Fica comigo?...tipo,para sempre?;Sinopse/Cap.1- O céu é azul.

Sinopse:

“Pode invadir ou chegar com delicadeza, mas não tão devagar que me faça dormir. Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar. Acordo pela manhã com ótimo humor mas ... permita que eu escove os dentes primeiro. Toque muito em mim, principalmente nos cabelos e minta sobre minha nocauteante beleza. Tenho vida própria, me faça sentir saudades, conte algumas coisas que me façam rir, mas não conte piadas e nem seja preconceituoso, não perca tempo, cultivando este tipo de herança de seus pais. Viaje antes de me conhecer, sofra antes de mim para reconhecer-me um porto, um albergue da juventude. Eu saio em conta, você não gastará muito comigo. Acredite nas verdades que digo e também nas mentiras, elas serão raras e sempre por uma boa causa. Respeite meu choro, me deixe sózinha, só volte quando eu chamar e, não me obedeça sempre que eu também gosto de ser contrariada. ( Então fique comigo quando eu chorar, combinado?). Seja mais forte que eu e menos altruísta! Não se vista tão bem... gosto de camisa para fora da calça, gosto de braços, gosto de pernas e muito de pescoço. Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto: boca, cabelos, os pelos do peito e um joelho esfolado, você tem que se esfolar as vezes, mesmo na sua idade. Leia, escolha seus próprios livros, releia-os. Odeie a vida doméstica e os agitos noturnos. Seja um pouco caseiro e um pouco da vida, não de boate que isto é coisa de gente triste. Não seja escravo da televisão, nem xiita contra. Nem escravo meu, nem filho meu, nem meu pai. Escolha um papel para você que ainda não tenha sido preenchido e o invente muitas vezes.

Me enlouqueça uma vez por mês mas, me faça uma louca boa, uma louca que ache graça em tudo que rime com louca: loba, boba, rouca, boca ... Goste de música e de sexo. goste de um esporte não muito banal. Não invente de querer muitos filhos, me carregar pra a missa, apresentar sua família... isso a gente vê depois ... se calhar ... Deixa eu dirigir o seu carro, que você adora. Quero ver você nervoso, inquieto, olhe para outras mulheres, tenha amigos e digam muitas bobagens juntos. Não me conte seus segredos ... me faça massagem nas costas. Não fume, beba, chore, eleja algumas contravenções. Me rapte! Se nada disso funcionar ... experimente me amar!”

By: Martha Medeiros

Cap.1

“Nunca é tarde para aprender algumas coisas básicas e embaraçosamente óbvias sobre si mesmo.”

Alain de Botton

Eu estava me sentindo um pouco desanimada e só queria era ficar um pouco sozinha,mas é claro que isso não seria possível,na minha casa,no horário do almoço,onde minha mãe queria falar dos vizinhos novos,meu pai queria dar sua opinião sobre todas as matérias que estava lendo no jornal e minha irmã de catorze anos,ouvia música em seu celular com fones ,porém o som chegava até os meus ouvidos.

“Anabelle,você não acha que está muito alto,não ?”

Ela nem me deu confiança,acho que na verdade nem ouviu e continuou balançando a cabeça e batucando no ritmo da música,enquanto seus longos cabelos pretos que iam até a cintura balançavam de um lado para o outro,minha vontade era puxa-los,mas então finalmente ela olhou para mim e parecia meio confusa,ela levou umas das mãos ao fone e o removeu.

“Estava falando comigo Ana ?”

E então ela abriu um sorriso amigável,que faria qualquer um ter vontade de sorrir também,mas não,eu.Isso era uma das coisas que me irritava em Anabelle,ela é perfeita de mais,baixa magra,com cabelos negros,longos e lisos até a cintura,sempre educada,meiga,doce,sem falar que sorria atoa,sorria até mesmo com seus pensamentos,mas o que me incomodava de verdade eram os seus olhos verdes,verdes da cor da esperança e que realmente pareciam te dar esperança,confesso que sinto um pouco de inveja de toda essa pureza que Anabelle carrega consigo a os seus catorze anos.

“Esquece...e mais uma vez,não é Ana é Veridiana,de Ana já basta você e a mamãe,ok?”

Ela fez uma cara parecendo chocada e eu revirei os olhos me levantando e saindo d’aquele ambiente parado e um tanto rotineiramente repetitivo para mim.Eu precisava respirar novos ares,conhecer coisas novas,pessoas novas e só para variar me conhecer.

Fui em direção a porta e quando já estava com a mão na maçaneta minha mãe chamou-me

“Onde vai mocinha ?,você não terminou de comer,você não pode simplesmente sair assim...”

Eu não consegui terminar de ouvir,pois já estava fechando a porta atrás de mim,pegando minha bicicleta e indo para bem longe,ou nem tanto,estava apenas pedalando e vendo as casas que eu conhecia desde sempre passando,as crianças brincando na rua,coisas tipicas de uma cidade pequena,onde nada acontece ou parece que vai acontecer,tudo tão previsível que me incomodava de uma forma que nem eu conseguia aguentar.

Cheguei a um bosque onde havia uma mangueira,encostei a bicicleta no tronco e subi na árvore,eu não queria manga,não desta vez,queria apenas pensar,pensar sossegada.

Eu me sinto uma bomba prestes a explodir,com dezoito anos,já terminei meus estudos,mas até então não decidi o quero fazer da minha vida,o que de fato eu gostaria de fazer todos os dias da minha vida,eu sempre sinto que falta algo,mesmo tendo uma família “perfeita”,uma mãe atenciosa e preocupada,um pai conservador porém compreensivo,uma irmã vinda do mundo das fadas saltitantes,o que mais eu poderia querer,eu sinceramente não sei,mas preciso saber rápido,antes que meus pais pensem que trabalhar no armazém da família é meu ideal de vida,o que de fato não é,eu posso até não saber o que eu quero para mim,mas não é isso,uma coisa é certa,falta algo na minha vida algo arrebatador e diferente e não,não é amor.Do amor eu quero distância,nenhuma das experiências que tive foram positivas,não tenho sorte com o amor e ponto.

Desci da arvore me sentindo mais para baixo do que antes,eu realmente sou uma garota complicada com pensamentos complicados ,mas fazer o que, é a vida e é a minha vida.

Subi na minha bicicleta e pedalei de volta para casa,sem utilizar o mesmo caminho que tinha vindo e sim por um mais longo.

Tudo parecia calmo e tranquilo,pedalei cada vez mais rápido,pedalando,pedalando,parando de pedalar e deixando a bicicleta ir sozinha,de novo,de nove e...

“Aaaaaaaah”

“Kate!”

Ótimo,lá estava eu deitada no chão,com dor,suja e acho que bati de cabeça,estou me sentindo zonza.

“Moça ?,você esta se sentindo melhor ?”

Abri meus olhos que eu nem sabia que estavam fechado e me deparei em um comodo desconhecido que identifiquei como sala,com três pares de olhos em cima de mim,dois pretos e um azul,azul extremamente azul...deveria ser proibido olhos tão azuis assim,perto dos meus humildes e sem graças castanhos claros.

Pisquei para tentar sair do transe de ficar olhando para aqueles olhos e encarei os olhos pretos que pertenciam a uma mulher jovem e a uma garotinha,de maria chiquinhas e cara de boneca,ela sorriu para mim e eu não resisti e sorri para ela.

“Se eu fosse você não sorriria para essa pestinha,ela que passou correndo na sua frente”

O garoto dono dos olhos azuis disse mas com tom de brincadeira,o que me fez sorrir também .

“Não seja cruel com a sua irmã Sky”

“Sky?!”

Perguntei me segurando para não rir,mas foi quase que inútil.Tudo bem que ele tem olhos extremamente azuis,mas Sky ?...céu ?,é se achar muito ,não?

“Sim e eu sou Katherine Flora,mas pode me chamar só de Kate”

A pequena disse sentando –se na ponta do sofá em que eu estava deitada,o que aliás eu já estava bem e por isso,levantei com cautela para ter certeza que estava tudo no lugar e estava,apenas umas dores aqui e ali,mas nada de mais.

“E eu querida sou Rosa,está sentindo alguma dor ?”

“Não,está tudo bem,eu só acho melhor eu ir para casa agora”

“Ok,se você diz,o Sky te acompanhará até a sua casa”

Olhei para Sky e ele apenas deu de ombros,indo em direção a porta a abrindo e esperando algo.

“Então,vamos?”

Ele estava olhando para mim,oh,sim ele estava me esperando e mais uma vez eu me perdi em seus olhos,azuis da cor do céu.

“Sim,vamos”

Me levantei e fui em direção a porta,parei dei um tchauzinho para a mãe e a irmã dele e passei por ele que veio logo atrás fechando a porta.

“Sinto muito que tenha caído,por causa da Kate”

“Não tudo bem,não foi nada”

“Se você diz,então,quer ir de carro ou a pé?”

“A pé está bem,é ali no outro quarteirão”

Tentei pegar minha bicicleta,mas ele não permitiu e começou a empurra-la na minha frente.

“Sabe Sky eu estou bem,e quando digo isto significa que posso eu mesma empurrar a minha bicicleta”

Ele parou,me olhou e então voltou a andar,acho que falei em grego.

“Tá bom,quer levar leva,não me importo mesmo”

Ele novamente me ignorou e sem me olhar disse

“Você não sabe aceitar um favor ?,estou sendo cavalheiro apenas,sem grilo”

Cruzei os braços e permaneci calada tentando não olhar para ele,mas mesmo assim olhei ele se vestia muito bem,cabelos bem arrumados e a pele muito clara,bonitinho,tá bom, lindo e sem falar nos olhos.

“Para onde agora ?”

“OI ?”

Ele suspirou;

“Tem certeza que está bem ?,para que lado agora ?eu sou novo aqui.”

“Ah,você é o tal vizinho novo que a minha mãe falou.”

Ele ergueu uma sobrancelha.

“Ok,direita”

Logo,já estávamos na porta da minha casa e ele fez questão de levar a bicicleta para a garagem.Muito certinho esse Sky.

“Obrigada,por me trazer”

Ele veio na minha direção,e eu fiquei estática,olhando aqueles olhos,não me cansaria de olha-los nunca,ele parou na minha frente e eu o empurrei de leve.

“Ei! Perto de mais,não sou esse tipo de garota”

Ele sorriu abaixando as minhas mãos.

“Para de ser boba,eu só quero ver esse corte na sua testa,não havia reparado por causa do seu cabelo”

Ele levou a mão de leve e fez algo parecido com uma caricia,onde deduzi ,estava o corte e então deu um passo para trás,me olhando inteira o que me deixou constrangida.

“É...parece que você está inteira,vai sobreviver...mas,por que você está vermelha,você está da cor do seu cabelo”

Ele dizia rindo e eu não estava achando graça nenhuma.

“A culpa é sua,que fica me olhando com esses,esses olhos azuis penetrantes,já disse que não sou esse tipo de garota”

Ele começou a gargalhar de verdade.

“Azuis penetrantes ? ok...mas são os únicos que eu tenho e quanto a você não ser esse tipo de garota,na verdade você é do tipo louca de garota.”

“QUE ?!”

“Sim e para sua sorte,meu tipo preferido de garota”

Dizendo isto ele virou e foi embora ainda rindo,rindo da minha cara...que nesse momento deve estar mais vermelha que meu cabelo,aliás prazer eu sou ruiva,não natural,mas desde que me foi permitido pintar o cabelo,eu só pinto de vermelho.

Entrei em casa e meus pais estavam na sala assistindo a o noticiário.

“Tudo bem filha ?”

“Sim,pai”

“Certeza?”

Meu pai não podia deixar para reparar em mim depois,claro que não,tem que ser agora.

“Sim,pai”

Subi tentando ir direto para o meu quarto,mas a minha irmã,me achou primeiro.

“Quem era aquele?”

Ótimo ela viu o Sky,nem eu sei direito quem é ele e ela quer saber ?

“Ninguém,Anabelle,cuide da sua vida”

“Ok,não tá mais aqui quem falou”

Dizendo isto ela entrou em seu próprio quarto;Aproveitei e entrei no meu também,uma parede inteira apenas com os desenhos que eu fazia,eram bons,mas apenas um hobby,sentei no espaço que havia separado para desenhar com meus lápis ao alcance e comecei a desenhar ,abri minha mente e a deixei vagar,enquanto minhas mãos trabalhavam,então terminei e para minha surpresa,eu desenhei um céu,com um par de olhos no meio e enquanto todo o desenho estava em preto e branco a iris dos olhos,estavam pintadas em azul.

“Sky...”

Acabou escapando dos meus lábios.

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Debora Costa
Enviado por Debora Costa em 25/02/2014
Reeditado em 26/02/2014
Código do texto: T4705900
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