Mais que uma garota; Cap.3 - Um urso é melhor que um celular; Certo?

Quando estava chegando a saída meus olhos de esterco não acreditavam no que viam, todas as irmãs estavam me esperando, uma ao lado da outra e cada uma tinha uma rosa na mão, eu amo rosas principalmente as vermelhas, tão belas e tão exuberantes, aliás as das irmãs eram brancas, mas só o simples fato delas estarem aqui já foi o suficiente para meus feios olhos cor de burro quando foge se encherem d'água. Fui passando por elas e ouvindo as palavras animadoras que me davam junto com uma rosa, na última irmã eu já tinha quase que o suficiente para formar um buquê, olhei para todas elas e disse simplesmente obrigada, mas sei que era o suficiente, pois se tentasse dizer qualquer coisa mais, não conseguiria.

Irmã Adelar conseguiu um vaso onde coloquei minhas rosas, eu fiquei tão feliz com o pequeno gesto das irmãs, que comecei a desconfiar que talvez a vida não me odiasse tanto e estivesse reservando apenas coisas maravilhosas para mim de agora em diante e quer saber vida, eu vou colaborar e aguardar; Um táxi nos esperava na porta do convento, talvez o tal internato fossem a alguns minutos dali, isso eu pensei antes de passar mais de uma hora no táxi, então deve ser a algumas horas, mas quando o motorista estacionou em frente ao aeroporto meu queixo caiu e meus olhos se arregalaram, eu não devia estar parecendo muito bela, mas certamente devia estar bem surpresa, o tal internato certamente que era no fim do mundo.

Eu olhava para tudo e irmã Adelar não estava muito disposta a responder as minhas perguntas como sempre, logo estávamos esperando para embarcar e comecei a desconfiar que eu tinha medo de avião, como não tinha escolha fui com medo mesmo, mas quis parecer forte e não demonstrei... muito. O avião começou a decolar e eu agarrei a minha poltrona da melhor maneira que pude e fiquei feliz ao perceber que irmã Adelar parecia quase que azul, comecei até a me sentir melhor e mais confiante.

Em um dado momento foram servidas refeições e fiquei muito feliz ao constatar que tinha suco de uva mesmo que em caixinha, se eu tenho uma paixão que levo muito a sério é beber suco de uva, eu era uma criança feliz com meu suco, quando vejo uma garota me observando, ela era negra de longos cabelos cacheados com mechas loiras e parecia ser muito alta mesmo sentada, ao perceber que eu também a observava, ela sorriu me mostrando dentes incrivelmente brancos e eu fiquei sem saber o que fazer, então sorri um sorriso bem sem graça sem mostrar os dentes, o que deve ter ficado parecido com uma careta ou qualquer outra coisa, menos um sorriso.

De repente me sente extremamente sem jeito a relação a mim mesma, a garota era linda e parecia ser o tipo de pessoa que sabe ser sociável que todo mundo quer ser amigo e mesmo com defeitos são defeitos que a fazem mais legal ainda, mas e eu?; Como eu seria vista, o que as pessoas pensam quando olham para mim, meu estomago revirou e meu precioso suco de uva, havia perdido totalmente o interesse, eu na verdade havia perdido o pouco interesse que me restava em mim mesma.

Virei para o lado contrário ao da garota para que ela não pudesse reparar mais em mim ou eu nela, queria poder não me preocupar tanto com a minha imagem, mas eu não sou bonita, não sei começar uma conversa, não sei o que garotas da minha idade fazem ou pior o que elas não fazem, olhei para Ferrugem no meu colo e olhei disfarçadamente para a garota bonita do outro lado ela deve ter a minha idade e estava rindo e mostrando algo em seu celular para um homem que gesticulou algo como depois. Tudo bem, eu nem sei como se usa um celular e não estou disposta a abrir mão de Ferrugem nunca ele e Tommy, são meus melhores amigos, mesmo se tratando de um urso e um diário, é acho que eu tenho problemas.

A viagem foi longa acho que durou umas seis horas, eu sei que comi, dormi, acordei, banheiro, comi, dormi e foi praticamente isso, até que finalmente aterrissamos e eu mal sentia minhas pernas, esperei a bagagem chegar junto com irmã Adelar e pude ver que a garota bonita já havia pego, hum... as muitas bagagens dela que eram empurradas por um empregado, eu acho, a garota ainda mexia no celular e o homem que pude reparar melhor era a versão dela mais velha e masculina, então só podia ser o pai, que mais uma vez estava ao celular.

Vi minha misera, humilde e surrada mala chegar e comecei a pensar que ela se parecia comigo e que provavelmente era assim que os outros me viam, mas eu não podia fazer nada para mudar isto, a minha mala por mais que eu deseje que ela seja diferente ela não vai mudar e assim sou eu, certas coisas só acontecem na nossa mente e na minha mente, eu era uma garota elegante , linda, sociável e ter um urso de pelúcia aos quatorze anos, era normal e até legal, no mundo real, desconfio que não.

Pegamos mais um táxi e cerca de quase uma hora depois, começamos a chegar próximo de um local que parecia ser coberto por verde, então ao passarmos por enormes portões de ferro, vi uma mansão tão grande que poderia ser um castelo e tão elegante que não poderia ser um castelo, foi amor a primeira vista e pelo menos naquele momento eu estava cheia de uma alegria só por saber que o local com cara de prisão que eu esperava não existia, mas sim um lugar que parecia ter vindo direto dos meus sonhos.

Eu chorei de alegria e abracei irmã Adelar como nunca havia feito, ela pareceu surpresa e até amedrontada de inicio, mas depois retribuiu e ficamos assim até o motorista estacionar e eu notar a garota bonita conversando com um grupo de garotas e garotos que também pareciam geneticamente impossíveis de existir de tão bonitos e novamente um temor me cercou, mas tratei logo de espantá-lo, se alguém disser algo que seja como eu parecia orgulhosa abraçado ao meu querido Ferrugem.

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Debora Costa
Enviado por Debora Costa em 09/01/2015
Código do texto: T5095700
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