Ela acha que me conhece
Brincar lá fora é perigoso, não dá para ir sozinho. E lá fora com a mãe é o maior mico.
Comer batata frita todo dia faz mal à saúde, brócolis e cenoura é saudável.
Dormir até tarde não dá para aproveitar o dia e a noite não tem programas na TV para minha idade. Se bem que me amarro em filmes de adultos.
O cinema fica longe. Para assistir custam três entradas, combustível e lanche. Na locadora não tem todos que eu gosto.
Vídeo-game e internet demais causa problemas nas vistas. Deveriam inventar uma tela especial para resolver isso.
Meu amigo pode vir a minha casa, mas não todos os dias. Tenho outros compromissos.
Converter a mesada em doces faz mal para os dentes e além do tratamento custar caro, aquela cadeira do dentista dá medo.
Cortar cabelo é muito chato. Espero um tempão para chegar a minha vez e ainda não fica do jeito que eu gosto. Não sei nem para quê. Eu queria mesmo era deixá-lo bem grande. Mas aí tem que esfregar muito bem com shampoo.
Já sou grande o suficiente para pegar o ônibus. Melhor olhar para minha mãe que para o cobrador.
Quem foi o designer que bolou este uniforme. Deveria estar numa crise daquelas. Esta blusa de frio nem esquenta muito. Tenho que agüentar o sol na careca porque não posso freqüentar a escola de boné. Nem se for o que meu pai me deu de presente.
Ninguém ouve MPB. Curto as outras músicas também, mas ninguém comenta nada sobre MPB.
Animal de estimação dá trabalho e não cabe em lugar nenhum da minha casa. Só se for um peixe. Ah! Peixe? Peixe não faz nada.
Meu irmão é lindo. Mas não dá para ficar na minha sem que ele apareça e faça um monte de perguntas.
Dever de casa. Ai! Para quê? A professora não cansa de me dedurar. Tem que ser feito. O castigo é justo.
Para onde vou sábado? Queria ser três.