Essências dos Sonhos - Prólogo

Essências dos sonhos

                   PRÓLOGO

   Aquela semana tinha tudo pra ser ótima... Se não fosse o fato de que as aulas começariam.

    Tudo continua o mesmo. Minha casa. Minha vida. As pessoas que ficam falando alto embaixo do prédio. Minha mãe conversando o tempo (quase) todo no telefone. Meu pai trabalhando até tarde da noite, e eu respirado fundo pela milésima vez antes de finalmente conseguir me empurrar para dentro do cobertor sem pensar em coisas negativas a respeito da nova escola para qual eu iria fazer (ou pelo menos começar) o meu ensino médio.

    Olhei para o teto pensando na minha vida até agora. Parecia tão normal. Tudo sempre fora monótono demais e ainda pequena eu achava que quando fosse coroada a princesa junto com meu "príncipe encantado" tudo mudaria. Tá aí a prova mais real de que essas coisas não passavam de ilusões infantis.

    - 8,9 e... 10. - murmurei apoiando a cabeça no travesseiro gelado ainda olhando para cima.  Tentei ficar calma e ignorar o frio na barriga que ainda insistia em me agoniar. - Tudo vai acabar bem...

    Não demorei muito tempo até conseguir realmente pegar no sono. Naquela noite tive um sonho. Tão nítido como se tudo pudesse ter acontecido de verdade. 

    "Havia um bosque cheio de lama e árvores tão altas que quase não deixavam os raios do sol entrar. Eu estava correndo e meu vestido estranhamente longo estava rasgado de tanto que que meus pés e troncos o empurravam com força. Meu cabelo castanho bem escuro caia sobre os olhos e nem ao menos eu mesma sabia por que estava ofegando tanto. 

      - Teresa, espere por mim... - uma voz soou no ar tão dócil que instantemente me fez parar.

      - O que tá acontecendo?

      - Precisa acreditar em mim. Estou te procurando a muito tempo...

      - Quem é você? - olhei para o homem que falava e não consegui ver seu rosto direito a não ser um borrão desfocado. Seus curtos cabelos castanhos voavam um pouco com o vento tanto quanto os meus. 

     - Sou aquela pessoa que você procurava. E bom... Eu também estava procurando por você.

     - Mas... Isso é um sonho, ao menos eu devia querer você, porque é pra isso que a gente sonha. Só que eu nem te conheço!

     - Nem eu te conheço. Mas você sabe... Eu sei. Tem que ser.

     Eu não entendia mais nada. Por pequenas fresta dos carvalhos a luz entrou e fez meus olhos arderem. Tudo estava tão confuso. E foi ficando distante. A floresta foi escurecendo até ser breu total. Apenas preto.

     Mas havia uma coisa que eu ainda podia perceber. A voz dele ainda me dizia alguma coisa:

     - Você tem razão, Terê. Os sonhos são mesmo feitos de coisas que a gente quer...

     Depois veio o completo nada. A escuridão. Talvez o fim. O fim do breve começo de alguma coisa que eu ainda não sabia o que era".

Bec
Enviado por Bec em 17/04/2013
Reeditado em 17/04/2013
Código do texto: T4245697
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