A Melhor Jogada
Quando a sineta soava anunciando a hora do lanche, a meninada corria rumo ao pátio, próximo à lanchonete e à quadra de esportes. De todos os grupos formados, Alfredinho preferia a turma que lidava com o futebol de salão.
Era habilidoso com a bola e era sempre disputado pelas equipes. Sonhava ser um jogador profissional e seguir o exemplo de grandes ídolos da modalidade.
Nas competições oficiais era o maior destaque, seus pais orgulhosos vibravam a valer nas arquibancadas.
Ao completar quinze anos foi procurado por um “olheiro” de um grande clube e, sem a permissão dos pais, resolveu abandonar os estudos para seguir a carreira desejada.
Mudou de cidade para achegar-se mais à sede da agremiação e ficou morando ali mesmo, em seus alojamentos.
Os pais foram visitá-lo no sentido de tentar convencê-lo a retornar aos estudos, mas o rapaz mantinha-se irredutível, contrariando os esforços do casal.
“Meu filho, vida de jogador é muito incerta e, além do mais, é de curta duração”, falou o desesperado pai em tom apelativo.
“Alfredinho, nossos corações ficaram partidos após a sua decisão”, confessou a mãe angustiada.
O jovem, entretanto, persistia em sua resolução. Vislumbrava um mundo onde navegaria em dinheiro, seria uma celebridade, a fama uma questão de tempo.
Acontece que em um dia chuvoso, campo pesado e escorregadio, sofreu uma grave contusão no joelho, impossibilitando-o de jogar futebol para o resto da vida.
Voltou à terra dos pais, que o receberam com extrema comoção. Deram-lhe todo o apoio necessário e o reintegraram aos estudos.
Estudou com afinco e se tornou em um grande empresário, cuja empresa patrocina uma escolinha de futebol para meninos carentes da comunidade onde a credencial, além do talento com a bola, é o histórico escolar com notas acima da média.
Compreende-se que esta foi a sua melhor jogada.