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Capítulo 13 – Memórias, música e você. – Parte 3
Bruna Merten
Eu estava em frente a minha casa, quando Daniel estacionou sua moto preta e tirou o capacete. Tudo com o maior estilo e quase em câmera lenta. Uau.
- Boa tarde, Bru!
- Má tarde, má tarde. Hoje eu to com a tpm me matando. – Ele riu, sentando-se na moto e me fitando de modo curioso. – O que?
- Já tomou algum remédio?
- O remédio que me cura é sorvete, e nem isso eu pude comprar.
- Foi expulsa do mercado?
- Não.
- O que então?
- Demétri estava lá. – Ele balançou a cabeça, assentindo. Então riu. – Não ri, juro que até a presença dele está me irritando.
- É o amor.
- Amor?? O que é o amor??
- Amor é o que eu sinto pela minha mãe quando ela faz a minha comida. – Respondeu, prontamente.
- Amor é uma invenção de gente que não tinha o que fazer! A pessoa que inventou o amor, pensou: “eu não tenho nada melhor pra fazer, vou inventar esse sentimento que vão achar bonito, mas na verdade só foderá com as pessoas!”
Daniel, surpreso com o que ouvira, caiu na gargalhada.
- O amor é mais antigo que sua avó quando usava biquíni de bolinha, não pira.
- Então!!! Depois vem Eveline e fala: “Ah, você foge do amor”. “Tu vai ficar velha, amargurada e morar num apartamento cheio de poeira com 7 gatos e 2 papagaios se continuar assim”. TÁ, MAS E DAÍ? E SE MEU DESTINO FOR ESSE? É MELHOR DO QUE EU TO VIVENDO AGORA!!
Quando de repente, Daniel me abraçou, eu caí em uma crise de choro vergonhosa e libertadora. Eu precisava mesmo chorar.
- Calma. – Ele murmurou carinhoso e paciente. Tive vontade de soca-lo por ter essa voz tão sensual, esse jeito tão sensual e esse cheiro tão sensual. Daniel me olhou enquanto delicadamente secava minhas lágrimas. – Invés de tu comprar sorvete no mercado e ir pra sua casa se deprimir assistindo qualquer filminho água com açúcar, que tal irmos pro cinema, comprarmos sorvete lá e assistirmos um filme que melhore seu humor?
- Vamos. – Nos abraçamos novamente. – Obrigada, Dan.
- Amigo é pra essas coisas.
Com sua ajuda, subi na moto e pousei minhas mãos em sua cintura. Alguns minutos depois nós estávamos andando em velocidade média pelas ruas de Porto Alegre. O vento fresco batia em meu rosto, acalmando-me aos poucos.
De fato, Daniel era uma boa companhia. Agradável, divertido, alegre e o melhor: falava por mim e por ele. Quando entramos na sala, ele entendeu todas as minhas lágrimas e o melhor, não comentou. Tomei sorvete até enjoar e na hora de irmos embora, ainda comi chocolate. Existe coisa melhor que isso?
- Amo você. – Eu disse, o abraçando com força. – Sério, amo muito!
Ele riu, estranhando a minha atitude.
- Também te amo, Bru!!!
- Ô Dan... – Paramos em frente ao meu apartamento. – Quer ir ao baile comigo?
- Que baile?
- O da escola... Pra incentivar os alunos a participarem e tal.
Ele cruzou os braços e me fitou como se esperasse eu contar a verdade.
- Tá!! Foi um pedido do Demétri...
- E como tu quer esquece-lo se não consegue negar os pedidos do guri?
Balancei a cabeça, pensativa. O que eu poderia responder? “Ah, é que ele me olhou com aqueles olhos tentadoramente verdes e eu, que depois que assumi meus sentimentos, fiquei uma burra completa, não pude dizer não.” “Eu amo ele, será que amor justifica a minha idiotice?”.
- Ah, já entendi. – Daniel continuou, rindo. – O amor é mesmo uma coisa pra gente maluca. E sim, eu aceito ir ao baile contigo. É baile de gala?
- Sim, claro.
- Beleza.
- Esse baile promete. Não é por nada não... – Disse, dando-me um beijo na testa e saindo em seguida.
- É, promete mesmo.