Papel da educação na humanização, segundo Paulo Freire (1997a)
O opressor se desumaniza ao desumanizar o oprimido, não importa
que coma bem, que vista bem, que durma bem. Não seria
possível desumanizar sem desumanizar-se tal a radicalidade social
da vocação. Não sou se você não é, não sou, sobretudo, se proíbo
você de ser (FREIRE, 1997b, p. 51).
No texto Papel da educação na humanização, Paulo Freire (1997a, p. 9)
ensina que
Não há, nesse sentido, uma educação neutra. Se, para uns, o homem
é um ser da adaptação ao mundo (tomando-se o mundo não
apenas em sentido natural, mas estrutural, histórico-cultural), sua
ação educativa, seus métodos, seus objetivos, adequar-se-ão a essa
concepção. Se, para outros, o homem é um ser de transformação
do mundo, seu quefazer educativo segue um outro caminho. Se o
encaramos como uma coisa, nossa ação educativa se processa em
termos mecanicistas, do que resulta uma cada vez maior domesticação
do homem. Se o encaramos como pessoa, nosso quefazer será cada vez mais libertador.
http://acervo.paulofreire.org/xmlui/bitstream/handle/7891/3087/FPF_PTPF_12_083.pd
Jovens, que em liberdade não puderam aprimorar o desenvolvimento de
suas potencialidades humanas, que não encontraram ainda o sentido de suas
vidas, e que não adquiriram escolarização ou profissionalização suficiente para
lhes assegurar um lugar em suas comunidades, estão sendo cada vez mais compelidos
a encontrar na prisão o espaço que lhes forje o caráter e a personalidade,
e a prisão que temos hoje em nada contribui para isto. Sérgio Adorno (1991, p.
79) chama a isto de “socialização incompleta”.
As definições clássicas de crime, de pena e de prisão não são mais suficientes
para explicar os processos sociais que estamos vivenciando neste início
de século 21, marcado pelo acirramento das desigualdades sociais, da pobreza
e do desemprego. (p172)