Ao pé da árvore
Ninguém chegava perto dela. Ninguém a via junto de alguém, mas ela sempre estava apoiada em uma árvore perdida dentro de si mesma. Ela tinha medo, medo do desconhecido, e todos tinham medo dela, daquela estranha silhueta envolta numa camada de solidão. Mas isso era tudo que ela parecia querer, ficar sozinha, temia a proximidade das pessoas, odiava aqueles que interrompiam com seus olhares de desdenho e nojo os seus pensamentos. Pensamentos tão diferentes da realidade, tudo sonhado, seu mundo perfeito. Possuí a um olhar diferente sobre o mundo, mas da sua boca elas não saíam temendo ser censuradas, da sua cabeça as ideias permaneciam trancadas, e seus gestos eram silenciosos e precisos buscando não chamar atenção. Mas sua feição tão serena e calma parecendo nem poder fazer expressão alguma nem chegava perto do que ela sentia realmente. Um fogo queimava dentro de seu corpo, um misto de raiva, dor, energia, coragem se erguia por dentro. Mas nada ela podia fazer, apenas fugia para sua realidade deixando-se ser por fora apenas a menina estranha no pé da árvore.