Mais que uma garota; Cap.4 - Apenas o começo.

Irmã Adelar rapidamente entrou no internato e eu a segui a alguns passos atras reparando em tudo, quando eu passava por algum grupinho ouvia risadas e cochichos, mas não poderia afirmar que era sobre mim, então tratei de não me preocupar com isto e não me importar.

Chegamos a uma sala e ela pediu que eu esperasse do lado de fora, me sentei em um confortável sofá que se encontrava ali e aguardei, em um dado momento me senti sendo observada, olhei e era uma garota hum... digamos que robusta, baixa de olhos azuis, cabelos nem lisos, nem ondulados extremamente cheios.

“ Oi, você também é nova aqui né?, mas é claro que é, está estampado na sua cara, você vai amar isso aqui, a minha prima estuda aqui e disse que eu amaria esse lugar, mas como não amar, ele é lindo, não é verdade?, aí você é tão lindinha com esse ursinho, tomara que sejamos colegas de quarto e alias meu nome é Dakota qual o seu?”

Ela falava tão rápido que só podia acompanhar o abrir e fechar de sua boca, que me mostrava dentes com aparelhos, então ela ficou me encarando com expectativa e acho que ela havia me feito alguma pergunta.

“Desculpa...?”

“Eu disse que meu nome é Dakota qual o seu?, você me entende?”

“Sim... é April, mas me chame de Helena por favor.”

“Hum... ok, Helena é legal.”

Dakota levantou-se e se jogou do meu lado, tirando Ferrugem das minhas mãos e o virando de um lado para o outro.Puxei-o de volta, fuzilando-a com os olhos, a tal Dakota já estava me irritando.

“Nunca mais faça isso, ele é meu e só eu posso tocá-lo, ninguém mais, estamos entendidas.”

“Sim senhora, digo sim.”

Dizendo isto tratou de se afastar e ficar o mais longe possível, quando uma senhora elegante saiu da sala a qual irmã Adelar estava, Dakota tratou de correr na direção dela, sem nem me olhar novamente, ótimo, eu sei causar boa impressão.

O que pareceu muito tempo depois irmã Adelar saiu, logo atrás dela vinha uma jovem, devia ter uns vinte e poucos anos e sorria para mim, continuei encarando e esperando fosse lá o que iria me ser dito.

“Helena esta é a senhorita Ramirez, ela é a bem feitora que lhe concedeu uma vaga no internato.”

Encarei a tal senhorita Ramirez, loira de olhos castanhos claros, muito bem vestida e tinha uma cruz dourada no pescoço, ela se passaria por qualquer uma das irmãs do convento facilmente.

“Então Helena o que se deve dizer diante de tamanha generosidade?”

“Obrigada.”- Disse séria só para poder agradar irmã Adelar.

“ Não há de que Helena, aliás estive conversando com irmã Adelar e por você ser um caso especial, poderá ficar no internato hoje, os alunos só ficam realmente apartir de amanhã, mas poderá conhecer seu quarto hoje e permanecer no internato.”

Com caso especial eu só escutei, por que você é órfão e blá blá blá, você é órfão. As duas começaram a andar e as segui, de vez em quando perguntas eram dirigidas a mim, como por exemplo oque eu achei da decoração. Vejamos, eu poderia dizer que abusaram de mais da cor verde, mas tudo bem, por que tirando o verde só se via a cor branca. Mas, só disse que era bonita, muito bonita, ao que irmã Adelar aprovou e senhorita Ramirez me pareceu satisfeita.

Paramos de frente a uma porta adivinhem, verde... claro, número sete A; Senhorita Ramirez tirou uma chave de um molho de chaves e abriu a porta, me mostrando um quarto que de verde só tinha uma plantinha em cima da mesa que ficava próxima a janela, que alias era enorme e pegava quase que a parede toda, haviam duas beliches uma de cada lado da parede e no centro alguns pufes, tudo em tom rosa e lilás, também haviam armários embutidos e um pequeno banheiro, achei melhor que os dois que já tive e fiquei um pouco assustada por saber que haveriam mais três garotas no mesmo quarto que eu.

“Então o que achou?” – Senhorita Ramirez perguntou com expectativa.

“Legal.” – respondi sincera.

“ Só legal?” – ela me pareceu brincalhona.

“Muito legal..?”

“Ok, vou me contentar com muito legal e vou deixar voces se despedirem, estarei na minha sala quase precisem falar comigo e Helena, seja bem vinda.”

Assim que ela saiu fechando a porta irma Adelar assumiu uma postura mais séria e foi até a janela olhando a vista, que aliás era linda, um final de tarde alaranjado, cobria os jardins do internato.

“Sabe Helena, espero realmente que aproveite a oportunidade que está recebendo e se torne alguém de valor, pois eu sei que você mesmo difícil de lidar algumas vezes, apenas tem momentos que se sente perdida e não sabe exatamente o que fazer, mas espero que convivendo com adolescentes da sua idade, aprenda e se torne uma pessoa admirável.”

Apenas ouvi e aguardei que ela terminasse, eu não podia deixar de concordar com o que ela dizia, mas não demonstraria de forma alguma, em algum momento ela se deu conta e parou com o discurso, então ficou me encarando e sem mais, andou até mim e me abraçou, apertado, como antes eu havia feito no táxi e foi bom ser abraçada mais uma vez em tão pouco tempo, percebi que irmã Adelar chorava e chorei também, de hoje em diante minha casa será aqui.

“Cuide-se Helena.”

Assim irmã Adelar saiu me deixando sozinha com meu quarto novo, que seria de mais três garotas, meus pensamentos, meus anseios e minhas lágrimas. Deitei na cama de baixo de uma das beliches e logo o cansaço da viagem dominou-me, senti meu corpo relaxar e minhas pálpebras pesarem, permiti que o sono me dominasse e me levasse para a escuridão que me traria sonhos ou pesadelos, não me importava, a única coisa que realmente me importava era se o internato me traria sonhos ou pesadelos... e sim, eu estou com medo independente da resposta.

o/

Debora Costa
Enviado por Debora Costa em 19/01/2015
Código do texto: T5106524
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