Compreensão leitora: desafio na era da informatização e o analfabetismo funcional

Compreensão leitora

“O leitor só pode dizer que leu um texto a partir do momento que se constrói

o seu significado tornando-se capaz de inferir nele suas experiências, seus sentimentos e suas opiniões.”

"A leitura do

mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior desta não possa

prescindir da continuidade da leitura daquele." Paulo Freire, A importância do ato de ler em três artigos que se completam. (1986)”

Veja um artigo em:

http://www.aridesa.com.br/servicos/click_professor/aline_duarte/notas_de_aula/inferencias3.pdf

“Conforme esclarece Pinheiro e Almeida, em práticas e representações:

Trabalhar apenas o nível literal ou não explorá-lo da

forma conveniente não contribui para a formação de leitores

capacitados. Como sabemos, o autor não inclui todas as informações no texto, mas conta com o leitor para isso, a partir do conhecimento previamente adquirido por este. Daí a importância da compreensão interpretativa. Trabalhá-la é apreender informações que estão implícitas, mediante pistas, fornecidas pelo texto. Isto quer dizer que as inferências criadas pelo leitor estão naturalmente baseadas naquilo

que foi dito pelo autor. (PINHEIRO E ALMEIDA, 1997, p. 35).

“Esclarece Begraund e Dressler apud Koch:

Inferências é a operação que consiste em suprir conceitos e relações razoáveis para preencher lacunas (vazios) e descontinuidades em um mundo textual. O inferenciamento busca sempre resolver um problema de continuidade de sentido. (KOCH, 1997, p.70).

“Como afirma Isola em: Leitura: inferência e contexto-social (1991)

A inferência revela-se como conclusão de um raciocínio,

como elaboração de pensamento, como uma expectativa. Sua

manifestação envolve estados afetivos individuais e reações

socialmente marcadas, que sob forma de confiança ou inquietação,

constituem diferentes graus de crença. (ISOLA, 1991, p.39).

Inferências são conexões que as pessoas fazem quando

tentam alcançar uma interpretação do que lêem ou ouvem, isto é, o

processo através do qual o leitor (ou ouvinte) consegue captar a

partir do significado literal do que é escrito ou dito, o que o escritor

falante pretendia veicular. A inferência estabelece uma relação entre

idéias do discurso. (BROWN E YULE, 1997, p. 70).

“Inferir é compreensão como afirma Isola, (1991, p. 36). “Compreender um texto é ter acesso a uma das leituras que ele permite, é buscar um dos sentidos possíveis oferecido por ele, determinado pela bagagem sócio-cultural que o leitor traz consigo.”

“A questão dos grupos anteriores da inferência apresentados por Marcushi, (1985, apud ISOLA, 1991, p. 73 a 75) observa-se no segundo grupo a distinção entre os seguintes tipos e subtipos de inferências: “1 – As inferências analógicas ocorrem por identificação referencial, são as que especificam os antecedentes de. por exemplo, pronomes, ações ou eventos.

http://www.aridesa.com.br/servicos/click_professor/aline_duarte/notas_de_aula/inferencias3.pdf

O que se aprende QUANDO SE APRENDE A LER...

Como afirma Koch em, Texto e coerência (1997):

Basicamente se entende por inferência aquilo que se usa

para estabelecer uma relação não explicita no texto, entre dois

elementos desse texto. As inferências surgem de uma necessidade e

do conhecimento de mundo do leitor (ouvinte). ( KOCH, 1997,

p.70).

O reconhecimento global e instantâneo de palavras e frases

relacionadas ao tópico, bem como inferências sobre palavras não

percebidas durante a "sacada" (...) material que os nossos olhos,

muito rapidamente, continuam a trazer para o cérebro processar.

(KLEIMAN, 1989, p. 37).

Josette Jolibert (1997), apud Braga

(2002) Construindo o leitor competente.

Escritos complexos, padronizados, característicos de uma sociedade

e de uma época determinadas e em geral constituídos por muitos

textos diferentes: jornais, revistas, livros, catálogos, dicionários,

disquetes de informática, etc. (...) indícios do contexto textual e

contexto de situação, são indispensáveis à compreensão dos escritos.

Segundo Solé, (1998), em Estratégias de leitura:

(...) quando levantamos hipóteses e vamos lendo, vamos

compreendendo e, se não compreendemos, nos damos conta e

podemos empreender as ações necessárias para resolver a situação.

Por isso a leitura pode ser considerada um processo constante de

elaboração e verificação de previsões que levam à construção de

uma interpretação. (SOLÉ, 1998, p. 27).

Ambos denominam o primeiro tipo de inferência catafórica e o

segundo anafórica distinguindo-os entre si:

O primeiro tipo é denominado inferência catafórica, porque

refere-se a partes do texto que provavelmente, seguem aquela que

gerou a inferência. Por exemplo: O turista tirou uma foto da igreja -

A cena foi a mais bela de que se lembrava. O segundo tipo é

chamado de inferência anafórica porque refere-se apartes do texto

que precedem o que gerou a inferência: por exemplo: O turista tirou

uma foto da igreja. - A câmera era a melhor que ele havia possuído.

(ISOLA, 1991, p. 54).

Clark, em Leitura: inferência e contexto-social, (1977) apud Isola,

(1991, p. 58 - 59) classifica as inferências como processos de referências por

caracterização.

l – Referência direta é o processo inferêncial simples e comum em que

há uma relação direta entre o referente e o referido. Por exemplo: Havia

barulho na casa, apesar de estar vazia. Na copa, o rumor de torneiras abertas.

Na sala, vidros se quebrando. Correria e pânico na vizinhança. (CLARK,

1991, p. 58 - 59).

Partido do exemplo apresentado para esse tipo de inferência,

verificamos que há uma relação direta entre o referente e o referido. Uma vez que

mencionados na frase referem-se diretamente a um objeto (casa) desta mesma

frase mencionado anteriormente.

O mesmo autor subdivide o processo inferêncial nos seguintes subtipos:

2 – O processo inferêncial de referencia direta subdividi-se em:

identidade – ocorre a partir de uma conexão direta, por Exemplo: Eu vi um

pivete ontem. O pivete me assaltou. Pronominalização ocorre quando se

recorre a um pronome para substituir um sujeito, um objeto, um evento, uma

ação, com um estado. Por exemplo: eu vi um pivete ontem. – Ele me

assaltou 3 – epíteto – pode ser considerado apelido ou alcunha em geral

depreciativa. O epíteto é identificado por inferência direta. Por exemplo:

Encontrei um pivete ontem. O idiota roubou o meu dinheiro. Membro de

um conjunto é o processo em que o leitor extrai inferências ao identificador,

em um determinado grupo, algumas características de seus componentes. Por

exemplo: Encontrei dois pivetes ontem. O mais alto roubou o meu dinheiro.

(CLARK, 1991, p. 58 - 59).

Clark, (1977) apud Isola, (1991 p.60 - 61) define Referência Indireta

por Associação ilustrando-a com exemplos.

3 – Referência Indireta por Associação o que é referido

é algo indiretamente associado a um determinado objeto,

evento ou estado, as partes de informações associadas podem

ser algumas vezes predizíveis, extraídas daquilo que foi

mencionado, mas nem sempre isso ocorre. Por exemplo: 1 –

Magda visitou a casa de campo – o teto era muito alto. 2 –

Magda entrou em um dos quartos da casa de campo. Era

habito estarem as portas trancadas. 3 – Magda foi até a sala de

jantar. Os quadros eram valiosíssimos. (CLARK, 1991 p.60 -

61).

Ainda Clark, (1977) apud Isola, (1991, p. 62 - 63) expõe através de

exemplos, cinco relações temporais que o leitor (ou ouvinte) pode inferir.

1 – Razão: João caiu. O que ele quis foi assustar Maria. 2 – Causa:

João Caiu. O que ele quis foi assustar Maria. 2 – causa: João caiu. Ele

tropeçou em uma pedra. 3. Conseqüência: João caiu. Ele quebrou o

seu braço. 4-concorrência: João mora em New York. Maria é tola

também. 5. subseqüência: João chegou à festa. Ele pegou uma

bebida. (CLARK, 1991, p. 62 -63).

Observamos que ocorre influência quando o leitor entende que: l –

João caiu de propósito, por brincadeira. 2 – João caiu realmente e o que o levou a

cair foi uma pedra provavelmente exposta no seu caminho. 3 – João quebrou o

braço logo após a queda, isto é, o braço quebrado foi uma conseqüência da

queda. 4 – Quem mora em New York é tolo. João e Maria são tolos, pois ambos

moram em New York. 5 – Logo que João chega à festa vai logo procurar bebida

e embriaga-se, isto é, um evento após o outro.

O mesmo autor diferencia inferências autorizadas ou não autorizadas:

“As inferências autorizadas ocorrem quando o leitor

infere algo pretendido pelo autor. Por exemplo: José pergunta

a Adriano:

– Lacon é um psicanalista?

Adriano responde:

O papa é católico?

As não autorizadas ocorrem quando o leitor infere algo não

pretendido pelo autor.” (CLARK, 1991, p. 62 - 63).

Quanto ao exemplo apresentado para as inferências autorizadas

percebe-se a inferência quando o interlocutor entende que: Essa resposta

interrogativa “o papa é católico?” é o mesmo que dizer: claro que sim.

Warren, Nicholas e Trabasso (1979) apud Isola, (1991, pp. 65 - 69)

apresentam três tipos de inferências, cada tipo com subtipos:

1 – As inferências Lógicas respondem a questões por

que? – As inferências Motivadoras envolvem a extração das

causas, dos pensamentos, ações, objetivos voluntários de um

personagem, ou reciprocamente predizem os pensamentos,

ações, objetivos do personagem sob a base de causas

estabelecidas. Por exemplo: Paulo sentiu muita raiva (impulso)

Ele decidiu-se vingar-se do sócio (objetivo). As inferências

Capacitacionais determinam condições que são necessárias,

mas não suficientes, para um dado evento ocorrer. Por

exemplo: Um vento bom estava soprando. Chico pode soltar

seu papagaio. (ISOLA, 1991, p. 65 - 69).

Pelo exemplo, percebe-se que as inferências Capacitacionais não são

fáceis de serem feita pois os indícios não levam o leitor a fazer inferências imediatas. O vento bom é, na verdade, um bom motivo para se soltar um animal, mas não é o único e nem o principal. Chico poderia ou não soltá-lo.

O mesmo estudioso especifica, na citação seguinte, o segundo tipo de

inferências e conseqüentemente os seus subtipos:

2 – Inferências informativas indicam a causa ou

conseqüência: A exceção das Elaborativas determinam as

pessoas, causas, lugares, tempo, e o contexto geral de um dado

evento. As pronominais são as inferências que especificam o

antecedente de pronomes: Eu vi um pivete ontem. Ele me

assaltou. (ISOLA, 1991, p. 66).

A inferência se dá quando o leitor consegue descobrir que o pronome

(ele) refere-se diretamente ao pivete.

As inferências Referenciais especificam antecedentes

relacionados a ações ou eventos dados quando a referência não

é pronominalmente marcada: Guilherme encontrou o carro de

Ana no estacionamento, e esvaziou iodos os pneus. ( ISOLA,

1991 p.67).

A inferência acontece, nesse caso, quando o leitor descobre que os

pneus pertencem ao carro de Ana.

As inferências Espaço Temporais estabelecem, como o

próprio nome diz, uma proposição ou uma série de

proposições de lugar e de tempo e determina sua duração. As

inferências Esquema de Mundo partilham algumas

características da inferências partilham algumas características

da inferências e Espaço Temporais. Essas inferências

restringem-se possíveis interpretações de preposições

ambíguas ou confusas, alimentando algumas possibilidades e

especificando outras. (ISOLA, 1991 p.68).

Segundo Van Dijh e Kintsch (1983) apud Isola (1991, p. 69):

As Inferências Elaborativas ou Elaboração ocorrem

quando o leitor usa o seu conhecimento sobre o tópico em

discussão, para preencher um detalhe adicional não

mencionado no texto; ou para estabelecer conexões entre o

que está sendo lido e itens de conhecimentos relacionados.

(ISOLA, 1991 pp. 67-68).

Em relação ao terceiro tipo os mesmos autores afirmam que:

3 – As Inferências Avaliativas são próprias do julgamento do

entendedor, baseado em situações relatadas pelo autor (ou falante).

Envolvem ‘mora’ e convenções, anormalidades em pensamentos ou

ações de personagens e no estilo. Ex: O personagem faz bem ou mal?

Você condenaria ou não fulano por tal assunto? (VAN DIJH E

KINTSCH, 1983, apud Isola, 1991, p. 69)

Ainda Clark, (1977) apud Isola, (1991, p. 62 - 63) expõe através de

exemplos, cinco relações temporais que o leitor (ou ouvinte) pode inferir.

1 – Razão: João caiu. O que ele quis foi assustar Maria. 2 – Causa:

João Caiu. O que ele quis foi assustar Maria. 2 – causa: João caiu. Ele

tropeçou em uma pedra. 3. Conseqüência: João caiu. Ele quebrou o

seu braço. 4-concorrência: João mora em New York. Maria é tola

também. 5. subseqüência: João chegou à festa. Ele pegou uma

bebida. (CLARK, 1991, p. 62 -63).

Texto 7: “Prática de leitura” Fonte: Parâmetros Curriculares Nacionais – Volume 2 – Língua Portuguesa. Brasília: MEC / SEF, 1997. (pp. 53 a 65)

Texto 8: “Ler quando não se sabe” Fonte: Parâmetros em Ação – Alfabetização, Texto 12. Brasília: MEC / SEF, 1999. (p. 70 a 73).

Texto 9: “Práticas de leitura – orientações didáticas” Fonte: Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil - Volume 3 / Conhecimento do Mundo. Brasília: MEC/ SEF, 1998 (p. 140 a 145).

Texto 10: “Estratégia de Leitura: como é possível ler antes de estar alfabetizado”

Fonte: Revista AVISA LÁ – Ano II n°7 . Publicação do Instituto Avisa Lá.

Para favorecer as práticas de leitura, algumas condições são consideradas essenciais. São elas:

• dispor de um acervo em sala com livros e outros materiais, como histórias em quadrinhos, revistas, enciclopédias, jornais etc., classificados e organizados com a ajuda das crianças;

• organizar momentos de leitura livre nos quais o professor também leia para si. Para as crianças é fundamental ter o professor como um bom modelo. O professor que lê histórias, que tem boa e prazerosa relação com a leitura e gosta verdadeiramente de ler, tem um papel fundamental: o de modelo para as crianças;

• possibilitar às crianças a escolha de suas leituras e o contato com os livros, de forma a que possam manuseá-los, por exemplo, nos momentos de atividades diversificadas;

• possibilitar regularmente às crianças o empréstimo de livros para levarem para casa. Bons textos podem ter o poder de provocar momentos de leitura em casa, junto com os familiares.

Uma prática constante de leitura deve considerar a qualidade literária dos textos. A oferta de textos supostamente mais fáceis e curtos, para crianças pequenas, pode resultar em um empobrecimento de possibilidades de acesso à boa literatura. Você já deve ter lido em revistas especializadas, em livros sobre alfabetização e ouvido outros professores fazerem afirmações como: ‘’ler, se aprende lendo’’ ou ‘’é possível ler sem saber ler’’. Estas afirmações, que até alguns anos atrás, seriam no mínimo estranhas, hoje...

http://www.alemdasletras.org.br/biblioteca/material_formadoras/Guia_de_estudo_para_o_horario_de_trabalho_coletivo_bloco_3.pdf

Referências

http://www.aridesa.com.br/servicos/click_professor/aline_duarte/notas_de_aula/inferencias3.pdf

BOTELHO, Paulo. O analfabetismo funcional. Disponível em: <http://ogerente.com/paulobotelho/?s =analfabetismo+funcional&submit=>. Acesso em: 15 de maio de 2010.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos de ensino fundamental. Brasília. MEC/SEF, 1998.

FLÔRES, Onici Claro. O que tem a dizer a Psicolinguística a respeito da consciência humana. In: COSTA, Jorge Campos da; PEREIRA, Vera Wannmacher (orgs.). Linguagem e cognição: relações interdisciplinares. Porto Alegre. EDIPUCRS, p. 61-78, 2009.

http://www.aridesa.com.br/servicos/click_professor/aline_duarte/notas_de_aula/inferencias3.pdf
Enviado por J B Pereira em 21/06/2014
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