Asas da meia-noite

Tá legal. Aqui estou eu. Escrevendo, pra quem quer que seja que dia vai ler, uma pequena descrição sobre mim.

Acabei de descobrir que eu sou uma fada!

Arrgh! Comecei tudo errado. Acho que vou riscar e amassar e começar tudo de novo.

Oi. Prazer, eu sou uma fada, quer dizer... uma humana que acabou de descobrir que é uma fada... E hum... Tenho asas (?). Não, não. Isso está péssimo! Como se começa um negócio desse? (antes que você pergunte, não, eu não sou tão ruim em redação assim ok? Só que tem horas - como essa por exemplo - que a gente não faz idéia de como começar um texto).

- Mãããããe! Você tem certeza de que eu tenho mesmo que fazer isso?

Ops... A caneta estava tão concentrada em fazer o favor de escrever tudo o que penso que as vezes eu esqueço de que ela escreve tudo mesmo. E nem adianta passar corretivo mesmo porque enfim, o texto aqui já tá todo errado.

Bom... Primeiro, minha mãe - como você deve ter lido ali em cima -fica falando umas milhões de vezes que eu deveria começar a anotar o que anda acontecendo comigo (ela diz que eu deveria escrever como um conto porque quem sabe isso vire um conto "de fada". Péssima piada, próxima!), porque obviamente não é todo dia (ou noite) que uma garota tem um pesadelo de que está caindo e caindo e caindo eternamente e de repente acorda de cabeça pra baixo dormindo no teto.

Vamos dizer que no começo eu achei que fosse coisa do pesadelo e até esfreguei os olhos. Quando os abri, estava na minha cama tudo certinho quando vejo uma coisa estranha no espelho. Eu fui andando até lá só com a luz da lua refletida na janela e vejo um ser meio esquisito com a silhueta deformada. E aí me dou conta de que aquele ser era eu.

Oh! Escrevi "primeiro" pra falar do fato do por que estar escrevendo mas não escrevo meu nome, que beleza hein! Prazer Lea. É assim mesmo. E não queira saber como é meu nome completo, porque só assim está bom. Hum... Se quiser mais ou menos uma imagem minha, imagine assim: tenho 1,60 de altura (nem sou tão baixinha, viu?), meus cabelos são castanhos claros que vão até a cintura e levemente ondulados. Meus olhos são de um marrom meio esverdeado. E minha pele é morena, algumas pessoas dizem que sou "bronzeada naturalmente" mas pra mim nem precisa de tanto, morena já está bom pra me definir. E hum. Vou fazer dezesseis anos daqui a uma semana. Não é a toa que dizem que só se faz quinze uma vez, ou no meu caso, se descobre que é uma fada uma vez ao final dos seus quinze anos. Pois é.

Ah! Uma coisa que eu esqueci de contar. Eu falo muito. E escrevo muito também. (Acho que já reparou no tanto de parênteses e explicações a parte que tem por aqui não é? Bem se acostume, comigo é assim mesmo. Muitas explicações e nada realmente explicativo).

Confuso tudo isso não é? Ha ha, que bom que você acha isso, porque não foi você que bateu a cabeça no teto quando esqueceu de que tinha asas que te fazem voar. Deve ser por causa da pancada que eu ando mais esquisita ultimamente.

E acho que o desafio de hoje foi exatamente esse né, contar um pouco sobre mim (?). Do tipo "Como as fadas se descreveriam em um conto?" belo título, depois tenho que me lembrar de colocá-lo em cima de todo esse texto (viu caneta?).

Você não faz idéia do que é estar na minha pele agora. Sabe, eu sei muito pouco sobre fadas, e na verdade eu nem pensava muito na existência delas. Fiquei aqui pensando que se existem, mas não sabemos comptente disso (quer dizer, os humanos não sabem) é porque deve ser um segredo. Vai ver a minha missão era viver secretamente no meio dos humanos (fadas realizam missões certo?) e acho que teoricamente eu não poderia jamais revelar ser uma fada. Mas minha mã me madou escrever isso, e quando mãe manda, você tem que fazer.

Estou com medo agora. Sinto uma pontada no coração toda vez que penso isso. Eu quero saber quem eu sou de verdade, sabe? Mas alguma coisa me diz que não é hora ainda. Que as minhas asas não deveriam ter aparecido agora. E que eu posso correr risco de vida se tentar descobrir. Que frio que passou por mim agora.

Risco. Vida. Morte.

Amor.

Dor.

É melhor eu parar por aqui por enquanto. Quando essa sensação me ronda, minhas asas tremem o que significa que não deve ser coisa boa. E na verdade elas acabaram de se abrir.

Porque o relógio está batendo meia-noite.

Bec
Enviado por Bec em 18/11/2013
Código do texto: T4576537
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