Era uma vez...Eu! Cap. 44

Desci as escadas e já podia ouvir uma música lenta e baixa soando,música clássica,eu acho.Minha mãe gostava de colocar esse tipo de música em suas "festas",festas chatas onde todos se diziam parentes,mas eu custava reconhece-los.

_Bruninha veja só como está grande e que belo vestido.

_Olá tia Betty.

Tia Betty nada mais era que uma quarentona que gostava de garotões e para o meu desgosto ela estava com um vestido semelhante ao meu a diferença é que o dela é de um vermelho sangue e o meu azul claro,porém ambos tomara que caia com o mesmo corte.Eu mereço.

Me afastei dela antes que alguém mais reparasse e acabei avistando o meu pai,mas antes que pudesse desviar o caminho ele me avistou e me chamou.

_Sabe das regras,né ?

_Nada de bebidas e bla bla blá.

_E...falta de respeito,esse jantar é importante para sua mãe.

_Todos são.

_Exatamente,todos são.Então comporte-se.

_Pai,eu não sou criança.

Ele me olhou de cima abaixo,respirou fundo e me deu as costas não sem antes me deixar ouvir um "infelizmente não é".

A noite seguiu longa e chata,eu já não aguentava mais sorrir forçado e fazer parte de conversas que eu realmente não entendia.Por exemplo que iniciativa eu acho que o governo deve adotar para melhorar o país.Fingir que tinha alguém me chamando era a melhor opção.

Quando eu já não aguentava mais permanecer ali,minha mãe atraiu atenção de todos e disse que tinha um comunicado a fazer."Eu estou grávida''.Nossa que legal,sério que tudo isso era para dizer que estava grávida ?.Logo ela e meu pai estavam envolvidos por homens e mulheres que queriam saber como isso aconteceu.Sério que eles não sabem ?

Aproveitei que a atenção estava toda em cima dos meus pais e fui em direção ao jardim.O ar era fresco,o céu escuro e estrelado,era nisso que reparava quando me senti sendo puxada e tendo minha boca tampada em seguida.Comecei a socar com toda a força que tinha o peito de quem me segurava.

_Ai! sou eu.

_Caique ?!

Quando percebi que era ele e que estava rindo,bati mais forte que antes.

_Ei,já sabe que sou eu,por que está me batendo ?

_Porque você me assustou...droga e amassou o meu vestido.

Ele esfregou onde eu bati e ficou rindo.

_Está rindo de que ?

_Só estava pensando que da ultima vez que eu amassei o seu vestido,você não reclamou.

Ele falou rindo mas consegui sentir uma pontada de tristeza em sua voz.

_Acho melhor eu ir.

Mal me movi e ele segurou meu braço.

_Não.Fica por favor,eu juro que me comporto.

Ele sorriu e foi impossível não sorrir de volta.

_Ok,mas lembre-se você prometeu.

Sorrimos mais uma vez e então já não havia assunto para preencher o silêncio.Ficamos um tempo assim e alguns minutos depois ele mesmo o quebrou.

_Desculpa ter sido tão infantil,ao saber do seu namoro.

_Tudo bem.

_Não,não está tudo bem,mas eu espero que fique,eu realmente esperava que ficássemos juntos,mas uma coisa é certa,somos primos,sempre estaremos juntos seja próximos,ou ligados pelo sangue que corre em nossas veias.

Fiquei encarando ele com uma cara que nem eu sei e de repente ele começou a gargalhar.

_Que foi?

_Sério que eu disse, ligados pelo sangue que corre em nossas veias ?,na minha mente soava bem mais legal.

Só então eu também comecei a rir e o abracei apertado.

_Foi estranhos mais sempre seremos,primos e amigos.

_Sim,sempre.Assim se o Carlos te magoar,depois que eu arrebentar a cara dele você sabe para onde correr.

_Ele não vai me magoar,eu sei usar uma faca.

_É...acho que ele não teria coragem mesmo,afinal facas machucam.

_Quer testar ?

_Não,eu que não duvido de você.

_Acho bom.

Baguncei o cabelo dele que só agora percebi estar penteado e sua roupa era própria para a noite,mas ele não parecia nada a vontade de gravata,então comecei a afrouxa-la e ele pôs suas mãos por cima das minhas me parando.

_Facilita,o meu lado Bruna.

Pensei no que ele disse e me dei conta que ele tinha razão.

_Foi mal,Ok ?

_Ok.

_A culpa é das estrelas ?

_Não.É minha mesmo.

Ele sorriu fraco e se sentou em um banco ali perto,fiz o mesmo e assim ficamos por muito tempo,enquanto a festa se seguia do lado de dentro o silencio nos abraçava.

Debora Costa
Enviado por Debora Costa em 28/12/2013
Código do texto: T4627965
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