O Talismã da Amizade

Dois meninos brincavam de escavação e elegeram como ponto de suas fantasias o terreno abandonado próximo à corredeira do rio. Levaram pás e enxadas de seus pais agricultores e começaram a volver a terra, em busca de antiguidades, movidos pelo aprendizado da aula de História. O capítulo mais empolgante tratava-se da descoberta de grandes tesouros e objetos valiosos originários de civilizações perdidas.

Demóstenes e Ludovico eram os dois aventureiros a “fuçarem” a terra, incansavelmente, embalados pela magia estampada na gravura dos livros, onde reluziam artefatos construídos por uma geração há muito varrida do planeta.

O som metálico provocado pelo atrito das ferramentas com as rochas, a areia teimando em deslizar pelo barranco, a tenacidade da chuva tornando o barro escorregadio e o acesso difícil, nada, nada esmorecia a animosidade dos dois escavadores.

Suas atitudes diárias aconteciam sempre após a revisão dos estudos aplicados no período da manhã; prolongavam a tarde buscando o fruto de sua rica imaginação e deixavam o local quando a escuridão envolvia tudo ao redor, os grilos regiam a orquestra, a mataria refletia qual uma malha de prata, banhada pelos raios lunares.

Persistir nos ideais é margem segura para o sucesso e, certo dia, após inúmeras tentativas, a alavanca arremessada com toda a força abriu uma fenda na rocha, fazendo saltar de seu miolo a miniatura de um boneco entalhado numa mistura de madeira e argila.

A estranha criação tinha corpo de menino, desenhos de olhos, boca e nariz de belo traço. O que chamou mais a atenção dos dois descobridores, entretanto, foi o formato das mãos, minúsculas, pareciam festejar algo, separadas uma da outra no mesmo alinhamento, porém, como se estivessem a bater palmas, dando a entender que celebravam algo com bastante entusiasmo.

Os dois amigos guardaram tal segredo para o resto de suas vidas e tornaram sua descoberta em um amuleto da sorte, simbolizando a determinação de todas as suas conquistas, ao mesmo tempo em que selava uma duradoura e infindável amizade.

Eis aí o maior tesouro!

Rui Paiva
Enviado por Rui Paiva em 06/10/2014
Código do texto: T4989261
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