O Preço de uma Estrela (Capítulos 123 e 124)

Capítulo 123: Henry Praffe

Nossa que cansaço! Tudo bem que viemos de avião, mas isso não quer dizer que foi relaxante. O Marcos veio em silêncio a viagem toda, quando eu entrei no carro, depois que me despedi do Leandro, ele estava olhando para a janela, nem vi seu rosto, mas depois ele também continuou assim, quieto, sério. Poderia jurar que ele está me evitando, mas por qual motivo? Por eu ter falado dos meus sentimentos? Por ele realmente gostar do Leandro? Pensando assim, eu nem pareço amiga do Le, mas fazer o quê, eu estou com ciúmes sim, e isso dói. Melhor eu continuar tomando banho, porque a dona cor-de-rosa já veio me chamar para jantar e amanhã eu preciso ir ao set de filmagens. Respira fundo Liani, vai dar tudo certo, em um futuro próximo eu estarei rindo disso tudo.

Sai do banho e me encontrei com o Marcos deitado na cama.

Droga!

- Demorou.

- Eu estava tomando banho e relaxando, o que você quer?

- Nada.

- Como nada? Eu vou trocar de roupa, dá para sair?

- Aqui é meu quarto também, se troca no banheiro.

- O-o-o quê?

- Como assim o quê?

- Como assim este é seu quarto?

- Não é mais segredo que estamos juntos, então estamos no mesmo quarto. Bom, acho que vou tomar um banho enquanto você se troca.

Estava em choque. Tudo bem que não é mais segredo para ninguém, afinal a gente não desmentiu o que as notícias dizem sobre nós e a Penélope já sabe que estamos "namorando", mas...

O Marcos passou perto de mim para ir ao banheiro, então eu o segurei pela mão.

- Espera!

Ele nem me olhou, apenas parou.

- Por que você está fazendo isso?

Silêncio.

- Por que está me evitando?

- Eu estou no mesmo quarto que você, não estou te ev...

- Você não apareceu já fazem duas semanas, não falou comigo a viagem toda, e agora você fica no mesmo quarto que eu?

Marcos soltou sua mão da minha e foi ao banheiro sem me dizer nada.

Respirei fundo e fui colocar um vestido simples e uma rasteirinha, deixei meu cabelo solto para secar e desci para o restaurante do hotel, onde a Penélope esperava com o Hugo e um homem que não me era estranho.

- Aí está ela! Como está querida? Relaxou um pouco? A viagem foi curta mas cansativa, não é mesmo?

- Ah, sim.

Por que ela está toda sorriso?

- Este é Henry Praffe, ele é diretor de um seriado americano.

Apertei a mão dele com um sorriso. Henry Praffe? Este nome não me é estranho.

- Muito prazer, senhorita Mendes.

Uau, ele fala português, mas que sotaque horrível. Melhor do que eu falar inglês, já que não sou tão boa assim.

- O prazer é meu, senhor Praffe.

- Ele irá jantar conosco, Liani. Onde está o Marcos?

- Ele está tomando banho, daqui a pouco ele desce.

- Certo, vamos para a mesa então, assim já começamos a fazer o pedido.

O jantar foi muito chato. Penélope, Hugo e o tal Henry ficaram falando de negócios, já o Marcos ficou estranho desde que se encontrou com a gente.

- Bom Liani, você já sabe o que fazer, certo?

- Sim, amanhã eu vou até o set para conhecer e depois eu vou conversar com o senhor Vasconcelos.

- Isso, eu vou embora amanhã de manhã, assim não poderei te acompanhar.

- Tudo bem, eu já vou me deitar para não perder a hora amanhã.

- O Marcos já subiu?

- Já.

- Hum, ele anda meio estranho. Você brigaram?

Até ela notou. Chacoalhei a cabeça negativamente.

- Deve ser por causa do Henry.

- Hã?

- Boa noite Penélope e Liani.

- Ah, boa noite Henry.

Fiquei no vácuo de novo. Sorri para o Henry, acenando com a cabeça.

- Fiquei encantado de conhecer você Liani, espero ver você novamente.

- Eu também.

Ele até que é bonito e encantador, mas...Estou preocupada com o Marcos.

- Boa noite pessoal.

Me despedi e subi para o quarto.

Capítulo 124: Sou somente uma Imagem

- Marcos?

- O que foi?

- Ah, você está aí.

Marcos saiu do banheiro.

- Aconteceu alguma coisa?

- Não. E com você? Aconteceu?

- Não, eu só estou preocupada com você.

Marcos me ignorou indo em direção à cama.

- Aquele homem já foi?

- O Henry?

- Henry? Já estão tão íntimos assim?

Respirei. Ele já está bem.

- Você não se lembra dele, né?

O Sandret começou a mexer nas cobertas, de costas para mim, arrumando-as como se fosse para se deitar.

- E eu deveria?

- Foi ele quem te mandou um bilhete e rosas azuis no dia da sua apresentação na peça Os Vagabundos.

Sabia que já tinha visto aquele nome.

- E hoje ele não tirou os olhos de você no jantar inteiro.

- Eu nem reparei nisso.

- E foi ele quem me descartou do pequeno papel hollywoodiano para o qual eu fiz o teste.

Agora tudo faz sentido. Marcos todo nervoso se sentou na cama, olhando para o chão. Coitado.

- Idiota.

- Marcos, eu não sab...

- E você ainda vai vê-lo muito, sabia? Simplesmente por ele ser amigo íntimo do Vasconcelos.

- O quê?

- A Penélope não te falou, né? Típico dela. Este filme tem caráter internacional, está sendo financiado pelo Henry. O senhor Vasconcelos é um grande diretor de filmes dramáticos. Ele e o Henry se conheceram na faculdade.

- Mas esse Henry é muito mais novo, não é?

- Sim, ele é. De ver ter uns 30 anos. Mas o Vasconcelos fez faculdade de cinema tarde. Porém, nunca é tarde para estudar, não é?

Chacoalhei a cabeça positivamente. Henry, ele não é tão velho assim. 30 anos. Fui até a janela, respirar um pouco. Filme de caráter internacional? Por que não me falaram?

- A Penélope deve ter evitado te contar para você não ficar tão nervosa nas gravações.

Isso pode ser verdade. E se for, por que o Mar....Senti seu braços me abraçando e sua respiração na minha orelha.

- Eu passei duas semanas com o Leandro, me escondendo de você.

Como estávamos longe antes eu não percebi, mas agora, bem perto de mim, sinto o seu bafo com cheiro de vinho. Ele está bêbado.

- Aquele homem gosta de você, eu acho. Ele é melhor do que eu. Ele tem muito mais fama do que eu. Você não quer ser reconhecida? Com ele você com certeza será reconhecida internacionalmente.

- Por que você está dizendo isso?

- Porque eu não consigo acreditar no que você sente por mim, porque eu quero que você seja aquela pessoa que eu pensei que você fosse no início, porque eu quero que você me largue, eu quero que você me deixe.

Aquelas palavras me deixaram muito triste. Chorando eu afastei o Sandret de mim e o olhei indignada.

- Por que você está me dizendo essas coisas?

- É difícil de você entender, né?

- Marcos.

- Liani, quando você disse que gostava de mim, você não imagina o quanto eu odiei ouvir aquilo e o quanto eu...eu gostei.

Com os olhos molhados eu o olhei confusa, Marcos estava com o rosto molhado e vermelho.

- Eu sempre te achei uma interesseira, mas daí você começou a se mostrar amiga, a entender os meus sentimentos, a ajudar o Leandro, a NOS ajudar. Droga Liani, por quê? Por que você tem que ser assim?

Marcos veio até mim e me segurou com força pelos braços. Me olhou nos olhos, percebi que ele chorava. Então suas mão foram me soltando e ele me abraçou.

- Me desculpa. Me desculpa. Eu..agi...Eu fui um idiota estas duas semanas. O mesmo idiota de sempre. Achei que...Achei que se você...Você me visse te evitando...vo-você iria parar de gostar de mim. Achei que você veria o quando eu sou um idiota.

O que deu nele?

- Por que você gosta de mim? Eu sou um ignorante, um covarde, apenas uma imagem. Eu só sou uma imagem e eu..e-eu não quero que você seja mais uma que se apaixona pela minha imagem.

O Sandret parou de me abraçar, me afastou de seu corpo e olhou em meus olhos, agora sendo bem terno.

- Liani, tudo começou com uma chantagem mas...eu...

Então ele parou, abaixou os olhos e depois foi se deitar na cama. O que foi isto? Por que ele...

- Marcos?

Me virei para ele e fui até a cama, onde deitei ao seu lado. Ele já está com os olhos fechados.

- Marcos você está dormindo?

Sem resposta, me virei de costas para ele e olhei para o céu, que eu podia ver pela janela.

- Eu só passei estas duas semanas com ele para comprovar uma coisa. Me desculpa.

A voz do Marcos silenciou e o sono chegou até mim, mas antes de dormir eu só pude pensar: O que o Sandret quis comprovar?