Mudando a letra da vida - Capitulo 09

Caio Davis.

Voltando a escola... Eu não sou nenhum nerd que gosta de ir para a escola e fazer cálculos. Gosto de algumas pessoas, e principalmente gosto de não ficar em casa quando tenho que ficar com o meu pai.

- Já estou indo, pai!

- Não me decepcione garoto. – sorriu sem me olhar.

Meu pai esta sempre trabalhando, seja na empresa ou em casa. A sua prioridade sempre foi sua fortuna, nunca consegui se quer chama-lo para sair ou ir em algum lugar como pai e filho.

Eu sinto muita falta da minha mãe. Ela podia ser fútil e só pensar no dinheiro do meu pai, mas ela me dava carinho, do jeito dela, perguntava como tinha sido meu dia, e o que eu gostaria de ganhar, ou quais eram meus sonhos. Saudades eternas. Meu pai nunca fez nenhuma dessas coisas.

***

Hoje faz cinco meses que a aula começou. O ano esta passando bem rápido e eu não estou me decidindo em nada. Quero saber o que vou fazer daqui a dois anos, e se eu devo ou não tentar um namoro no qual vivemos em países diferentes e que sinto que a qualquer momento podemos nos separar.

O professor de física não compareceu na escola, pois estava com uma virose e não iria dar aula hoje. Tivemos nossa primeira aula de inglês do ano, sentei ao lado do Christian, o que me deu mais raiva ainda.

- Good morning, my dear – Disse após colocar seu nome no quadro. – Sei que vocês não tiveram aulas de inglês ainda por falta de professor, mas serei sua nova teacher. Repitam.

- teacher – Todos disseram.

- Como estamos atrasados com a matéria, irei passar bastante coisa, então deixem a preguiça em casa. Eu costumo falar mais inglês do que português, então peguem as explicações e façam perguntas, pois se eu achar que vocês estão prontos, é bom que estejam.

Essa aula vai ser moleza, pois posso falar inglês o dia inteiro, afinal, é a minha primeira língua!

Copiamos muitas matérias e fizemos muitos trabalhos, estava sendo bem cansativo, mas só de ver o Guilherme todo enrolado, já me divertia um pouco.

***

Na hora do intervalo, caminhei até o pátio e vi a Alice conversando com a Bianca, fui em direção as duas, mas alguém puxou meu braço.

- E ai gatinho? – Caroline sorriu pegando em minha mão.

- E ai...

Soltei sua mão da minha e continuei indo em direção as meninas, ela veio atrás.

- Oi Bianca. – sorri para ela e a mesma retribuiu. – Oi não é da sua conta.

- Você pode parar de fingir que não sabe meu nome? – disse irritada.

- Ai garota grossa! – Caroline veio ao meu favor.

Sentei ao lado dela no banco ignorando o que a Caroline disse. Coloquei uma mecha de cabelo atrás de sua orelha e sussurrei em seu ouvido.

- Se você me disser eu digo seu nome, mas eu só escuto as pessoas te chamando.

Vendo a situação, a Bianca se levantou e sorriu sem graça.

- Vamos à cantina comigo? – Disse para Caroline que nos encarava.

- Chama a Alice... – bufou.

- Eu estou chamando a minha querida amiga Carol. Vamos?

Carol pareceu pensar bastante, mas resolveu ir com a sua amiga e nos deixou a sós.

- É... – Alice cortou o silêncio. – Meu nome é Alice, e quero que me chame de Alice. – Ela se afastou sentando mais longe. – Melhor, me chame de Brienza.

- Olha. Se esta bolada por aquilo no telefone, desculpa.

- Não foi só o telefone. Seu comportamento no passeio, seu jeito no ônibus, como você trata o Guilherme...

- A esta bom! Agora vamos brigar por causa daquele babaca? – interrompi.

- Ele se chama Guilherme!

- Sei bem como ele se chama!

- Então porque não fala o nome dele? – perguntou irônica.

Fechei a cara, ela se levantou, eu fiz o mesmo segurando em seu braço.

- Porque eu morro de raiva por achar que você gosta dele. – Fui sincero.

Ela reagiu estranhamente, sua pele enrijeceu e começou a ficar vermelha.

- Por quê? – Sussurrou.

- Por que eu gosto de você.

Tomei coragem e comecei a se aproximar, ela não fazia o mesmo, mas também não rejeitava. Ficamos nos encarando intensamente e pude sentir sua respiração irregular, ver melhor o quão branca é sua pele. Toquei meu nariz nos seus, mas ela revirou o olhar e se afastou. Segui seu olhar e estava lá quem eu menos queria. O babaca.

- Serio? – Foi o que consegui dizer.

Ela sentou no banco de pedra outra vez, colocou a mão na testa e abaixou a cabeça fazendo com que seus cabelos caíssem sobre o rosto. Desculpa foi à única coisa que ouvi antes de eu sair furioso.

***

Fui para longe da Alice e sentei perto de uma arvore do outro lado do pátio. Visualizei os alunos em atividades. Parecia que o mundo queria me perturbar, pois eu só via casais se beijando pra todos os lados. Senti alguém sentando ao meu lado.

- Quando voltei você não estava mais lá. – Carol sorriu amigável.

- Pois é. – respondi sem mostrar os dentes.

Ficamos olhando pro nada, apenas ouvindo o murmúrio que estava tendo.

- Você gosta dela? – Ela quebrou o silêncio. Olhei para ela confuso. – A Alice.

Desviei o olhar para o chão, não sabia o que devo dizer, pois mal sei se é amor de verdade, ou só uma admiração.

- Não sei. – Fui sincero.

- É que eu realmente gosto de você, e você gosta da Alice... E. – Prestei a atenção para ouvir o que mais ela diria. – E acho que a Alice gosta do Guilherme.

Franzi a testa de desgosto, pois o que ela disse pode ser verdade, se não fosse, ela mudaria sua atitude após vê-lo.

- Como eu disse... – A encarei. – Eu não sei o que sinto por ela, então posso não gostar, apenas admirar.

Ela sorriu de lado, e vi a Alice e a Bianca se aproximando de nós dois. Comecei a passar minha mão no cabelo da Carol, loiros e longos.

- Oi pessoal! – Bianca disse. – Agente podia ir ao shopping hoje, né?

- Pode...

- Achamos melhor fazermos algo, mas só nós dois.

Quando a Bianca perguntou, pensei em vingança no mesmo momento. As três me encararam confusas e sorri gentilmente para a Carol, beijei sua bochecha, e me levantei para sair dali.

- Eu te busco, Carol! – Gritei sorrindo ironicamente para a Alice.

***

Estava no corredor apenas, coloquei o código que destrancava o armário e quando consegui ele foi batido com total violência.

- O que pensa que esta fazendo? – gritou furiosa, ainda segurando a porta do armário.

- Eu estou tentando pegar o material para a próxima aula. – Sorri irônico.

Alice parecia mais furiosa do que eu já havia visto. Tirou a mão do armário e apontou um dedo na direção do meu rosto.

- Não estou falando disso, e nem estou para brincadeiras. – Sua mochila caiu dos ombros, mas ela pareceu não ligar. – Se quer sair com a Caroline eu nem ligo, mas se é para me provocar eu não aceito!

- Então você esta com ciúmes, e acha que eu estou saindo com a Carol por sua causa? – Ri alto.

- Não disse isso. – Ela respirou fundo e abaixou o tom de voz. – Só espero que seja sincero com ela, e fico feliz que não esta fazendo isso por minha causa. – Deu uma parada. – Está insuportável nossa relação...

- Nossa relação? – repeti de imediato

- Não somos mais os mesmos. – Continuou sem se abater. – Estamos brigando muito, e eu realmente não te entendo, e eu nem sei o que eu sinto.

Coloquei seus cabelos para trás de sua orelha e afaguei seu rosto.

– Não sabe?

- Se continuar assim vou pensar que não te suporto. Esta muito chato!

Ela pegou a mochila do chão, colocou nos ombros e sorriu triste. Observei ela dar as costas e ir embora.

Daniel Marcos
Enviado por Daniel Marcos em 29/01/2013
Código do texto: T4111503
Classificação de conteúdo: seguro