificar o que era. Nunca vira nada parecido antes. Nada parecido com uma estrela, ou cometa. Depois de algum tempo, ele ficou imóvel, piscando. Então aquele ponto cresceu, cresceu de tal forma que ocupou toda a circunferência da lente, e ela só pode perceber que ele lançou algo em sua direção quando um raio cósmico transpassou sua cabeça, um raio glacial e doloroso que congelou todas as partículas de seu cérebro. Ela tinha caído em um transe que durou até o amanhecer, mas ao acordar no chão, pensou que tudo fosse um sonho. Mas agora tudo fazia o mais absoluto sentido.
- Você estava normal ainda há pouco - alguém falou, em dúvida.
- O efeito duma praga cósmica nem sempre pode ser instantâneo. Ele deve ter levado algumas horas para se completar. – ela disse de forma profundamente meditativa.
- E o que era o ponto verde no céu? Uma nave espacial?
- Não sei. Pode ter sido um satélite com ondas radioativas. Mas não tenho certeza.
- Você disse que eram marcianos.
- Posso ter me enganado sobre isso, mas isso com certeza é um vírus.- disse, estendendo o braço verde para a frente.
As garotas recuaram para traz, temendo que fosse contagioso. Flox, sentada na pia de mármore, olhou- as ironicamente.
- Não acreditam em nada do que que eu disse, mas tem medo de se contaminarem?
- O que você espera de nós? Isso tudo é muito estranho.
- Você está estranha.
- Eu estou adorando isso – respondeu ela, sorrindo.
A professora entrou no banheiro.
- Flox, ligamos para sua mãe, e ela veio ver você.
Ela atravessou a porta quase saltitando, passando alegremente por entre as garotas incrédulas.
- Isso deve ser um truque barato pra nos enganar.- disse uma delas á suas costas- Ela deve ter bebido qualquer coisa que faz mudar de cor.
- Ela pensa que somos idiotas!
- Monstrenga estúpida...
Enquanto isso, a mãe de Flox soltava gritos de quebrar mil espelhos ao ver seu estado.
E a cor não desapareceu com o passar dos dias, como alguns esperavam.
Os exames médicos, no entanto, mostraram algo diferente de um vírus espacial. Era uma anomalia cutânea da classe das púrpuras, mas sem um gênero específico, causada por um elemento misterioso que alterara as plaquetas de seu sangue, mas desparecera sem deixar vestígios. Como se após a mutação da pele, o vírus simplesmente evaporasse.
Ou continuasse existindo e agindo invisivelmente, preservando oculta a sua identidade diante das análises médicas. Como um vírus fantasma... Um vírus cósmico- fantasma...
Para a medicina, a praga não tinha um diagnóstico definido, pois para isso seria necessário estudar seu elemento transmissor.
Então seus pais, professores, colegas e amigos tentavam faze-la confessar o que havia de fato acontecido, mas a resposta era sempre a mesma.
Tudo o que estava acontecendo era inédito demais, incrível demais. Zókita estava possuída por um tipo de febre incomum, que ardia em sua mente o tempo todo.
Ela ficava deitada, observando a própria pele á luz da lua, e sentindo uma coisa inexplicável. Parece que havia se transformado em uma nova pessoa. Mais inteligente, mais viva, mais forte. Até mais bela. Seu novo tom de pele, verde lunar e translúcido, era um contraste com os cabelos e olhos escuros. Dava nitidez ao seu olhar, e deixava o seu cabelo mais brilhante. Não era exagero não. Ela sentia-se mais fantástica do que nunca.
[A VERDADE QUE NINGUÉM CONHECIA...]
Mas secretamente, a origem da doença não estava nada relacionada ás contemplações lunáticas de uma madrugada. Ela tinha provado, pela primeira vez na vida, cogumelos tóxicos que comprara numa feira de contracultura, que visitou numa noite de aventura. No pacote do cogumelo estava escrito que ele continha substâncias alucinógenas, mas o vendedor se mostrou hesitante quando ela disse que iria comprar. Como se fosse coisa pior.
Ela ficou satisfeita com isso, e quis saber mais detalhes. Ele murmurou baixinho que era um produto exportado das ilhas da Groenlândia, e que ainda não havia sofrido experimentos. Então comprou, e comeu, e fez uma viagem incrível através dos efeitos causados em seu cérebro. E em algumas horas as bactérias dos fungos infectaram, de algum modo, sua epiderme, dando-lhe aquela tez extraordinária. Pura sorte.
Essa nova fase de sua vida trazia- lhe sentimentos e ideias diversos. Ela tinha consciência da verdadeira origem da sua doença, mas improvisara realmente uma explicação maluca para ela, com intenção de fazer uma brincadeira. Se todos acreditassem, ela diria a verdade. Mas como a reação fora inverso, havendo recebido críticas e zombaria da sociedade, ela sustentava a história com obstinação.
A segunda ideia, ou sentimento, chamava- se justiça. Ela se questionava o por que de, sendo uma cidadã livre, não ter o direito de possuir uma tez de estilo próprio. Por que não poder ser verde?
O terceiro sentimento se chamava autenticidade.
Não se podia esperar algo diferente de uma garota viciada em ficção científica. Uma colecionadora de livros de astronomia, viciada em séries como "Star Wars", "Futurama" e "X- men". Alguém que construíra seu próprio telescópio, prestaria exames para ingressar na universidade de Astronomia e que tinha planos de trabalhar na NASA. Não era nada espantoso que alguém como ela pensasse dessa forma