No Reino da Orgulândia

Ao som de clarins, a alvorada é anunciada na torre mais elevada do castelo da Monarquia de Orgulândia, um lugarejo banhado por dois rios velozes e espumantes, que tem como característica principal a arrogância de seus mentores com seus narizes empinados.

O rei Manda-Chuva e a rainha Poderosa ditam as regras por intermédio de falsas promessas e seus seguidores são vistosos, elegantes, e estão sempre com um arremedo de sorriso estampado no rosto.

Do alto de suas torres comandam a vida miserável de centenas de camponeses que lidam às margens das águas correntes, no doloroso e angustiante trabalho com a lavoura, faça sol ou chuva.

Homens e mulheres de corpos franzinos e de pele tostada tiram o sustento do que a terra lhes fornece, muito embora a maior parte da safra seja destinada aos celeiros gigantescos da moradia real e uma mínima fração distribuída entre os lavradores.

Corre entre aqueles humildes trabalhadores a notícia de que o herdeiro do trono, um jovem de 15 anos chamado Orion, já cultiva em sua mente precoce o desejo de compartilhar a colheita de uma forma mais justa, reservando ao palácio apenas alguns impostos para a manutenção do reinado que, por sua vez, transformará a arrecadação em benefícios para a população, seja criando moradias, investindo na educação, criando postos de saúde e especializando indivíduos no sistema de segurança da coletividade.

No Reino da Orgulândia há um clima de esperança aquecendo o coração daquela gente mergulhada em aflições, resultado das deficiências particulares dos homens que manobram as leis e as obrigações daquela gente sofrida, sendo todas as políticas voltadas para a afirmação de seus poderes, alimentando-os cada vez mais de fortes dosagens de orgulho.

A cada quatro anos, no pensamento do glorioso herdeiro, haverá uma renovação da equipe empenhada em cuidar dos interesses dos habitantes e a escolha será livre e secreta; terá melhor desempenho o candidato que se desfizer de falsas promessas e mostrar a cara limpa quando estiver no topo de sua administração.

As noites do Reino da Orgulândia estão mais brilhantes, novas estrelas cintilam no bordado celeste.

Orion se destaca como a estrela mais faiscante, colorindo o manto da noite com um raio de esperança.

Rui Paiva
Enviado por Rui Paiva em 04/10/2014
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