Me lembrei pra dizer que esqueci
Será que é cedo pra dizer que é tarde? As pessoas caminham sem direção, perdidas em lugares que conhecem como a palma da própria mão. E de repente aparece alguém estranho, mas que por algum motivo conhecemos muito bem. Por dezenas de vezes, - outrora- fez parte dos nossos sonhos. No lugar do rosto, existia um borrão, que some exatamente no mesmo segundo que vemos esse alguém pela primeira vez, por acaso em um cruzamento, em um café, enfim, em um lugar qualquer. E a partir de então, aquele ser em nossos sonhos, passa a possuir um rosto, e características vivas, peculiares tanto quanto na realidade. Só que sonhos possuem detalhes que os distinguem da realidade. Os sonhos não são reais, e neles as pessoas são frutos da nossa necessidade. Dois seres, duas dimensões. E por um segundo prefere dormir, para que tenha nos sonhos, momentos impossíveis em sua realidade. Passa preferir sonhar. Nos sonhos você não se machuca, ao menos não de verdade, e neles uma regra nunca se regra, como a “amar e ser amado” uma regra básica e essencial. Por que o amor é mais válido quando é reciproco. E por incrível que pareça, essa não é uma das minhas diárias recaídas que acontecem sempre que te vejo, sempre que converso com você, ou mesmo quando ouço seu nome por aí. Eu tenho mudado muito, eu tenho me tornado forte, andando por lugares onde não pode me alcançar e nem me derrubar. Não tenho me lembrado, em outro tempo te esquecer por um segundo era algo incogitável, uma piada. Mas se transformou em um prazer, que aconteceu sem eu perceber. Quando ouço seu nome, sorrio, e penso. “– Poxa! Não é mesmo que consegui. Sobrevivi.” E olha! Não me lembro mesmo, e somente me lembrei pra constar – no meio dessas palavras- que esqueci.