Mudando a letra da vida – Cap. 11

Alice Brienza.

Diário.

Incrível como as coisas vão acontecendo de boas para ruins e de ruins para boas.

Minha amizade com a Bianca esta cada vez mais forte, depois da Alicia, nunca tive outra grande amizade. Conversamos sobre tudo, escola, família, garotos...

Eu estou morrendo de saudades da Alicia, nos falamos tão pouco que eu mal consigo lembrar- me de uma conversa decente que tivemos. Sinto falta dos nossos passeios em Roma, e o quanto aprontamos por lá.

O Caio, bem... Ele se afastou de mim. Agora vive com a Caroline para tudo quanto é lado. Estou começando a achar que eles estão tendo algum rolo, ou já tiveram, mas eu prefiro afastar esses pensamentos sempre que posso.

Entrei em um curso de inglês e estou na minha terceira aula! O Guilherme entrou comigo, e estou muito animada por isso. Nossas conversas são incríveis e a hora passa que mal vejo. Algumas vezes ele me olha de um jeito diferente e com aquele sorriso lindo no canto da boca, acabo retribuindo do mesmo jeito, pois mesmo que eu esteja em duvida sobre meus sentimentos pelo Caio, com o Guilherme sei que eu gosto de estar perto, me faz rir, e eu nunca quis tanto que alguém me beijasse, mas ainda não aconteceu...

***

Acordei com a claridade da janela em meu rosto, lutei ir para baixo das cobertas, mas minha mãe já estava puxando para si descobrindo-me por completo.

- Mais que droga, mãe! – Sentei na cama de supetão e cara emburrada.

- Eu tenho hora e você também! – Ela me pegou pelo braço e me encaminhou até a porta do banheiro. – Não demora, pois ainda vai tomar café.

O sorriso dela é inconfundível. Minha mãe esta definitivamente saindo com outro cara e não quer me contar. Em outros tempos eu estaria muito irritada com isso, mas sabendo que minha mãe sofreu tanto, mas não mais do que eu, com a perda do meu pai, quero com toda certeza do mundo que ela seja feliz outra vez.

Terminei de me arrumar, tomamos café da manhã juntas onde eu tentei com todas as forças tirar alguma confissão, mas foi desnecessário, não consegui faze-la falar!

***

Entrei na escola após minha mãe me deixar, caminhei até o corredor onde meus queridos amigos se encontravam.

- Bom dia amores!

Beijei o rosto da Bianca, em seguida ganhei um selinho inesperado de Guilherme e quando me recompus, fui falar com Carol que me olhou com indiferença. Ela não é minha amiga!

- Não precisamos fingir que somos amigas, ok? – pegou um batom de sua bolsa e estendeu. – Não estou afim de falsidade, e te conheço muito bem.

- Por que diz isso? – Peguei o batom e me mostrei confusa.

- Porque é a verdade! Passa esse batom no rosto, pois você esta com cara de morta, e depois pode jogar fora. – Sorriu irônica. – Vou procurar o Caio. Beijos.

Fiquei paralisada vendo sua saída triunfal de patricinha e tentando digerir lentamente o que foi dito.

- Não liga para ela, ela deve estar de tpm. – Bianca colocou a mão em meu ombro e depois partiu em seguida.

- É isso mesmo. O sinal tocou. – Guilherme entrelaçou seus dedos nos meus e me puxou para que acompanhasse ele.

Eu não sei o que eu fiz para a Caroline me detestar tanto. Não entendo esse ar de superioridade que ela só demostra comigo, e por que me sinto tão pequena perto dela.

***

Na saída encontrei o Caio encostado no portão. Vi seus olhos brilhando a me ver, mas isso acabou assim que o Guilherme agarrou minha cintura como se fosse meu dono. Bianca e Carol, que estavam perto de nós dois, passaram direto enquanto paramos no meio do pátio.

- O que é isso, louco? – Segurei em seu peito definido enquanto nossos corpos se encostavam.

- De hoje não passa... – Senti meu coração acelerar. – Quero te beijar desde que nos conhecemos, na Lagoa, no Jardim Botânico e na escola. Quero te beijar agora.

Tenho que dizer não, pois o Caio esta ali e de alguma forma não quero que ele veja, mas ao mesmo tempo eu quero tanto tocar os lábios dele, apertar meu corpo contra o dele e me sentir segura.

- Eu... Não sei o que dizer. – engoli em seco.

- Não diga nada.

Ele colocou sua mão em minha nuca e caminhou minha boca até a sua, nos beijamos ardentemente assim que o toque foi feito e agarrei seus cabelos sem pensar duas vezes. Ouvi pessoas gritando ao nosso redor, mas estava ocupada de mais com meus pensamentos para sentir alguma vergonha. Suas mãos deslizavam por minhas costas e ao mesmo tempo me prendia, puxei seus cabelos com um pouco de força e excitação, apertei seus braços fortes e grandes, e paramos assim que a respiração era necessária.

- Nossa! – Nossos olhos não se desgrudaram.

Sai do encanto ao lembrar quem estava presente e olhei em sua direção. Bianca estava de boca aberta pelo showzinho que demos e nem Carol nem Caio estava mais no local. O sentimento de satisfação se tornou tristeza.

***

Faltavam uns quarteirões de onde eu estava até minha casa. Bianca estava me acompanhando, pois minha mãe levou uma multa e não poderia me buscar na escola.

- Ainda não consigo digerir o que aconteceu. - Bianca arrumou seus óculos que estavam tortos e chutava uma latinha de coca cola enquanto caminhava.

Também não consegui acreditar. Ser beijada pelo Guilherme era uma das coisas que eu mais queria, e não estava triste agora, mas o fato de pensar no Caio era frustrante. O que ele pensou sobre isso? Ou por que ele foi embora? Eram perguntas que ela necessitava de respostas.

- Alice! - Despertei ao Bianca gritar em meu ouvido. - Ainda esta sentindo o beijo do príncipe encanado?

- Para com isso. - Fiquei envergonhada. - Só estou pensando em uma matéria que não entendi hoje.

- Sei. - Gargalhou batendo palma. - Depois de um beijo como aquele?

Fuzilei-a com os olhos e mexi na bolsa para pegar as chaves.

- Você mora aqui?

- Claro que não. Eu só vou dar uma olhada para a vizinha.

- Entendi. Podemos entrar?

Abri a porta, entramos uma atrás da outra e nos jogamos no sofá.

- Você precisa me contar o que se passa nessa cabecinha, mas antes eu preciso muito de um copo d'agua. Andamos pra caramba!

Daniel Marcos
Enviado por Daniel Marcos em 28/04/2013
Reeditado em 21/05/2013
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