Era uma vez...Eu! Cap. 35

Ficamos por cerca de um hora conversando sobre os muitos lugares que ele e a família já moraram,as antigas escolas e as dificuldades de fazer amizades ou ter relacionamentos,pois eles já chegavam sabendo que dentro de meses estariam partindo.

_Deve ter sido muito complicado,viver desse jeito.

Ele tinha uma expressão séria e um pouco triste.

_Mas tudo bem,essa fase já passou;Agora nós vamos realmente ficar aqui.

Ele me olhou d'aquela maneira penetrante que se tornava impossível desviar de seus olhos de um azul intenso.

_E se possível,eu vou ficar com você.

Como responder a isso ?.

_Mas...

_Sem pressão,vamos,se não o almoço vira janta.

Caminhamos um ao lado do outro,em um dado momento ele pegou minha mão e entrelaçou nossos dedos.Resisti ao impulso de não puxa-la e relaxei.

Pegamos um táxi,ele abriu a porta para mim,mas assim que se sentou a o meu lado,tornou a pegar minha mão.A corrida durou cerca de uns vinte minutos,preenchidos por papo furado e carinhos na mão.

Ele abriu a porta novamente, para eu sair e foi pagar o taxista.

Estava em um bairro simples,mas de casas cuidadas;A casa a minha frente era grande,tinha um gramado verde e bem aparado,após as cercas brancas,tinha dois andares,as janelas amarelas e as paredes tom de pêssego,era simples e bonita.Sorri.

_Seja muito bem vinda a minha humilde residência.

Caíque passou um dos braços sobre os meus ombros enquanto falava.

_Obrigada.

Ele tirou o braço de meus ombros e entrelaçou nossas mãos outra vez.Não tentei impedir,de certa forma já estava até acostumada.

Ele abriu o portãozinho branco como as cercas que separava a calçada do gramado,assim que chegamos em frente a porta,ele levou a mão livre até a maçaneta,fez que ia abrir mas de repente parou,virou me encarou com cara de panico e um misto de brincadeira.

_Já estou pedindo desculpa antecipadamente por qualquer loucura.

_Acho que posso aguentar.

_Se você diz...e lá vamos nós.

Ele finalmente girou a maçaneta e logo pudi ouvir latidos de cachorro,o barulho da TV que cantarolava "EU TE AMO,VOCÊ ME AMA,SOMOS UMA FAMÍLIA FELIZ...".O choro de uma criança,o riso de outra e logo a voz de Silvia a mãe do Caíque e dos gêmeos se fez ouvir.

_Pierre,não pega a chupeta do Pietro.

Analisei a cena,os gêmeos estavam no chão,envoltos por brinquedos e almofadas,Pietro que era o de cabelo comprido e com franja, ainda tinha o rosto molhado por lágrimas,mas a chupeta novamente na boca e Pierre que era diferenciado por seu cabelo arrepiado parecendo que tomou choque sorria e fazia festa,junto a eles tinha um São Bernardo gigante;Silvia estava de costas para mim e Caíque,com um avental amarrado a cintura e um colher de pau não mão.Era uma cena inacreditável e gostosa de ver.

_Mãe ?

Caíque chamou e ela se virou assustada.

_Oi,filho,Bruna...mas eu pensei que vocês fossem ficar mais tempo no parque.

Ela consultou o relógio.

_Caíque,fica de olhos nos gêmeos e Bruna se sinta em casa,estou quase terminando o almoço.

_Obrigada,tia.

Em casa eu não me sentiria nunca,mas me sentiria melhor do que em casa.

Caíque soltou minha mão e foi em direção a os gêmeos,sentou no chão e começou a brincar com eles,o cão alheio a tudo dormia.

_Ique,Ique,Ique..

Eles pulavam em cima do Caíque e batiam palminhas.

Fiquei de longe só observando,não me senti no direito de participar d'aquela bagunça de irmãos;Mas Caíque de fato pensava diferente,pois fez sinal que eu para que eu me sentasse.

Sentei e logo Pietro veio em minha direção sorrindo e sentou no meu colo,e começou a brincar com o meu cabelo,puxando e embolando,até doía,mas ele era tão fofo que eu deixei.

Pierre logo começou a querer ficar comigo e brincar com o meu cabelo também.

_Eu quelo a Buna,Ique...

Ele fez um bico que me fazia querer aperta-lo inteiro.

_A Bruna está com o Pietro brinca comigo,eu vou ficar sozinho.

Caíque fez cara de triste e eu não pudi deixar de sorrir.Pierre fez uma carinha de quem pensava em algo muito complicado em seus 3 anos de vida e de repente seu rosto se abriu em um lindo sorriso.

_Ique sozinho não,tá ?,você binca com o auau e eu com a Buna.

Dizendo isto ele sentou no meu colo ao lado do irmão e ficou rindo.

_Viu o que eu ganho ?,eu ti trago aqui,perco você para os meus irmãos e os meus irmãos para você;Pior que eu nem sei de quem eu sinto mais ciumes.

Sorri com a cara de indignação dele.Ele parecia até falar sério,mas é claro que está brincando.

E assim se estendeu a tarde,entre risadas,babas,choros,puxões de cabelos,almoço queimado substituído por pizza,alguns beijos roubados,mas acima de tudo,muita risada,alegria e bom humor.

Debora Costa
Enviado por Debora Costa em 17/07/2013
Reeditado em 09/08/2013
Código do texto: T4390754
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