UM VAMPIRO DE PRSENTE DE NATAL
No começo, não foi tão fácil conviver com o tio Sandro, ainda mais depois da vovó descobrir que ele era um vampiro.
Tudo começou numa noite de natal, quando alguém tocou a campainha e a vovó foi ver quem era. Um moço muito pálido e estranho, sorriu para ela de um jeito... assustador. O moço só fez entregar um pequeno bilhete à vovó e entrar na casa. No tal bilhete dizia: "cuide bem dessa criança".
Eu fui perguntar à vovó quem era aquele homem, mas acho que nem ela sabia, porque demorou um tempão pra me responder. Aí depois aquele moço tirou um tanto de balas do bolso e me perguntou:
- Você gosta de doces?
E eu respondi que não, porque a vovó disse que as crianças não devem aceitar coisas de estranhos.
Então a vovó serviu uma xícara de café, com certeza ela percebeu que o moço estava pálido de frio. Depois eles foram ter uma conversa lá na cozinha. É claro que eu também quis ouvir! Mas por algum motivo a vovó não me deixou participar da conversa, acho que ela não queria que eu me aproximasse de um estranho.
Horas depois, a vovó volta com o esquisito. Ela me disse que ele era um irmão distante meu e que ia morar com a gente por um tempo. E ele veio me abraçar e disse:
- Dá um abraço aqui no tio!
E começou aquela discussão...
- Como assim? nós não combinamos que você seria irmão dela?
- O quê? eu nunca concordei com isso!
Daí, o tio Sandro passou a morar com a gente, sim, eu preferi chamar ele de tio. E por causa disso, as pessoas estranhavam quando perguntavam a ele:
- O que ela é sua?
- Irmã.
E eu chegava e dizia:
- Bença tio.
Então perguntavam:
- Como você pode ser tio da sua irmã?
Tio Sandro vivia fazendo brincadeiras como: tentar morder nossos pescoços enquanto dormíamos, cortar o pulso e beber o sangue e até tentou morder o gato da vovó, mas ela o puxava pela orelha e dizia: "não faça isso, menino malcriado!" Uma vez eu caí da bicicleta e ralei o joelho e o tio Sandro disse que para o sangue parar de correr era só lamber o machucado, eu tentei e vi que não era muito bom. Sangue é ruim, porque tem gosto de sangue.
Outra vez, a vovó cortou o dedo num espinho de laranjeira e o tio Sandro quase engoliu o dedo dela, só não engoliu porque a vovó nunca aturou essas brincadeiras e deu uns beliscoes nele. Quase sempre ele fazia isso e eu nunca entendia o porquê. E sempre que eu perguntava à vovó sobre o passado do tio Sandro, quantos anos ele tinha e por que estava morando com a gente, ela não dizia nada.
Só quando eu fiz dez anos, foi que a vovó resolveu me contar toda a verdade: que o tio Sandro não era nem tio e nem irmão meu, e sim um vampiro e que estava tentando se integrar na sociedade e tal... Como se eu nunca tivesse percebido.