Fica comigo?...tipo,para sempre?;Cap.3- *Carpe diem.

“A arte da vida é ser feliz com pouco.”

Phil Bosmans

Tentei me arrumar o mais rápido possível,coloquei um short curto,apenas a parte de cima de um biquíni e um vestido por cima,meus cabelos fiz um coque,all star e estava pronta;desci as escadas correndo,fui na cozinha, peguei uma maça e a cesta de piquenique que minha mãe tinha aprontado.

“Se cuide filha e se forem dormir lá,cuidado,qualquer coisa me ligue”

“Tudo bem,mãe aproveita e vai visitar a vovó.”

“Talvez eu faça isso.”

Minha mãe me deu um beijo na testa e eu sai,apenas Sky estava do lado de fora,segurando uma bicicleta que identifiquei como sendo do meu pai.Olhei em volta e realmente nem sinal de Anabelle e Chris.

“Onde estão o casal teen?”

Ele sorriu

“Realmente eles formam um casal,bonito casal aliás,mas acho que nem eles perceberam isso,hum...eles foram na frente,Anabelle disse que graças a você iria perder toda a diversão e convenceu Chis a ir com ela.”

“Graças a mim?,ela que me fez correr atrás dela pela casa e nos atrasou,mas ok,eu nem estava tão afim de ir mesmo.”

Eu não gostei do fato da minha irmã me deixar para trás,para ela os amigos,sempre parecem ser mais importantes,se ela esta sozinha e não tem nada para fazer,serve eu,quando tem pelo menos uns dos amigos,ela já se sente a vontade para me deixar de lado,isso é muito chato.

“Ei,não fica assim,eu fiquei para trás para poder te acompanhar e sabe sua mãe veio aqui um pouco antes de você chegar e me disse palavras sábias.”

“Antes de ouvir o que minha mãe disse,eu quero dizer que acho que sou adotada e logo há esperança de que eu seja normal.”

“Relaxa,ela apenas disse que a muito não te via com expressão tão feliz,que ela tem certeza que eu sou o responsável por isso e que já sou muito bem vindo aqui,ah e ela me emprestou a bicicleta do seu pai.”

Eu não sei quantos tons de vermelho existem,mas acredito que meu rosto está com mais de cinquenta tons de vermelho,como assim minha mãe vem falar coisas desse tipo?,será que ela não sabe que já tenho pagado mico sozinha?.Agora ele vai achar que sou uma carente,encalhada que está sendo empurrada pela família para cima dele,primeiro Anabelle e agora minha mãe.

“Olha,sinto muito pelas coisas que minha mãe disse,eu não sei de onde ela tirou essa ideia.”

“Não precisa se desculpar,mãe é mãe e digamos que mãe sente as coisas antes de nós e por mais que você diga que não sabe,nós dois sabemos.”

“O que você quer dizer com isso ?”

“Me diga você Atena.”

Ele piscou para mim e subiu na bicicleta,fazendo um sinal para eu me aproximar,eu me aproximei e ele tirou a cesta de piquenique da minha mãe,e me puxou para que eu sentasse,não tentei questiona-lo,não estava afim de pedalar mesmo e ainda por cima teria que guia-lo apenas uma bicicleta de fato era uma boa ideia.

“Não sabia que seria tão fácil,pensei que fosse resistir.”

Ele me entregou a cesta e eu a arrumei da melhor forma em meu colo,da forma que estava sentava não conseguia ver seu rosto e nem ele o meu,mas pela sua voz,sabia que estava sorrindo e se ele pudesse ver meu rosto também estaria.

Fui guiando-o da maneira que podia,conforme íamos avançando,o caminho se tornava mais rural,o chão mais barrento e arvores e mais arvores formavam nossa paisagem,ele não parecia cansado mesmo tendo o meu peso como extra,o que alias suas pernas alisavam as minhas a cada pedalada e eu não reparava muito nisso,enquanto as minhas costas estavam levemente encostadas em seu peito,o que me permitia sentir o seu coração.

“Na próxima curva vai ter um espaço aberto,é ali que deixamos as bicicletas e seguiremos o restante a pé uma caminha de uns dez minutos.”

“Tudo bem.”

Ele parou,descemos e deixamos a bicicleta perto da bicicleta de Anabelle e a minha,legal,nem se eu quisesse eu poderia ter vindo na minha,provavelmente o Chris a usou,impressionante como as pessoas não se importam com a minha opinião.

“Não é perigoso,as bicicletas ficarem aqui?”

“Não,ninguém carrega,pode confiar.”

“Se você diz...agora para onde?”

Arrumei a cesta em meu braço,mas ele a retirou e carregou,não me importei,quer carregar?,então carrega,fui na direção de uma especie de morro,nele não tinha uma trilha,mas de tanto que as pessoas passavam por aqui,para ir para a cachoeira que ficava logo atrás dele,é como se tivesse.

“Tem certeza do caminho ?,não há risco de nos perdermos?”

“Sim,eu conheço isso aqui como a palma da minha mão,posso andar aqui de olhos fechados.”

E para comprovar a minha teoria,fechei os olhos e dei apenas um passo,repito um passo e tropecei em uma pedra,senti uma dor lancinante,no meu pé e quase cai para frente com a pancada versus o fato de estar de olhos fechados,mas me senti ser segurada pela cintura.

“Peguei”

Me apoiei em seu braço,tentando não por o pé no chão.

“É pegou...”

Ficamos nos encarando e ele começou a se aproximar,praticamente não nos conhecemos,mas quando estou com ele eu me sinto bem,não me importo de beija-lo,não me importo que ele me beije,no momento o que mais quero é um beijo dele.

Aproveitando que ele estava um pouco abaixado,por estar ainda me segurando,com a mão livre segurei o colarinho de seu casaco,e o puxei para mim,ele se deixou puxar.Encostei meus lábios nos seus,iniciando um longo selinho,ele percebeu que não me separei,mordiscou de leve meu lábio inferior,fazendo me abri-los e dar passagem para sua linguá,começamos a nos beijar,ao mesmo que intenso,porém lentamente,o beijo foi se aprofundando e ele ergueu o corpo,por ser mais alto que eu,tive que ficar na ponta dos pés e droga!

“Ai!”

Imediatamente me separei dele que ainda assim não me soltou e ficou me olhando preocupado.Mas,ele logo entendeu pois tirei o pé do chão,tentando fazer com que a dor parasse e ela começou a aliviar.

“Senta no chão,que eu quero ver o seu pé.”

“Não vai me dizer que você é médico?”

“Não,professor de música e fotógrafo nas horas vagas,mas eu tenho uma irmã de oito anos como você sabe que é a melhor em se machucar,agora senta.”

“Sim,senhor.”

Com a ajuda dele me sentei no chão e ele se abaixou na minha frente,sujando sua calça jeans,alguém avisa a ele que estamos indo para um lago,fazer piquenique e de quebra acampar a noite,o que ele está fazendo de calça jeans e casaco?;ele tirou meu tênis e olhou meu pé,por um instante,começou apertar dedo por dedo,até chegar no dedão e eu puxar o pé gemendo.

“Então...acho que é grave e teremos que amputar sua perna.”

Ele disse rindo,como se a desgraça alheia e ainda por cima a minha fosse motivo para piada.

“Não tem graça.”

“Verdade,desculpa,está apenas dolorido pela pancada,logo vai ficar bom.”

Ele deu um beijo no meu pé,em seguida o que me deixou sem reação,apesar que ficar sem reação perto dele não é nenhuma novidade,apenas fiquei olhando enquanto ele tirava meu outro tênis,levantou-se com meus tênis em uma mão,a cesta na outra e virou de costas para mim.

“Suas costas não são tão bonitas quanto você pensa,para que exibi-las para mim?”

“Deixa de ser boba,sobe nas minhas costas,faltam apenas uns cinco minutos de caminhada,se você for andando vai ficar mancando e só chegaremos amanhã.”

Me dei por convencida e subi em suas costas,ele passou cada braço por baixo de cada perna minha e eu abracei seus ombros,a sensação do meu corpo junto ao dele era maravilhosa.Ele começou a seguir o som das águas caindo,assim nem precisava guia-lo.

“Tudo bem aí?”

“Eu que deveria te fazer essa pergunta,você que está carregando uma gorda.”

“Eu já disse que não te chamei de gorda e mesmo que fosse ainda seria linda,magreza não é uma regra a ser seguida,antes de pensar se é magra ou gorda,deve-se pensar se a garota tem caráter.”

“Hum...acho que você é professor de filosofia,também.”

“Não,apenas já aprendi muito sobre a vida,e acredite nem tudo que dizem por aí,serve de aprendizado.”

“Por exemplo?”

“Que não existe amor a primeira vista.”

“E existe amor a primeira vista?”

“Se me fizessem essa mesma pergunta dias atrás,eu não saberia responder,mas desde ontem eu não sei o que responder,pode não ser amor,mas é alguma coisa.”

Sorri com a afirmação dele,pode não ser amor,mas de fato é alguma coisa.

*(Carpe diem é uma frase em latim de um poema de Horácio, e é popularmente traduzida para colha o dia ou aproveite o momento. É também utilizado como uma expressão para solicitar que se evite gastar o tempo com coisas inúteis ou como uma justificativa para o prazer imediato, sem medo do futuro.

Então Carpe diem para todos.)

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Debora Costa
Enviado por Debora Costa em 27/02/2014
Código do texto: T4708799
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