SOBRE DIMENSÕES

ESTORINHA DE CRIANÇA -UM QUASE ALERTA A NÓS MESMOS

Era uma vez um Risus... E como todos os Risus, este incandescia de Luzes. Habitava uma terra encantada, a sua terra, e ... Ah, sim... Quase que me esqueço: Estas Luzes eram multicoloridas e quando cansadas pelo tempo, eram postas para descansar à sombra de um frondoso carvalho, carvalho este que se diferenciava dos carvalhos que conhecemos aqui em nossa dimensão, a dimensão da gente grande, pois, era o único que ao invés de verdes folhas, tinha em seu lugar pontinhos energéticos recheados de Luzes. Mas note bem, eram pontinhos de Luzes multicoloridas, daí a explicação quase que lógica do porque que as Luzes opacadas pelo tempo eram colocadas à sua sombra: Era necessário recompor seu brilho pessoal periodicamente, protegendo o Risus de uma doença seríssima, a sp carrancus escancaradus. Você sabe, não é? Acontece com a gente aqui desse lado... são certas coisinhas que vão acontecendo aqui dentro e que vão ludibriando nossa vontade de sorrir, de agir, de amar e de espalhar este amor. Mas, um instante! Talvez você não tenha notado que no parágrafo anterior eu me referi à lógica, e ante escrevi à mesma um quase, e este quase, faz-se necessário haja vista esta estória habitar o mundo dos sonhos e certamente o imaginário é o Mestre Mor desse reino. De certa forma sinto-me alienígena disso tudo, mas ousada e descaradamente minha criança interior desperta invadiu o mundo dos Risus, e percebeu que nossa tão formal lógica de nada vale nesse universo reverso do Risus e após essa minha ousada investida nessa lúdico mundo, torço fortemente que o nosso lógico não detenha poderes sobre os Risus e por conseguinte nessa estória.

Mas voltemos... Um belo dia, sim no mundo dos Risus também existem dias e noites, e todos eles são belos, o que infelizmente para nosso entendimento humanóidico, não conseguimos compreender que o tempo age de forma silenciosa e diferenciada para eles, pois os Risus não se prendem ao espaço e pasmem, nem ao tempo, mas para que possamos entender em nossa tão limitante percepção simplista o universo do Risus. Ora, quanto descuido o meu, eu ia me esquecendo de um detalhe nessa nossa estória tão cheia de detalhes: Eles, os Risus viviam o Quando, isto é, seu cotidiano flutuava entre o dia e a noite, e eles os criavam – os dias e as noites - de acordo com suas necessidades de Rir, diga-se de passagem intensas e infinitas, o que é um tanto quanto incompreensível aos que pouco sorriem ...Bom... o dia foi passando e num lapso atemporal, consolidou-se espantosamente uma tênue e real fissura entre esse tempo e o espaço que nós, detentores de verdades residentes e “proprietários” desse planeta Terra, que por hora habitamos, e os Risus, que como sempre, sorridentes e curiosos que são, tiveram a Luminosa idéia de se aproximar e conhecer aquelas figuras estranhas para eles que se apresentavam diante desse portal criado pelo “acaso”. Estas estranhas figuras, nesse caso nós mortais, e como já disse anteriormente: detentores de verdades; para os Risus eram um tanto quanto sei lá... Tá bom, eu explico explicadinho, tá... causou estranhamento aos Risus verem tantas massas disformes desperdiçadas em ações que a nada leva, guerra, fome, mágoas... Note que não sou eu quem percebi isso e sim os Risus (nesse momento, eu a escrivinhadora dessa dez liciosa desventura, sorrio e olho de soslaio só para verificar se há mais alguém a bordo que compactue com meu delírio e que também tenha sorrido, e muito espantada, encontro... e muitos.). Mas como é do feitio dos Risus sorrirem tanto a ponto de brilharem eles aos poucos, invadindo o espaço dos detentores de verdades, contaminando a todos que ousassem chegar perto de suas luzes, e magicamente ocorreu tal comunhão que de repente plantas, bichos e alguns bichos–homem iniciaram uma enxurrada de risos que abalarou oara sempre a estrutura do planeta Terra já acostumado à seriedade habitual de seus moradores, encapsulados pelos seus medos, desejos e ilusões perenes...

Mas a estória não se dá somente por esse prisma, o prisma da dimensão dos Risus. Olha, vou confidenciar algo que nem mesmo eu tinha percebido quando comecei a colocar no papel esse delicioso delírio: Mudando o ponto de vista para melhor entendimento da estória vou contar uma lenda que corre solta nos lábios de doces vovós dos bichos – homens, que há muito tempo, não sei precisar bem se o tempo era o do Homem ou o dos Risus, mas mesmo assim foi há muito tempo para se contar nos dedinhos de uma criança humana ou nos dez mil coraçõeszinhos de um Risus sorridente. Bem a lenda como me contaram falava de um tempo difícil entre os Homens, mas que de repente, sem que houvesse explicação lógica - digo lógica para nós os detentores de verdades - crianças deixavam espantosamente, que risos invadissem seus rosados rostinhos um tanto quanto sem luzes, e algo inimaginável ocorria, uma claridade inexplicável se fez presente e surtia o mesmo efeito de um beijo no(do) ser amado... Mas beijo é outra uma estória, estamos falando de risos e Risus, deixemos os beijos para o futuro, presentemente escolho eu o mundo dos Risus – Bom... O contágio foi tão grande que os tais Hpmens Humanos necessitavam de milhares de caixas celulóidica para esconder tal brilho, afinal risos contagiam a gente, e esses Risus também iluminam e até que nem mesmo estas caixa – depósito fúnebre do incontrolável – não mais suportavam o trasbordamento de tanto risos, que interpenetravam em suas fibras, e as conduziam para dentro da terra, fazendo-as retornarem novamente à tona, sob a forma de Gigantescos Carvalhos iluminados – Ei... Olha os carvalhos aí de novo....E como brilhavam. Mas na terra dos bichos - homens não era natal e por isso não havia aquelas luzinhas piscantes natalinas, que é moda a gente fazer piscar. E como justificar tal brilho, pois a luz contagiante que se transformavam em risos nos lábios dos incontidos, segundo conta a lenda, surgiu não se sabe de onde. Bom ... Certamente, cá entre nós, depois de toda essa ladainha por mim confidenciada, nós nos tornamos cúmplices novamente, e agora sabemos de onde vieram tantos Risos Luminosos. Deu pra sacar??? Vou dar mais uma dica aos mais desavisados: essa magia dos risos das crianças humanas ocorreu no mesmo dia em que se abriu-se o portal de ligação entre o mundo dos Risus, e o nosso mundo.Sacou?

Rir é assim: um sentimento com e sem sentido, solto no ar que vai contaminando sorrateiramente os lábios, mentes e corações de homens descuidados que sem o perceber , após o riso não mais teimam em fazer do amor um objeto de dor... Perceba que ocorreu a Rima, mas conivência não, pois de forma alguma um poeta uniria tal poder, sem saber exatamente qual seria a conseqüência dessa responsabilidade e sem demonstrar qual seria a sua real intenção. E essa estorinhazinha nada mais é do que um alerta carinhoso aos que não acreditam no poder do sorriso como fonte geradora de mudanças. Mas atenção! Cuidado, pois o senhor Medo pode te pegar e eu, sinceramente... Prefiro ser pega pelos Risus do que pelo Bicho - Verdades que se escondem através de medos e que anda à solta procurando todos aqueles que não riem.

Com profundo afeto e risos, digo Risus...

(ROBERTA LESSA/INÍCIO DE 98-)

Numa deliciosa madrugada insone, tentando fazer do papel e da caneta uma extensão de meu prazer e sentidos !

Roberta Lessa
Enviado por Roberta Lessa em 02/10/2014
Reeditado em 04/02/2015
Código do texto: T4984289
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.