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Capítulo 14 – O Baile - Parte 1
Demétri Scholz
- Como tu não vai cortar esse cabelo, Lennon? – Em última hora, eu resolvi me arrumar na casa de Lennon. E Isabel, como sempre pirando a tudo e a todos com sua ansiedade pra irmos ao baile.
- Mas Bel...
- Mas nada, vamos lá no banheiro, vou cortar teu cabelo. – Ela passou a mão pela juba loira do “namorido”. – Eu cortei o do Lucas e arrasei.
Lucas sorriu aprovando o feito de Isabel. Lennon não teve escolha.
- Tá nervoso? – Perguntou Lucas, enquanto eu terminava de me arrumar.
- Ansioso. Sinto que hoje as coisas vão se resolver, mas...
- Talvez não se resolvam? – Completou ele. Eu balancei a cabeça, concordando. – Pense positivo.
- Pensarei. E tu? Alguma boa pra hoje?
- Ah... – Deu de ombros, como quem se faz de indiferente. – Tenho umas aí.
- Umas quantas?
- Sete! – Respondeu, fazendo uma dancinha bastante ridícula. – To bem né?
- Aham, mas quero ver como tu vai lidar com sete gurias querendo tua atenção.
- Vou me sair melhor do que você com Merten e Aline, bora apostar?
- Aline... – Murmurei, triste. – Por um momento eu tinha me esquecido dela.
- Que bom que eu te lembrei. – Lucas, é mais do que nunca, uma cópia do Lennon. – To pronto. Espero que Isabel e Lennon não demorem.
Terminei de me arrumar silenciosamente. Não é uma boa ideia ir com a Aline, mas já era um pouco tarde pra me arrepender.
Cerca de meia hora depois, todos estávamos prontos, menos a Sra Diaz. Ela desceu as escadas com pressa. E estava linda em um vestido azul-bebê longo e o cabelo preso em um coque. Dei um tapa no queixo de Lennon, ele estava com a boca aberta.
- Vamos? – Perguntou ela, sem-graça. – Ai, não me olhem assim. – Eu ri de seu desconforto. – Cadê o Lucas?
- Está lá fora. – Lennon respondeu, com o olhar totalmente bestificado.
Como eu nunca curti muito ser vela, tratei de andar na frente e ignorar o clima de paixão que o casal exalava exageradamente. Quando passei pelo portão, encontrei Aline me esperando. E inegavelmente linda. Seu sorriso perigoso significava que estava disposta a tornar o baile um momento realmente inesquecível para mim.
Bruna Merten
- Merda!!!! O que eu vou fazer nesse cabelo? – Andei de um lado para o outro totalmente desesperada. Eveline quando tem que aparecer, simplesmente some. E isso tudo por causa de sua paixão platônica pelo babaca do Emerson. Eu acho que estou começando a não gostar da ideia de minha irmã ter um namorado.
Tentei prender meu cabelo. Porém, ao me olhar no espelho, o soltei. “Porque mesmo que eu inventei de ir naquele baile????”. Meu cabelo caiu feito uma cascata nas costas. As pontas formavam cachos perfeitos e bem definidos.
Me perfumei, peguei minha bolsa e enquanto fechava a porta de casa, ia cantando mentalmente a letra criada por mim. Daniel já me esperava em frente ao edifício. Lindo, totalmente lindo vestido à gala sentado em cima de sua moto. Ele me olhou dos pés a cabeça e sorriu, aprovando meu visual.
- Tem certeza que quer ir mesmo a esse baile? Podemos fazer coisas melhores na sua casa...
Gargalhei alto para tentar esconder meu nervosismo e sentei-me sob a moto. Daniel passou o capacete e seguimos viagem.
Há alguns metros da escola, eu já podia ver que Demétri realmente trabalhou na decoração. Havia muitas luzes iluminando o local e em várias cores, mas o destaque estava no azul. Consegui distinguir a música como de Adele. E por incrível que pareça, ela estava embalando mesmo a todos os presentes. Logo lembrei do meu último ano escolar, quando ainda apaixonada, esperei Lennon me convidar para irmos ao baile. O que não aconteceu. Ele me deixou viajar dizendo que não haveria baile, e se caso houvesse, não iria. Só descobri depois que ele tinha ido justamente porque Demétri jogou isso na minha cara. De certa forma, descobri muitas coisas por causa dele.
- Tá preparada? – Dan perguntou, quando estacionou a moto em frente a um bar fechado. Balancei a cabeça, assentindo. – Ótimo.
Caminhamos lentamente. Tentei relaxar, mas a cada passo, meu coração não batia, latejava tortuosamente. Eu estava indo pedindo pra me machucar indo a esse baile.
Daniel segurou minha mão firmemente. Entramos na escola e a primeira coisa que vejo é Demétri abraçado a Aline. Respirei fundo, bem fundo. “Tu é melhor que isso, bem melhor que isso.” avistei Lennon e Isabel. Não posso deixar de citar o quanto ela esta bonita, até mais coradinha esta a guria paulista. Ignorei a presença de Eveline. Traidora. Isso o que ela é. E está ainda mais traidora namorando o Emerson. Já disse que odeio todos eles? Ah não? Eu os odeio.
- Não fica braba, não fica braba, não fica!!! – Eveline veio saltitando até mim. Eu revirei os olhos. Também esqueci de dizer que é difícil ignora-la. – Tu tá linda!! E oi, Daniel.
- Eveline, olá. Está cada vez mais linda. – Ela sorriu. Quero ver a mulher que não se derrete com os elogios de Daniel.
- Obrigada.
Olhei rapidamente o grupinho de Demétri a ponto de ver o próprio me fitando com intensidade. Sustentei seu olhar, sorri e ainda mandei um beijinho. Aline notou e fez questão de se por na frente dele.
- Ele foi obrigado a convida-la por culpa do nada esperto Emerson... – Eveline disse, percebendo o clima no ar.
- E ele está bem infeliz por conta disso, não? Até o cabelo arrumou.
- É com tu que ele queria estar. – Sussurrou em meu ouvido.
- Eve... Invés de você ficar aqui tentando defende-lo, vá lá e fique com a turminha dele. – Falei, friamente. Minha irmã engoliu seco e saiu de cabeça baixa. Eu não gosto de ser rude com ela, mas às vezes sou obrigada.
Entramos finalmente. A primeira coisa que tive foi uma imensa onda de nostalgia. Lembrei da primeira vez que pisei aqui, dos momentos mais marcantes. As bagunças, pegações, brigas... E “dele”, claro. Tudo de certa forma me lembrava ao Demétri. E por mais que eu negasse a mim mesma, era um fardo que carregaria por toda a minha vida.
- Vou buscar algo pra gente beber. – Dan avisou. Paramos próximo ao banheiro feminino.
A iluminação do baile agora estava focada no centro. Agora tocava algo mais animado, que fez os adolescentes se soltarem e dançarem em grupos. Observei com um pouco de inveja e admiração eles viverem a vida como se deve ser vivida: sem preocupação.
- Então você vai deixar ele com ela mesmo? Sem dó? – Isabel parou em minha frente e me olhou séria. Eu dei uma risada debochada. Incrível como sempre me armo quando ela se aproxima.
- Demétri é livre.
- Demétri é seu, você sabe disso.
- O que tu quer, guria? – Perguntei, já impaciente com a intromissão dela em minha vida. O que é? Daqui a pouco também vem o Lennon me dar conselho.
- Quero que você pare de bancar a orgulhosa sem coração e fique com ele. Demétri te ama, Bruna!
- Ah não... – Balancei a cabeça de um lado pro outro. – É o que me faltava. Tu está mesmo me dando conselho?
Ela pareceu se tocar. Sua expressão tornou-se pensativa, até que ela deu de ombros e riu.
- Pode se dizer que sim. Não gostei dessa garota. Ela só falta engoli-lo. Você, por mais nojenta, cretina e insuportável que seja, o ama mesmo.
- O que te faz ter certeza disso?
- Eu a faço ter certeza disso. – Eis então que Demétri surge ao meu lado. Ele troca um sorrisinho cúmplice com Isabel, que sai, deixando-nos a sós. Desleixadamente, encostou-se sob a parede e me fitou dos pés a cabeça. – Tu tá linda.
- Eu sei. – Sorri, ignorando a tremedeira que estava se iniciando em minhas pernas. Como ele está lindo com esse smoking preto e esses olhos verdes brilhando de uma forma diferente. – Cadê a Aline?
- Foi buscar uma bebida pra gente. – Respondeu despreocupado.
Daniel foi buscar uma bebida também. Ele não... Não, não pode ser.
- Ah. Entendi.
Demétri me encostou a parede e ergueu meus braços pra cima. Foi tudo tão de repente que eu não tive tempo de para-lo. Uma mão dele pousou em minha cintura, a outra em meu rosto. Eu tentei empurra-lo, tentei mesmo, juro, mas a força com que ele me segurava era impossível me defender.
- Eu sei que tu estás com saudade. – Afirmou, rindo debochadamente. Olhei para trás procurando Daniel.
- Porque tu não morre, demônio?
- Se eu morrer tu sentirás falta.
- Eu acho que não, Demétri. – atendendo as minhas preces, Daniel apareceu com duas bebidas na mão. Lentamente, meu ex-namorado me soltou, antes, claro, me lançando um olhar do tipo “essa noite só esta começando”.
- Obrigada, Dan. – Agradeci, respirando fundo.
- Por nada. Bora dançar?
- Bora!