Era uma vez...Eu! Cap.25

Cheguei em casa ainda meio chateada,mas eu não ficaria assim por muito tempo,se Carlos pensa que pode me usar,como seu brinquedinho particular está muito enganado,eu tenho amor próprio.

Entrei e me deparei com meu pai e minha mãe conversando seriamente,resolvi passar despercebida,mas parei ao ouvir meu nome.

_Julia,está na hora de devolver as coisas da Bruna.Acredito que ela tenha aprendido a lição.

Eles estavam falando sobre o meu castigo,onde acabei ficando sem skate,Ipod,Computador,violão e sei lá,tudo que pudesse me trazer alegria...só me devolveram o celular para que eu não ficasse sem ter como entrar em contato com eles,ou eles comigo e o computador e os convenci que tinha que fazer muitos trabalhos da escola,mentira...mas parece que agora vou ter tudo de volta.

_Nem pensar.

Ou não...

_Raul,sua filha esta muito rebelde,ela não reconhece os limites,a garota que ela bateu,foi retirada da escola,pois os pais ficaram com medo,do que mais Bruna poderia fazer com ela...Onde já se viu isso Raul ?.Minha filha uma ameaça para a sociedade.

Meu pai suspirou com pesar e bagunçou os cabelos com uma das mãos,nessas horas eu tinha pena do meu pai,minha mãe é dramática,exagerada e chantagista emocional de primeira.

_Ela também é sua filha e já parou para pensar que talvez,nós sejamos os culpados pelo comportamento dela ?.Alguma vez você parou e perguntou o que ela queria,como ela se sentia ?.Não...nem eu nunca tinha feito isso até uns dias atrás e sabe qual foi a resposta Julia,não você não sabe,por que você está sempre pensando em si mesma.

Minha mãe se levantou e parecia atordoada,se ela se virasse acabaria me vendo ali perto da porta,eu queria continua ouvindo,mas ia ser pega no flagra e duas vezes no mesmo dia,seria azar e burrice ao extremo.

Abri a porta e fechei com um pouco de força,para fingir que acabei de entrar.Caminhei até onde eles podia me enxergar e meus olhos automaticamente se encontraram com o da minha mãe,que parecia ter uma briga interna consigo mesmo.

_Oi filha,tudo bem ?

Meu pai sorriu abertamente e eu sorri de volta,mas minha mãe permanecia séria.

_Oi,pai tudo bem,sim.Vou para o meu quarto.

Comecei a me afastar e logo alcancei as escadas,quando estava na metade dela,ouvi a voz de minha mãe e parei ainda sem me virar.

_Bruna ?

Ela chamou novamente e desta vez eu me virei.

_Suas coisas serão devolvidas,ainda hoje.Você está fora do castigo e pode voltar a sair com seus amigos ou traze-los aqui,mas qualquer deslize,já sabe.Pode ir agora.

Ela continuou séria e se afastou me deixando ali ainda,logo forcei minhas pernas a se movimentarem,claro que se não fosse meu pai,minha mãe ainda manteria minhas coisas confiscadas.

Cheguei ao meu quarto e taquei minha mochila no chão.Olhei para a cama arrumada,o computador,o guarda roupa,que estava repleto de roupas de marca.Eu tinha tudo,podia até ser considerada patricinha,mas esse tudo não era suficiente,sentia que faltava algo e nada que o dinheiro pudesse comprar,havia um buraco não preenchido em meu peito,mas isto é algo que ninguém quer saber,apenas jugam minhas atitudes e dizem lá vai a garota mimada e abusada querendo chamar atenção novamente.

Fui para o banheiro e tomei um banho bem demorado,até sentir que estava menos deprimida,como se a água pudesse levar todos os pensamentos ruins embora.

Apos sair do banho resolvi que ia dar um passeio,afinal agora eu sai do castigo e estou morta de saudades dos meus Skate.

Abri meu armário e ignorei todas as roupas femininas demais,acabei optando por um bermudão que ia até o joelho, que era todo desfiado,uma camiseta solta azul marinho,nos pés um supra cinza e na cabeça um boné da new era cinza com um B prata no meio.Olhei no espelho sorri para a menina de 16 anos,desci peguei um dos skate que eu deixava guardado na garagem e sai...assim que comecei a andar de skate,me senti livre.

Não muito tempo depois já estava em uma praça onde a galera do skate se reunia.Olhares já estavam sendo atraídos para mim e não pudi deixar de começar meu show.Fiz tudo que me vinha a mente,me desligando totalmente de tudo e de todos,tanto que nem percebi que quem eu menos queria ver estava ali me observando.Acabei e ouvi aplausos.

_Ei gatinha,já faz um tempo que você não apareci aqui.

Douglas um rapaz negro de cabelos cacheados e estilo totalmente de esqueitista.Já fiquei com ele algumas vezes,mas nada sério,como sempre.

_Andei aprontando e fiquei de castigo,sabe como é né ?

Ele sorriu me mostrando seus dentes perfeitos e eu sorri de volta,ele se aproximou e mexeu no meu boné,eu sabia o que ele iria fazer,mas eu não estava me importando eu queria sentir um pouco de carinho,seria apenas um beijo,não é como ir para a cama,e eu já fiquei com ele.

_Você parece triste,tudo bem ?

Droga.Deixei meus pensamentos me afetarem e ele acabou percebendo e se afastou,acabou o clima.

_Não...é só estresse na escola mesmo.

_Sei...e esse estresse na escola tem nome ?

Sorri e não disse nada.

_Posso tirar seu estresse ?

Ele sorriu de volta e o momento voltou,mas pensando bem,eu não ia ficar com vários garotos por causa de um idiota.Eu preciso de um namorado.Pois se o Carlos pensa que vou sentar e esperar ele terminar com a Lorena,ele está muito enganado.

_Mal aí Douglas,mas não estou afim.

Ele deu de ombro.Me deu um beijo no rosto e se afastou.

Resolvi ir tomar um sorvete,aquele calor,pedia um sorvete.

_Um sorvete de menta,por favor.

Pedi na lanchonete,sentando em frente ao balcão.

_Para mim um de morango com cobertura de chocolate,por favor.

Me retrai totalmente ao ouvi a voz da ultima pessoa que eu queria ver neste momento,Carlos.

_Você está me seguindo ?

Disse encarando-o e eu sabia que eu devia estar transparecendo ódio.

_ Você sabe que não,na verdade eu estou sempre por aqui,mas nunca ti neste lugar.Parece que finalmente saiu do castigo.

_Não que seja da sua conta,mas sim eu sai.

_Você realmente manda muito bem no skate.

Impressão minha ou ele não sabia o que me dizer ?

_Eu sei disso.

_Bruna,você ainda está chateada comigo ?

Ele me olhou sério e realmente dava para ver um pouco de receio em seu rosto.

Pensei em uma resposta,mas ela não vinha.Os sorvetes chegaram e eu tratei de me preocupar em comer,enquanto ele continuava me encarando.

_Você não vai responder ?

Parei de comer e comecei a sentir toda a raiva voltando,mas tentei me controlar da melhor maneira possível.

_Carlos,me diga como você se sentiria no meu lugar,ou melhor apenas pense e saberá a minha resposta.

Ele olhou para o próprio copo de sorvete ainda intocado e suspirou.Eu continuei comendo,não iria esperar a resposta dele.

_ oK. Esquece o que eu disse,mas precisamos fazer o trabalho de arte,como fica ? Na sua casa ou na minha ?

_Que tal no inferno ?

Sorri com a melhor cara de maldosa que eu sabia fazer.Ele me encarou assustado.

_Eu intendo que você esteja chateada comigo,mas podemos ser amigos.Eu sinceramente não quero que tenhamos esse clima estranho novamente,já passamos desta faze.

_Faze me lembra jogos e todo jogo só pode haver um melhor jogador.Pense nisso.

Deixei o dinheiro do sorvete no balcão e sai,com ele ainda me olhando um pouco...irritado,chocado...não sei.

Fui para casa novamente e eu estava me sentindo revigorada,mesmo tendo encontrado Carlos,eu não ia deixar que ele brincasse comigo não mesmo.Fui direto para o meu quarto e me joguei na cama.Apenas fiquei olhando para o teto,até sentir o sono chegar,ao longe ouvi meu celular aptar e ignorei,eu precisava descansar,minha mente estava a mil.

Senti meus olhos pesarem e logo já estava dormindo.Sem sonhos,sem nada.Apenas o escuro de minha mente.

Debora Costa
Enviado por Debora Costa em 13/05/2013
Código do texto: T4288001
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