A ORDEM DAS VALQUÍRIAS - Epílogo

EPÍLOGO

Em meio aquela confusão era possível ouvir o crepitar das chamas consumindo tudo aquilo que significava algo para ela, seus sonhos, suas lembranças, sua vida.

Era possível ouvir os remos batendo na água atrás de si, seus esforços não foram em vão, conseguira salvar suas irmãs outra vez.

Sentiu sua pele sendo tocada pelo fogo e decidiu que havia chegado o momento do seu descanso, seu sacrifício obtivera um bom resultado. Viu através das chamas mais armaduras douradas se aproximando e caiu com o joelho esquerdo no chão. Aqueles soldados entenderam que esgotara toda sua vontade de lutar e que deveriam por um fim honroso àquela vida de batalhas. Foi então que o primeiro soldado, protegido dos pés a cabeça por puro ouro, ergueu sua espada e desceu num golpe misericordioso.

O som de metal contra metal ressoou por todo o campo de batalha, por um instante, atraindo todas as atenções. Ela havia caído com um joelho no chão, não para se render mas para resistir melhor ao choque do primeiro ataque. Sentiu um formigamento no braço esquerdo quando bloqueou com o escudo o golpe inimigo, a partir deste momento sentiu absolutamente nada. Não existia mais dor, seja ela provocada pelas chamas ou por seus ferimentos. Num contragolpe, Freya espetou sua espada na abertura, próximo as axilas, da armadura do inimigo, assim tombou o primeiro soldado. O que vinha logo atrás investiu, mas Freya rolou para o lado e ergueu-se rapidamente cravando sua lâmina no pescoço do guerreiro. Vendo que dois dos seus caíram diante de um inimigo moribundo, todos se precipitaram a atacar, gritando e golpeando ferozmente. Freya bloqueava, rodopiava, atacava e gritava mais alto que todos eles. Os soldados das fileiras que se seguia começavam a hesitar, a mulher parecia dançar, tinham a impressão de que Freya possuía uma aura divina ao seu redor. Dez, quinze, vinte soldados da elite do exército da luz, a Legião Aurum, já haviam sucumbido diante daquela dança da morte, digna de uma deusa. O pavor estampava os olhos daqueles homens quando seu comandante interveio e ordenou que cessassem o ataque.

Príncipe Fenrir abriu caminho entre seus homens até que pudesse ver o rosto daquela que causava tantos danos ao seu exército. O escudo já não se via mais em seu antebraço, da lâmina gotejava o sangue do inimigo, em suas vestes haviam cortes que exibiam as feridas em seu corpo, seu rosto estava coberto por cinzas que se misturaram ao sangue que ela já não sabia identificar se era dela, de suas irmãs ou de seus inimigos, por fim seus cabelos longos e dourados refletiam a luz cálida das chamas enquanto uma leve brisa fazia com que eles se movimentassem suavemente.

Diante de seus olhos, ao seu alcance estava o motivo por qual ela rejeitara o repouso eterno e escolhera a tormenta das batalhas, o motivo por qual, mesmo concluindo sua missão de conseguir tempo para a fuga de suas companheiras, continuou lutando sob aquela lua. De repente seu corpo, que havia perdido qualquer sensibilidade, sentiu algo. Um sentimento inflamado pelo ódio, que a consumia por dentro e, numa explosão provocada pelo ápice da sede de vingança, investiu contra o príncipe.

R Martins
Enviado por R Martins em 14/02/2015
Reeditado em 30/01/2016
Código do texto: T5136639
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