A Lua, Vista Por Um Menino Caipira
Na humilde casinha da colônia da fazenda de café, a mãe, filhinho nos braços, conversa com as comadres, sobre as questões comuns.
Dali, o filhinho contempla a lua, pairando sobre o morro do angical.
-Banana; sussurrou ele!
A mãe e as comadres acham muito esquisito aquilo e, incontinenti, dizem:
-Ave Maria!
A mãe se preocupa, balança o filhinho; este sorri e diz mais uma vez:
-Banana!
A comadre Benvinda sai num carreirão pra casa e volta com uma banana, já um tanto passada do ponto.
A mãe descasca a banana e a dá ao filhinho, introduzindo-a na boca do rebento.
O filhinho faz um muxoxo; tenta iniciar um choro.
A comadre Nair corre até sua casa e traz outra banana, bem madura, no ponto.
Mais uma vez o menino caipira faz cara de nojo e principia um chororó.
Alguém se lembra de chamar a Sá Zefa, para benzer a criança; afinal ela nunca havia falado antes: - nenhuma palavra!
A benzedeira traz um ramo de arruda e bate com ele três vezes nas costas e três vezes no peito do menino. Depois, sussurra uma ladainha, faz o sinal da cruz na testa do menino e vai embora, sem dizer uma palavra.
O menino agora parece mais calmo e começa a dormir. A mãe leva o filho para o quarto, aninha-o e beija-o, deixando-o dormir. Volta ao terreiro da fazenda para continuar a prosa com as comadres.
Lá, no alto do céu, a lua minguante, brilhante e dourada, exibe uma banana madura que ilumina o terreiro da fazenda e as comadres, que não se apercebem da visão que o menino teve... .