O Preço de uma Estrela (Capítulos 135 e 136)

Capítulo 135: A Carta

Já fazem dois dias que eu estou no Rio. Falei com minha família pelo telefone explicando tudo que aconteceu e deixando-os mais tranquilos. Liguei para o Marcos, mas só dá caixa postal. A Penélope nem me ligou ou veio aqui para falar sobre o ocorrido. Na mídia minha suposta traição virou a notícia do momento, pelo menos até ontem quando eu liguei para a revista que publicou a falsa reportagem e pedi para falar com o repórter que escreveu aquela mentira. Ele disse que o Henry já havia ligado e me pediu desculpas.

" - Alô? Liani Mendes?

- Alô, você é o repórter William Tenório?

- Sim, sim.

- Ah, que bom. Eu pedi para te chamarem pois quero que você faça uma reportagem se retratando perante a mentira que publicou sobre mim.

- Sim, eu sei Liani, o Henry Praffe já ligou aqui e me contou o que ocorreu naquela noite.

- Henry?

- Isso mesmo, ele me disse que vocês apenas tomaram um suco, que não foi nada de mais.

- Claro que não foi. Me desculpa senhor Tenório, mas eu quero que esta matéria saia o mais rápido possível, você pode dizer que fui eu que liguei para explicar a mentira que você publicou, pode até ir lá no hotel e conversar com os funcionários do bar, pois estávamos no bar do hotel, apenas conversamos sobre trabalho, nada de mais. Olha, eu nem sei se devia estar ligando para você para dizer estas coisas, mas é que é injusto e acredito que antiético para sua profissão, não é?

- Olha Liani, eu sei que a revista errou e é por isso que amanhã iremos publicar no nosso site uma matéria explicando o que realmente aconteceu.

- E acho melhor você escreverem que erraram mesmo, tipo 'Nós da redação erramos ao colocar que a senhorita Mendes traiu o seu namorado Sandret, pois isso não aconteceu. Foi um erro, um grande erro por parte da redação inventar algo'.

- Não podemos colocar que inventamos.

- Ah não podem? Que pena, porque eu estava pesquisando e acho que isso dá um grande processo, não é verdade?

- Processo? Você vai nos processar?

Nossa, não achei que ele fosse ficar com medo. Liani 01 X Redação 00.

- Isso mesmo, ou a revista ou quem sabe você. Já imaginou seu nome nas mídias dizendo o quanto você é um mentiroso? Imagine seu emprego. Será difícil conseguir um, se você tiver fama de mentiroso, não é?

- Estamos levando esta conversa para um outro rumo.

- Estamos sim. Senhor Tenório, eu sinto muito se isso será ruim para você, mas é melhor você dizer a verdade nesta nova matéria e dizer que vocês inventaram esta história. Foi uma conversa amigável que eu faria com qualquer pessoa, até com você se você não tivesse cometido este enorme erro.

- A revista não irá colocar que inventamos isto, porque não foi inventado.

- Você está dizendo que eu estou mentindo?

- Não, não foi isso.

- Certo, porque se for isso, pode deixar que eu irei escrever a minha matéria e irei publicar em vários lugares, voltarei até o hotel e gravarei um depoimento das pessoas que me viram aquela noite, colocarei a verdade e direi o quanto vocês são mentirosos. Agora eu já vou indo, irei mandar um advogad....

- Espera, espera. Eu não quis dizer que você estava mentindo.

- Então o que foi?

- Liani, só publicamos o que dizia a carta que chegou na redação.

- Carta?

- Sim. Droga, minha chefe vai me matar.

- Eu quero saber da carta.

- Me encontra hoje na praia. Vou te passar o endereço.

- Você deve estar mentindo de novo.

- Não. Eu vou te entregar a carta. Me encontra daqui uma meia hora."

Quando eu me encontrei com ele, o William me entregou um envelope, disse que ali estavam as fotos e a carta que chegou na redação.

" - Minha chefe vai me matar por estar fazendo isso, mas eu não quero ser processado. Prefiro apenas se despedido do que ter meu nome vinculado à uma mentira e nunca mais conseguir algum emprego.

- Pensou bem, meu irmão é advogado.

Menti mais um pouco. Acho que assistir filmes e séries policiais me ajudaram a encostar esse cara na parede.

- Então, de quem é a carta?

- Algum anônimo, simplesmente estava no meio das correspondências, sem remetente, nem selo.

- Posso ficar com ela?

- Era para ela estar no arquivo da redação, posso te dar uns três dias no máximo com ela.

- Ótimo.

- Mas se é algum anônimo que mandou esta carta, porque você a quer.

- Também não sei, mas sei lá, eu quero vê-la, e você não quer que eu faça isso aqui, certo? Na praia, onde pode aparecer qualquer pessoa e te descobrir?

- Tudo bem. Daqui três dias você me encontra aqui, neste mesmo horário.

- Contanto a partir de amanhã, certo?

- A partir de hoje. De hoje.

- Tá legal. Obrigada"

E agora eu estou com esta carta que conta detalhadamente o que estava acontecendo naquela semana. Deitada no sofá, eu olhava para o teto tentando imaginar por que um anônimo iria inventar um história desse tipo sobre mim, sendo que eu nem sou tão famosa assim. E além do mais, seria um grande furo, por que ele resolveu enviar como um anônimo para a redação, sendo que podia podia levar uma grana com essas fotos? Estranho.

Dindon.

- Já vai!

Quem será?

Abri a porta e o Leandro estava do outro lado sorrindo.

- Saudades!

Nos abraçamos.

Capítulo 136: Raciocinando

- Oi amiga, eu estava com tantas saudades de você.

- Oi Le.

- Nossa que desânimo. Marcos, não é?

Droga, me esqueci. Será que o Marcos contou para ele? Acho que não, ele parece nem ter a mínima noção.

- É a notícia. Você viu a revista?

- A revista, o site, tudo. Esqueceu que eu tenho um amigo viciado em você?

Marcos?

- Quem?

- O menino que trabalha comigo.

- Aaaaah. É verdade.

- Quando ele me mostrou eu fiquei sem reação. Então ele começou a te defender, dizendo que devia ser mentira. E eu concordo com ele. Mas o que aconteceu? Por que aquelas fotos Li? Foi montagem?

- Não, não foi.

- Então você...

- Não! Eu não traí o Marcos.

Leandro sorriu.

- É claro que não traiu, vocês não estão juntos de verdade.

- Certo, se pensar desse jeito, mas a mídia não sabe, não é?

- Mas aconteceu mesmo? Você e este tal de Henry estão apaixonados, ficando, ou sei lá o quê?

- Não Leandro. Eu vou te contar tudo.

Então eu contei para o Leandro desde o momento das flores até o gole de suco, só não falei das partes em que eu e o Marcos ficamos próximos.

- Então foi isso. Apenas um suco e a mídia transformou em uma traição.

- Foi.

- E também é por isso que o Marcos está arrasado.

- Como assim?

- Vocês brigaram, não foi?

- Sim, mas...

- A imagem dele.

Imagem?

- Ele a preza muito. O nome dele estando ligado a uma traição, ainda mais quando ele faz o papel de corno, é péssimo.

- Ah, claro.

- Eu tentei falar com ele desde que chegou, mas não dá, ele vive falando que está trabalhando, fazendo oficina para o novo papel, etc. Mas eu acho que ele está muito mal, e por não gostar que ninguém o veja assim, ele se afasta.

Eu preciso contar para ele, não posso deixar ele se enganar deste jeito.

- Olha Leandro, eu preciso te contar uma coisa.

- O quê?

- É que....

♪ Amor da minha vida/Daqui até a... ♪

- Droga!

- Tudo bem, depois você me fala.

- Não conheço este número.

- Então atende.

- Só um minutinho. Alô?

"Liani?"

- Quem fala?

"I'm sorry. Quer dizer, desculpe. Eu sou o Henry, lembra?"

- Henry? Como conseguiu meu número?

"Penélope. Ela me passou."

- Como?

"Eu liguei para ela para falar sobre a notícia. Eu sinto muito. Eu fiquei muito triste e eu também fiquei raiva. Eu não quis te causar problemas."

- Tudo bem. Eu liguei na redação da revista, eles me disseram que você ligou para lá.

"Sim. Quando eu vi a notícia, eu pensei em você rapidamente. Eu pensei o quanto que isso pode ser ruim para você. Eu já vi muitos casos em que uma grande atriz fica mal por ter um caso com o diretor. Isso é ruim para imagem e não é profissional."

- Eu também acho. Eles já publicaram um reportagem no site da revista. Eu também falei algumas coisas na minha página social.

"Eu também. Eu também falei. Você está bem?"

- Sim, eu estou.

"Eu só vi a notícia ontem a noite. Desculpe. Se eu visse antes, eu já teria feito algo."

- Não se preocupe, eu preciso estar alerta com isso. Acontece sempre isso na vida de outros artistas, sempre há boatos sendo publicados na mídia, sempre imaginam coisas de um aperto de mão. Não se preocupe, de verdade. Esta não será a primeira, nem a última vez que a mídia fala algo que não existe de fato.

"Isso é verdade. Eu apenas liguei para saber como você está."

- Obrigada.

"Você já está no Rio de Janeiro?"

- Sim, sim.

"Ah, eu já estou nos Estados Unidos. A gente se vê."

- A gente se vê. Até mais.

"Bye, bye."

Ele desligou e eu suspirei fundo. Que legal da parte dele.

- A gente se vê? Você vai se...

- Não, não. O Henry é só um cara legal. Ligou para se desculpar do que aconteceu. Viu? Ninguém teve a intenção de nada. Somente esta mídia idiota. Você acredita que ele ligou para a revista para dizer que tudo era mentira? Ele é um cara legal.

- É, legal mesmo da parte dele.

Ficamos um pouco em silêncio.

- Ele gosta de você, não gosta?

- Acho que sim.

- Ah, agora faz mais sentido. Rsrsrsrs.

- Rsrsrs, mas eu não gosto dele.

- Eu sei, mas você precisa se acostumar com estas suposições.

- Eu tentarei.

- Celebridades sempre têm um monte de namorados e sempre fazem um monte de barracos.

- Pois isso agrada o público.

- E vende as revistas.

- Faz os sites serem acessados.

- E muitas outras coisas que o público ama. Rsrsrs.

- Rsrsrs. É. Mídia idiota!

- Mas todas as celebridades a amam e não vivem sem ela. Rsrsr

- Inclusive eu! Rsrsrs.

- Ai. Se bem que esse anônimo também foi perverso, não é?

- Que anônimo?

- Enquanto você falava com o Henry, eu fui ver isto aqui que está em cima da mesa. É uma carta anônima, não é? Não tem remetente.

- Ah é, o repórter da revista, depois de eu fazer uma ceninha, me deu e disse que somente publicou a mentira pois alguém havia mandado isso.

- Sério?

- É um grande furo, não é?

- É. Teve uma grande repercussão, você viu. Ele parece um perseguidor. Sabe o que me lembrou?

- O quê?

- As fotos que eu recebi em casa.

- Que fotos?

- Do Marcos com outros caras. Foi um anônimo também que me enviou. Lembra que eu disse que cheguei em casa e lá estava um envelope na minha caixinha de correio? Não tinha remetente também.

De repente um luz surgiu em minha mente.

- Será?

- O quê?

- Não faz sentido, quer dizer FAZ SENTIDO.

Eu comecei a andar de um lado para o outro da sala.

- Eu não estou entendendo Li.

- Pensa Leandro: com estas fotos a pessoa que tirou poderia ganhar muito dinheiro. Talvez nem tanto, mas poderia tirar vantagem disso, já que é um grande furo, certo?

- Sim.

- Mas por que a pessoa iria abrir mão disso? Por que ela iria querer colocar isso nas mãos de um repórter sem nem mesmo se identificar?

- Eu não sei. Talvez ela só quisesse te prejudicar.

- Isso mesmo!

- Mas por quê? Por que alguém iria querer te prejudicar? Na verdade não só você, seria você e o Marcos, não é? Já que ele é tachado como corno e com isso sua imagem cai um pouco.

Parei subitamente.

- Por que esse anônimo iria querer prejudicar você e o Marcos?

- Penélope.