[Original] Volver - Capítulo 8 - Parte 2
Capítulo 8 - Depois da tempestade vem a calmaria Parte 2
Bruna Merten
“Engole essas lágrimas, tu não é nenhuma adolescentezinha pra ficar chorando desconsolada por causa disso.” – Eu dizia mentalmente enquanto andava em passos largos até meu carro.
- BRUNA! – A voz de Demétri não estava muito distante, também não me virei para ver onde ele estava. – MERDA, ELA FEZ ISSO POR VINGANÇA!
- Boa justificativa. – Eu disse, mais pra mim do que pra ele.
- TU NÃO VAI FICAR DE CARA COMIGO POR CAUSA DE UM BEIJO COM UMA GURIA QUE EU NÃO VIA HÁ SÉCULOS. – Agora ele corria.
- E bem vejo que mataram a saudade de um jeito bacana.
Tudo bem. Eu deixei Daniel me beijar. Demétri quase viu e se tivesse visto a cena inteira, teria feito à mesma coisa que estou fazendo agora. Há algumas diferenças entre Daniel e Aline. Ele não é do tipo sentimental ou que curte relacionamentos. Se ele pudesse beijar qualquer mulher da rua, ele beijaria, pois gosta de chamar a atenção. É do feitio dele e ponto. Essa Aline fez isso com certa paixão. Eu não sou cega, reconheço uma mulher que faz cena (eu faço cena!) e reconheço cenas com intenção de provocar alguma coisa.
Pois bem, ela conseguiu provocar alguma coisa. Deve estar saltitando de alegria por isso. Vadia.
Ao me alcançar, Demétri me empurrou contra o carro, girando-me com pressa.
- Olha pra mim! – Gritou desesperado e nervoso. Eu podia ler em seus olhos que ele não queria me perder.
- To olhando.
- Foi pura vingança dela... Aline chegou hoje e veio me ver. Tu sabes que ela nunca aceitou o nosso fim.
- Se toda mulher que não souber perder, fizer o mesmo que ela, eu acho que não haverá relacionamentos. – Rebati séria.
- Te acalma.
- Não to nervosa.
- Tá sim.
- Não, não estou. Eu te bati porque vi tu corresponder, mas não estou – aspas com os dedos que é pra matar qualquer um de ódio – “irritada”.
Era claro que eu estava nervosa. Só que sou regida pela palavra orgulho. E isso não vai mudar nunca.
- Olha pra mim. – Ele deu um passo pra trás e apontou para si mesmo. – Olha. Eu às vezes acho que perdi o amor-próprio desde que nos envolvemos novamente! Passei meses me reconstruindo depois de perder tu para o meu melhor amigo, e mesmo eu estando bem, não estava completo ou feliz. Só bastou um único dia para tudo mudar para nós dois e me trazer de volta todos aqueles sentimentos que eu a todo custo quis esquecer. – Respirei fundo e ele fez o mesmo. - Me diz, Bruna, pra que eu ia querer jogar tudo isso para o alto? E foda-se se eu estou sendo ridículo dizendo isso tudo em frente a minha lanchonete. EU AMO VOCÊ!
Aquela declaração desesperada e trêmula com direito a plateia fez o meu coração disparar loucamente. Eu o amava tanto, tanto que ás vezes, ou quase sempre chegava a doer em mim. Era uma coisa que me dilacerava, me destruía, enfraquecia e me tornava ainda mais dependente dele, se possível.
Abri a porta do carro e ele pôs sua mão sob a minha.
- Não faz isso. – Implorou, encostando seu corpo ao meu. Seu cheiro foi me invadindo. – Eu acabei de me declarar... Tu me conheces, eu não sou capaz de fazer isso.
- Porque sempre que estamos bem algo tenta nos abalar? – Perguntei, fitando-o. Ele ainda tremia. Segurei sua mão.
- É pra ver se somos capazes de enfrentar todas essas barreiras.
- Eu não sei se consigo.
- Consegue.
- Consigo?
- Consegue. Eu sei que se tu estiveres comigo nessa, nós vamos longe. – E em suas palavras havia tanta esperança, força, uma vontade de lutar. Era impossível resistir. Eu não quero desistir. Eu não ia. Mas de certa forma era verdade. Sempre existiria algo para tentar nos abalar. Eu precisava da força dele para não desistir. – Só tenha um pouco de paciência. E menos força. – Ele colocou a mão no rosto, onde eu tinha lhe desferido um tapa.
- Desculpe. – Acariciei sua pele macia e áspera pela barba que começava a crescer. – Eu sei que sou difícil. Não desista nunca de mim, por favor... – Me aninhei em seus braços. Ali, no melhor lugar do mundo, eu já estava começando a liberar minhas emoções. Meu corpo tremia e eu ria meio histérica.
- Eu não vou desistir. Eu nunca desisti todos esses anos.
Demétri segurou meu rosto e me beijou carinhosamente. Foi até meigo, como se ele estivesse com medo de me machucar. O que não era muito comum, tratando-se basicamente do casal mais agressivo de Porto Alegre.
- Tu me beijando como eu fosse uma boneca de pano... – Comentei, sorrindo de canto. – Estranho.
- Ah é?
- Não é do teu feitio. Tu és bruto. – Ele riu maroto e suas mãos desceram pra minha cintura. Demétri me pressionou com mais força. Eu gemi baixinho.
- Sou.
Depois de tudo aquilo nós fomos para a casa dele. Sobre o restante da nossa noite... Bom, acho que é fácil de imaginar o que rolou.
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Por uma questão bastante pessoal, estou escrevendo essa história e irei com ela até o fim. A 3ª temporada já esta começando a ser desenvolvida e admito que já tenho ideia até pra outra história UAHUEHUHAUHEHUAHE mas aí, só depois da 3ª temporada. E não tem nada a ver com esse universo aqui. Pra quem gostava das minhas histórias baseadas no universo adolescente (e claro, sempre com um 'q' de universo alternativo) vai curtir.
Logo, logo posto a 3ª parte desse capítulo. Estou quase entrando na reta final de Volver.
<3