VALQUIRIA V
VALQUÍRIA VAI À CAVERNA DAS ALADAS
Nas idas e vindas, pelos lugares de voo rasante ou em grande altura, a menina queria aumentar suas asas. Num desses voos sobre os verdes matos, ele avistou um colorido par de asas que se abriam e se fechavam lentamente como se fosse um leque colorido. Ela deu meia volta, pairou sobre a enorme árvore e descobriu que era uma linda e grande borboleta colorida
Valquíria já alada, almejou ter quatro asas e não apenas duas.
Ela recorreu aos seus livros secretos e com muito custo, muita leitura, entrou no mundo das mariposas, dos colibris e somente quando visitou o paraíso das borboletas ganhou mais duas asas dianteiras. Lindas. Não são cinzas como as duas que já tinha. São como asas de borboletas mesmo!
Agora ela precisa apresentar ao seu mundo as suas duas novas asas. E voou. Voou. Fez rasantes, sobrevoou as avenidas, as cidades, os mares, as montanhas, as plantações, mas como a menina Valquíria não é vista por qualquer pessoa, sentiu a necessidade de ir até a montanha, pelos lados do nascente e ali sim, encontrou um lugar onde supostamente alguém podeira ver o brilho e esplendor de suas asas. Era uma pequena caverna. Sua entrada era um amontoado de pedras grandes com outras pedras menores lacrando os espaços impedindo a entrada de luz. A caverna era uma espécie de clube das meninas voadoras. Tudo bem arrumado, vigiado e limpo.
No mundo das meninas aladas é tudo muito diferente. Elas se falam enquanto voam, elas se comunicam com sinais e malabarismos. Elas contam as histórias enquanto fazem zigue zague.
Porém, quando ela adentrou o recinto algo não lhe pareceu bem!
Uma outra menina alada por nome de Branca, a recebeu na entrada da caverna.
Branca, como o próprio nome já diz, é uma menina branquinha de olhos bem azuis, cabelos louros e ondulados. Usa vestidos longos, cor de rosa, e sempre tem nos cabelos uma tiara de flores vermelhas, amarelas e azuis. Branca, ao contrário de Valquíria não tem asas coloridas. Ela ainda tem as asas acinzentadas e o colorido das asas de Valquíria lhe causou uma certa inveja. Branca não gostou de ver a amiga neste glamour e lhe deixou transparecer pelo semblante que sua presença não era muito agradável. A menina Branca chamou seus aliados. Eram meninos guardiões da gruta. De porte pequeno, de roupas verdes, antenas grandes e barulhentos, vieram vorazmente ao lado de Valquíria, incentivados pela inveja de Branca, um deles com muita força arrancou um pedaço da asa nova esquerda, deixando Valquíria em condições péssimas de voo. Percebendo que poderia ser pior, se arrastou até a porta da caverna e voou. Num esforço muito grande ela voltou pra casa. Entrou no seu quarto, começou a ler seus livros. Desta vez à procura de uma maneira de consertar suas asas coloridas. Leu, releu. Em vão. Lembrou de outra amiga. A amiga Beatriz que conheceu a pouco tempo mas já se entendem em matérias de viagens, de voos, de sonhos...
A menina Valquíria fortaleceu a amizade com Beatriz e elas conversaram muito naquela noite.