O ALFINETE MÁGICO - HOMENAGEM À "NUVEM-COR-DE-ROSA" QUE JÁ ESTÁ NO CÉU...
Todas as noites o Palhaço-Coração, depois de terminar o espectáculo, refugiava-se no banco do jardim mesmo em frente ao circo onde trabalhava e olhava as estrelas demoradamente até adormecer. Era então que o Alfinete-Mágico que o Palhaço-Coração sempre usava ao peito, o deixava e ía colocar-se por cima das àrvores mais altas de mistura com o céu.
O brilho do Alfinete-Mágico era tão grande que todas as pessoas que por ali passavam àquela hora, sentiam em si uma enorme felicidade.
Os namorados tinham nas palavras uma ternura maior e chegavam a falar de poesia.
O Palhaço-Coração sonhava coisas lindas.
Uma noite,
o Alfinete-Mágico levou consigoo Palhaço-Coração.
E o Palhaço-Coração, muito suavemente, sentiu-se subir subir subir.
Lá no alto podia distinguir, perfeitamente, os campos muito verdes, as àrvores, os rios, as florestas, as cidades grandes e as aldeias mais pequeninas.
Só não conseguia ver os países um por um porque dali não avistava fronteiras. O que tornava a Terra muito mais bela e natural.
Deixando-se levar pela doçura do espaço o Palhaço-Coração percorria com os olhos todo um espectáculo muito maior e mais bonito que o do circo onde trabalhava.
E passou por estrelas e planetas.
-Olha a Terra...que liiinda ! E o mar, tão azulinho.
Ao chocar com uma nuvem ouviu uma voz. - Queres vir comigo Palhaço-Coração? Vamos ao encontro da Menina -dos -Cabelos- Compridos. Anda, vem comigo.
Era a Nuvem-Cor-de-Rosa que falava.
E o Palhaço-Coração respondeu:- Vou Nuvem-Cor-de-Rosa, vou contigo. Espera , espera por mim.
-Oh! como isto é lindo. Como tudo é tão bonito.
-Olha quem vem ali... e o Palhaço-Coração apontou para o que lhe parecia uma andorinha.
- É a Menina-dos-Cabelos-cOMPRIDOS.
- Vem connosco vem, Menina-dos-Cabelos-Compridos.
-Vamos todos, - concordaram.
E viajaram juntos pelos céus.
- Olhem, disse a Menina-dos-Cabelos-Comp+ridos, olhem ali as quatro estrações. A primeira - estão a ver? - é a Primavera, com as àrvores em flor, as borboletas e os pasarinhos. É o nascimento. E logo a seguir o Verão. É a estação dos frutos maduros, é quando o Sol está mais perto da Terra, Depois o Outono, quando as àrvores ficam cansadas e começam a espreguiçar-se lançando as folhas para o chão e que o vento festeja dançando com elas. É a estação calma. Quase como o Inverno - vejam - que é o recolhim,ento por causa do frio e da chuva. O Inverno é a estaçãoonde todos esperam que seja outra vex Primavera.
O Palhaço-Coração e a Nuvem-Cor-de-Rosa ouviam coim muita atenção a Menina-dos-Cabelos-Compridos.
E continuaram pelos céus.
A Menina-dos-Cabelos-Compridos segredou depois ao Palhaço-Coração e à Nuvem-Cor-de-Rosa: - querem visitar outros mundos diferentes ? Vou mostrar-lhes tudo. E sem esperar pela resposta voou para o Mundo-da-Guerra. Como a Nuvem-Cor-de-Rosa ficou para trás,gritou: - vem Nuvem-Cor-de-Rosa, vem daí !
- Não, eu não posso ir. Fui expulsa do Mundo-da-Guerra porque diiziam que eu era o Amor e não me deixam entrar. Fico aqui. Adeus.
E foi para trás da Lua e pôs-se a chorar.
- Havemos de nos encontrar outra vez, Nuvem-Cor-de-Rosa . Adeus.
E de mãos dadas, a Menina-dos-Cabelos-Compridos e o Palhaço-Coração deram as mãos e foram ver o Mundo-da-Guerra.
- Vês? É aqui o Mundo-da-Guerra. Só há muros e canhões, arame farpado e bombas. Gente má! Aqui as mães escondem os filhos e os bébés choram muito por causa do barulho das bombas. As crianças são tristes, muito tristes porque os homens não sabem dar uma flor em vez de tiros...
Ali são pessoas que fogem da guerra.
Na guerra não há àrvores, estão mortas também. Na próxima Primavera não darão flor, nem frutos. Não haverá mais pássaros, ne peixes, nem crianças, nem flores.E as pessoas desaparecerão porque já nada lhes resta. Nem a Esperança.
- O que é a Esperança, perguntou o Palhaço-Coração ?
- A Esperaança é tudo o que há no Mundo-das-Crianças. Queres ver ?
- É aqui. Vês a diferença ? É o Mundo-da-Paz. É onde todos brincam à vontade, onde os pais sorriem e as mãos embalam os filhos ao som do chirlear dospassarinhos. Onde as flores chegam para todos e as borboletas voam livremente e poisam no coração dos poetas. Onde os campos deitam perfume no ar e as andorinhas fazem ninho todo o ano. É a vida. É onde o Sol diz Bom-dia a todas as pessoas, logo pela manhã.
- Que bom. disse o Palhaço-Coração. E ternamente convidou a Menina-dos-Cabelos-Compridos a sentar-se.
-Senta-te um bocadinho ao pé de mim. Gosto tanto de ti! Deixa-me sonhar...
E sentaram-se.
Estiveram assim muito tempo.
Quando o Palhaço-Coração acordou, olhou para o lado e ficou triste porque não viu a Menina-dos-Cabelos-Compridos. Então, sem querer, uma lágrima percorreu-lhe o corpo e olhou para o Infinito.
Levantou-se e quiz voar. Mas não conseguiu.
Mia triste tornou-se a sentar. E começou a sentir frio, muito frio.
-Acorda Palhaço-Coração, acorda! Está aqui tanto frio...
E ao abrir os olhos o Palhaço-Coração viu-se sentado no banco do jardim que ficava mesmo frente ao circo onde trabalhava.
-Acorda! Vem daí,- repetiu a Menina-dos-Cabelos-Compridos.E o Palhaço-Coração levantou-se, olhou para o peito e depois para o céu.
-Obrigado Alfinete-Mágico, E deu as mãos à Menina-dos-Cabelos-Compridos. Depois,
seguiram pelo jardim, até lá mesmo ao fundo, ao encontro da Nuvem-Cor-de-Rosa.
Muitas pessoas hoje ao olharem para o céu dizem que aquela estrela que brilha muito é um planeta, outras dizem que é a Estrela-da-Manhã. Mas só o Palhaço-Coração, a Menina-dos-Cabelos-Compridos e a Nuvem-Cor-de-Rosa sabem muito bem que é o o Alfinete-Mágico .