A Banda de Rock da 8º A.

Era o ano de 2013, se me lembro bem, estávamos na escola na 8º série A. Tudo aconteceu de maneira inesperada, como quase sempre as coisas acontecem. O Vinicius berrou lá do fundo da sala.

- Matheusinho, vamos criar uma banda de Rock? Já temos a vocalista, a Mayara. Não é mina?

- Tamô junto e misturado. Nada é nosso e tudo é nosso.

Não entendi muito bem, mas parece que ela gostou da ideia. Meio caminho de algum lugar, eu pensei. O baterista da banda será o Vitinho, o cara gosta muito de bateria, tanto é, que vive batendo nas carteiras e cadeiras da escola. O Marcelo, Mexerica como gosta de ser chamado, pode cuidar da sonoplastia e do som, algo que é muito bom, pois não para de escutar música e fazer mixagem nos discos e no celular. Terá, nessa tarefa, muita ajuda da Eduarda, Pamela e a Thalita.

- Então está feito, disse o Vinicius.

Fazer ou montar uma banda não é tão simples como parece, ao contrário, é algo árduo como qualquer trabalho, assim é necessário, sobretudo, diversos comportamentos e atitudes. Infelizmente somente aprendi isso mais tarde.

Precisamos de alguém que faça a promoção dos Shows, inclusive àquele que acontecerá na escola. A Karen, a Lidiane e o Lucas, professores, podem ajudar nisso. Também já temos onde ensaiar, o Fábio e a Stephanie cederam a garagem para os ensaios, pois os caras adoram um bom som.

No primeiro dia de ensaio, a Mayara trouxe uma música que estava trabalhando, metal pesado, agressivo e subversivo. Afinal, não dissemos claramente, mas a ideia da banda também era de subvertemos o sistema. Há muita coisa que deve ser discutida.

Naquele tempo tudo foi muito difícil, o baterista Vitinho não conseguia entrar em sintonia com o baixista Vinicius, viviam discutindo sobre qual instrumento era melhor ou quem tocava melhor. Disso não saia nada, o som menos ainda. A Mayara não acertava com o pessoal do som. Era o caos! Ainda bem que toda banda no começo tem seus altos e baixos, Charlie Brown Jr. sabia muito bem disso.

Enquanto resolvíamos nossas diferenças, o diretor Rodrigo e os coordenadores Douglas e Murilo passavam em frente à garagem que ensaiávamos. Não sei por que cargas d’águas, mas eles pararam para ver o que fazíamos. Qual não foi minha surpresa! De imediato eles propuseram um desafio. Na escola iria acontecer um Show com diversas bandas e diversos grupos culturais e, se conseguíssemos um som legal, poderíamos tocar.

Não é necessário dizer que isso empolgou a todos, o que não é dizer que as brigas diminuíram, ao contrário, as coisas azedaram. Na vida humana, ainda mais quem não se acostumou a lidar com as oscilações da vida, sempre tem uma carga extra de estresse. Torna-se meio que uma bomba.

Ensaiávamos todos os dias sem descanso, lembro que vi no Globo Esporte um cara dizendo que para se tornar profissional no que faz é necessário dedicação e trabalho, mais o primeiro do que o segundo. Nossa banda ensaiava e dividia o som dos instrumentos com a voz da Mayara e os cachorros que latiam na rua.

Transcorreram os dias. O dia “d” chegou, estávamos preparadíssimos. Chegamos com duas horas de antecedência e montamos os equipamentos. Chovia muito. Todas as outras bandas tocaram muito bem. Chegou a nossa vez. Estávamos emocionadíssimos, era um momento único. Acabou a energia elétrica.