Os Macacos, o Vagalume , e o Pássaro

No alto duma colina, numa noite

Plena d'escuridão, alguns macacos

Reuniram-se p'ra u'a conferência…

Avistaram ali um vagalume

Que passava bem próximo a eles.

Pensando que era fogo, os macacos

Juntaram muita lenha e puseram

Em cima do azarento e pobre inseto.

E depois começaram a soprá-la

E abaná-la co'as mãos, intensamente.

Em cima duma árvore, um pássaro

Vendo aquilo, gritou:—Não sejam tontos,

O que viram não é o que supõem…

Os macacos nenhum caso fizeram

Do aviso, nem sequer olharam para

A ave conselheira que tornou

A gritar, repetindo a mesma coisa.

Irritada, desceu p'ra junto deles,

A fim de castigá-los, seriamente.

Um homem que passava por ali,

Ao ver aquilo, disse à ave:—Não

Queiras te intrometer a corrigir

Ou avivar o que não se corrige

Nem se aviva, e nem a castigar

E ensinar a quem não toma emenda.

A pedra que não se pode cortar

Não é exp'rimentada com espadas,

E o pau que não se pode dobrar,

Ninguém tenta dobrá-lo! E por isso

Eu digo que quem tenta fazer tais

Coisas, acabará se arrependendo!

O pássaro, por sua vez, não quis

Dar ouvidos ao homem e insistiu

Co'os macacos que estavam empenhados

Em acender um fogo inexistente,

E nem sequer ouviam quem lhes falava!

A ave, furiosa, arremessou-se

Em cima dos macacos e um deles

Agarrou-a, tirando-lhe a vida.

Dá conselhos somente a quem os peça,

E com muito cuidado, ainda assim.

NOTA: Adaptação duma fábula do Panchatantra, em versos decas-

sílabos heróicos.

quartzo rosa
Enviado por quartzo rosa em 26/02/2013
Reeditado em 11/06/2014
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