O Preço de uma Estrela (Capítulos 112 e 113)

CAPÍTULO 112: VERGONHA

- Uhaaaá!

Droga, dormir do sofá mata!

- Bom dia, garota!

- Marcos!

Levei um susto com o Sandret sentado no braço do sofá, perto dos meus pés.

- Já ia te acorda! Ainda bem que você levantou, porque tenho certeza que não ia se divertir com meu despertador.

- Bobo!

O sorriso com seus dentes brilhantes corria pela sua boca. Sentei no sofá e esfreguei meus olhos para despertar mais rápido.

- Por que você ia me acordar? Que horas são?

- Sete e meia. Leandro quer ir à praia, disse que havia combinado com você.

- Combinado comigo? Não! Ele não....Ah, sim, me lembrei, mas já faz bastante tempo.

- Não me importa. Ele está no banho, é melhor você ir se arrumar também. Quero sair cedo para surfar.

- A grosseria ainda continua sua amiga, não é?

Marcos apenas sorriu. Bufei para a consideração dele. Empurrei a coberta para o lado e levantei do sofá para ir ao quarto.

- Uau!

Olhei para ele sem entender. Idiota, é grosso e depois fala cois...AiMinhaNossa! Voltei para o sofá rapidamente e peguei a coberta, cobrindo meu corpo.

- Não sabia que você dormia somente de lingerie.

- Cala boca!

- Teve sonh...

- Cala boca, Marcos!

Ele começou a dar risada. Ainda enrolada na coberta e sentindo calor, provavelmente vermelha de vergonha, eu sai da sala e fui para o quarto.

Ai que vergonha! Estava muito calor de madrugada, e como meu pijama é uma calça e uma blusa de manga comprida, eu o tirei para parar de suar. Eu sempre faço isso! Jamais podia imaginar que o Marcos....Ah, aquele idiota! Me esqueci completamente que....Ai que vergonha! Que vergonha!

Após me arrumar, eu, Marcos e Leandro fomos até a casa do Sandret para pegar a prancha de surfe e depois fomos até a praia. Eu, sentada atrás junto com o Leandro e o Marcos dirigindo a hilux. O Sandret agiu como se nada tivesse acontecido de manhã, então eu também resolvi ignorar.

Na praia, Marcos pegou a prancha e foi para o mar, eu e o Leandro, por nossa vez, arrumamos um lugar na areia para sentar.

CAPÍTULO 113: POR QUE TRABALHAR NA LIVRARIA?

- Nossa, ele surfa demais, não é mesmo?

Olhei para o mar e vi o Marcos pegando uma onda.

- Pode ser, mas ele não é O CARA do surfe.

Leandro riu.

- Acho que você implica muito com ele.

- Eu implico?

Bufei.

- Talvez isso seja bom, não é?

Olhei para o Leandro intrigada.

- Como assim?

- Ah, ficar implicando um com o outro, esse é o modo de vocês se darem bem.

Olhei para o mar novamente, localizando o Marcos. Nos darmos bem?

- Pode ser.

Sorri.

- E isso é bem legal, sabia? Assim variamos um pouco as coisas.

- Variamos?

- Eu sempre fui apegado ao Marcos. Sempre contei somente com ele, desde que eu saí da casa do meu pai. Agora com você, eu sinto que tenho uma amiga e as coisas entre mim e o Marcos podem acontecer. Tipo vir à praia.

Olhei para o Leandro com alegria. Ele se virou para mim e sorriu. Depois olhou para o mar e passou o braço envolta do meu pescoço, colocando sua mão direita no meu ombro direito.

- Sabe Li, eu sei que tudo é um plano, mas eu quero que nossa amizade passe por tudo isso. Eu nem me importo mais com essas fotos. Se você vai entregá-las para o Marcos, ou vai guardar de lembrança, rsrsrs. Algo dentro de mim diz que posso confiar em você, que você é uma amiga e sempre estará pronta para ajudar, assim como agora. Sabe, se não fosse você, eu e o Marcos não estaríamos aqui na praia, provavelmente estaríamos cada qual em sua casa, com a Penélope o chamando para várias coisas. É tão bom poder contar e confiar em você.

Leandro me olhou, ainda com o braço ao meu redor, e sorriu para mim. Correspondi o sorriso e me aconcheguei para perto dele. Eu não imaginava que ele me considerava tanto assim.

Uma brisa passou entre a gente e eu fechei meus olhos. Congelarei esse momento para sempre em minha mente.

Ouvindo o barulho do mar, abri os olhos e resolvi comentar algo, para não continuar com o silêncio que percorria entre nós dois.

- Seria melhor ainda se você pudesse ir aos eventos com a gente.

- É, mas os eventos somente acontecem em horários que eu trabalho.

Afastei um pouco e o Leandro tirou sua mão do meu ombro, começando a mexer a com a areia.

- Le, por que você não sai deste trabalho? Poxa, você praticamente vive para ele. Trabalhar em shopping é sempre assim?

- Ah, um pouco. As vezes eu tenho folga no sábado ou no domingo, mas o Marcos precisa ir em algum evento e eu não posso estar sempre do lado dele, por causa de sua imagem, você sabe.

- Só que como você disse, agora vocês têm a mim, ninguém vai dizer nada sobre ele. Você é somente um amigo acompanhando o casal. E você também tem que parar de pensar somente no Marcos. Como fica sua felicidade nessa história toda?

- Minha felicidade é o Marcos.

- ESTAR com o Marcos e não ele em si. Você precisa pensar mais em você.

Leandro abaixou a cabeça e mexeu mais com a areia. Acho que eu fui meio grossa ou disse coisas que não deveria dizer.

- Eu gosto do meu trabalho. Eu trabalho muito, isto é verdade, mas eu não sofro não. E tem mais, lá eu não sou o "amigo do Sandret", lá eu sou o Leandro Carlos Bento. As coisas são mais reais. E...E eu sou aceito do jeito que sou.

Mais uma pausa. Ele deve estar pensando. Acho que eu o chateei.

- Leand...

- E também eu não gosto desse mundo de vocês.

Meu amigo suspirou e me olhou com um sorriso enquanto falava.

- Vocês são muito FAMOSOS para mim, rsrsrs.

Mudar de uma hora para outra de humor?

- Não se preocupe comigo, eu gosto da livraria e o pouco tempo que eu passo com o Marcos, e agora com você, já me deixa feliz.

Acho que ele quer esconder a dor que minhas palavras causaram.

- Eu não me preocupo em ser reconhecido, mas se vocês querem muito isso para vocês, eu farei o possível para ajudá-los a conseguir, pois assim vocês ficarão felizes e eu também.

Ele é tão...tão...

- Leandro, eu...

- Não precisa dizer nada.

Ele sorriu e eu não tive o que dizer, apenas sorri sem mostrar o dentes.