TROLAR AMIGA
Enquanto escrevo, olho para a rua e vejo a Paola, na rede, com a Kaliandra, tramando alguma coisa. Fico observando, disfarçadamente, continuando a teclar.
Liga para a melhor amiga: Gabriela.
- Amiga, olha só. Preciso falar algo difícil, ta? Mas não diz nada, nem uma palavra, só deixa eu falar. Estou muito triste. Uma amiga entrou no bate-papo. Contou que tu fala de mim. Não acreditei, claro. Disse que confio em ti, que és minha melhor amiga. Aí... não, não fala. Deixa continuar. Então ela me deu a senha, Entrei no face...
Parou de falar. Foi a vez da Kaliandra.
- Gabi, ela ta chorando.
E a Paola soluçou. Na mesma hora, a Gabriela começou a chorar.
- Amiga, não faz isto. Não é verdade. Nunca falei de ti.
Parando os soluços, mas ainda chorando, Paola continuou:
- Eu vi. Ela me deu a senha. Eu vi.
- Não era eu. O que estava escrito lá?
Mais soluços de ambas.
- Tu dizia que falo mal de ti, que vivo te chamando de loira.
- Por favor, não é verdade. Não é. Diz o nome dela, diz que quero saber.
- Não. Não posso te dizer. Estou desesperada. Logo tu, minha melhor amiga.
Somente soluços. Gabriela mostra-se desesperando, argumentando, dizendo que não quer perdê-la.
Então, a Paola dá uma gargalhada.
- Te peguei de novo. Assim não tem graça. É muito fácil. Estava te trolando.
- Ai! Verdade? Tudo mentira?
A Paola gargalhando.
- Amiga, a tua mãe ta aí? Ela ouviu tudo?
- Sim. Ficou assustada com meu choro.
Mais gargalhadas.
- Outra vez, tu me trola, ta? Beijos, amiga.
Desligou, saltou da rede rindo sem parar.
Achei maldade, mas fingi não ter ouvido nada.