O Rio da Juventude
Conta-se que um homem muito rico mandou chamar imediatamente seu conselheiro e sentenciou: “Exijo a presença das cabeças pensantes do meu império, com o propósito de desenvolver algo a fim de restabelecer minhas forças. Tenho tudo ao meu alcance, exceto a energia física, pois os anos foram impiedosos neste sentido e preciso recuperar meu fôlego para ganhar mais e mais dinheiro.”
No outro dia vários membros se aconchegaram na sala de reuniões. O debate entrou pela noite; aventaram todas as possibilidades, mas não chegaram a conclusão alguma. O milionário entrou em desespero, seu rosto chegou a ficar vermelho de tanta ira, até ser aconselhado a descansar em seus aposentos enquanto buscariam uma solução.
A notícia de um velho adivinho, morador de um bairro pobre da província, chegou aos ouvidos do conselheiro, e este, valendo-se de toda a sua autoridade, ordenou que o trouxessem para uma conversa particular.
O velhote tinha um aspecto de extrema miséria, mas seus olhos irradiavam a luminosidade dos sábios.
Ao tomar conta do desafio, ele próprio sentou-se à cabeceira do homem em estado de repouso e sussurrou: “Faça uma viagem à Indonésia, especificamente à ilha de Java. Lá o nobre encontrará marginando as vertentes do Monte Semeru – conhecido como a morada dos deuses -, o rio Pemuda Sungai, popularmente chamado de Rio da Juventude”.
“Banhe-se em suas águas místicas – continuou o velho -, mergulhe inúmeras vezes até a exaustão. Só retorne à sua terra natal quando conseguir ler a mensagem expelida pela garganta do próprio Monte, em forma de cinzentas fumaças.”
O homem além de rico, também era culto. Lera algum artigo sobre o tal monte e sabia ser um poderoso vulcão prestes a entrar em erupção.
Entendera o recado do experiente visionário. Não valeria a pena correr tamanho risco no intuito de angariar mais fortunas.
O Rio da Juventude estava ali, bem próximo dele: eram as pessoas simples do seu lugar. Em prol delas dividiria o seu montante.
Isto certamente o faria rejuvenescer.