O Efeito da Amizade

Alice olhou para Mário que vinha agarrado ao irmão, Júlio, a coxear.

Estavam no meio do mato há quase três horas à procura de Pinguinho, o cãozinho de Carla. Esta chamava por Pinguinho, com as pernas todas arranhadas das silvas e a voz a falhar por causa de tanto tempo a gritar pelo seu adorado cãozinho.

Alice, a tremer de frio, disse:

- Carla, podemos ir para casa? Está a anoitecer e não sei se conseguimos ir até minha casa.

- É! Tenho de levar o Mário ao hospital, pode não ser nada de grave, mas estou preocupado. E aqui não tenho rede. - Continuou Júlio.

- Está bem. Vamos. – Respondeu Carla, com a voz embargada pelas lágrimas.

Foram para casa de Alice onde a Senhora Cerqueira os esperava impacientemente.

- Olá! Já estava a ficar preocupada. Alice, anda ajudar-me a pôr a mesa.

- Primeiro posso ir tirar esta roupa?

- Claro! Oh, meu Deus! Vamos já tirar estas silvas. Espera, onde é que estão o Júlio e o Mário?

- O Júlio foi levar o Mário ao hospital, porque ele deu um grande tombo e não conseguia pôr o pé no chão – explicou Alice enquanto subiam as escadas.

- Mas foram a pé? Se quiseres eu ligo ao teu pai para ele os levar ao hospital…

- Não te preocupes, mãe, eles pediram à Xana da mercearia.

A mãe deu um duche a Alice, enquanto tirava os picos das silvas das calças e das botas (novas) que tinham ficado estragadas. Escolheu um camisolão rosa e umas calças de lã preta, uns chinelos verdes e umas meias brancas.

Carla estava na sala a ver televisão quando Júlio voltou muito pálido e molhado pela chuva da tempestade que estava lá fora. Este aproximou-se do sofá e sentou-se.

A mãe desceu e vendo o rapaz tão pálido e todo encharcado, disse:

- Júlio! O teu irmão está bem?

Júlio começou a soluçar e disse:

- O Mário partiu a perna e está com muita febre. A culpa foi minha. A Xana esqueceu-se de nos levar e nós fomos a pé com esta chuva. Ele ficou com a febre muito alta.

A mãe levou Júlio para o quarto que lhes tinha preparado e mudou-lhe a roupa, mandou-o tomar um banho e mediu-lhe a temperatura.

- Tens 39 graus de febre. Vai para a cama que eu vou só buscar um cobertor velho que tenho na garagem e aquecer uma botija.

Pouco depois, a Senhora Cerqueira voltou com um cobertor amarelo ocre debaixo do braço e uma botija roxa com água muito quente.

- Vou fazer-te uma sopa de cenoura. Queres que te aqueça um pouco de carne do almoço? – Perguntou a Senhora Cerqueira, fazendo uma festa nos cabelos loiros de Júlio.

- Sim, mas não quero atrapalhá-la. – Respondeu Júlio sorrindo.

- Ora essa, Júlio. És um amigo da família. Eu vou ali buscar o meu xarope caseiro. Cura tudo!

A Senhora Cerqueira enfiou pela garganta abaixo de Júlio uma colher daquele xarope de cor alaranjada, com um sabor desagradável.

No hospital:

- Quero ir para casa! – Gritou Mário.

- Sabe que não pode ir menino. Não até os seus pais chegarem. – Explicou a enfermeira, saindo da sala.

Entretanto o médico entrou na sala.

- Olá, rapaz! Sou o Dr. Pedro. Fui eu que te pus esse gesso que aí tens. Estás triste, hã?

- Estou triste, porque queria ir para casa ter com o meu irmão.

- Como é que se chama o teu irmão?

- Chama-se Júlio. Ele é muito fixe! Nós somos gémeos.

- Onde estão os teus pais? – Perguntou o Dr. Pedro.

- Estão na Europa, em Itália. Deixaram-me com um grupo de amigos, mas ainda não chegaram todos aqui à Flórida.~

A enfermeira teve de interromper, porque o Dr. Pedro e Mário, não paravam de tagarelar.

No dia seguinte, Júlio, Carla e Alice foram visitá-lo, com os pais de Alice.

Mário e Júlio abraçaram-se logo. Alice também abraçou Mário e deu-lhe um livro de presente.

- Toma! É para ti.

- Obrigado! – Agradeceu Mário.

Carla também estava feliz. No dia anterior, o Senhor Cerqueira tinha encontrado Pinguinho a vaguear na rua, quando ia para o trabalho.

- Desculpa lá! Afinal foi por causa do Pinguinho que te magoaste. Mas eu já ralhei com ele. Sabes o que foi? – Disse Carla, aproximou-se de Mário e sussurrou – Viu uma cadela que achou gira e depois perdeu-se.

Carla deu um beijinho na cara de Mário e todos se riram. Também Pinguinho deu uma lambidela na cara risonha de Mário.

A Senhora Cerqueira levou Mário para casa e o resto das férias foi muito divertido!

Sofia Correia Vilas Boas 30/06/2013

Minha neta Sofia de dez anos

Lorde
Enviado por Lorde em 30/06/2013
Reeditado em 30/06/2013
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