O tempo passa...
O tempo passa a gente perde o rumo e para de andar. Perde a conta, perde tudo, se perde. Vai indo a gente deixa de gostar, deixa de tentar, deixa de querer. A saudade aperta, aperta como quando, ficar um segundo sem se ver, era motivo de desespero. E aquela nossa vontade mutua de fazer o nosso melhor? De mostrar o melhor que tínhamos, para que gostássemos mais um do outro. Faz falta. Dá dó. Faz falta aquele tempo, onde existiam abraços demorados de madrugada, beijos calmos, beijos quentes, pés aninhando-se entre si, mãos entrelaçadas e nós, mas nunca um eu e um você, assim mesmo, tão distante, eu aqui e você aí não sei onde, com um vazio enorme no meio. Aquele tempo onde ficar era uma necessidade, ir estava fora de questão e não o contrário, como é hoje. Saudade do que eu era, do que éramos, repulsa do que nos tornamos. O tempo passa e perde a graça, perde a vontade. Vai indo a gente se acostuma, aceita, não criamos caso com a vida, não a contrariamos dizendo que ela deve estar errada, que houve algum engano no universo, que o certo é esse nosso errado, que de tão errado, acaba dando certo. E que o mundo só vai bem, quando a gente está bem.