O Preço de uma Estrela (Capítulos 106, 107 e 108)

CAPÍTULO 106: NO CAMARIM INDIVIDUAL

- Você não precisava dizer aquelas coisas para ele.

Marcos e eu fomos, como sempre em silêncio, para o camarim individual. No camarim, eu comecei a tirar as bijuterias da personagem, depois pedi para ele ficar de costas para eu trocar de roupa.

- Eu não sou a estrela, Marcos, e graças ao Gabriel eu tive minha primeira grande apresentação.

- Graças ao Gabriel?

- Sim.

- Ele não teria feito se não tivesse me deven....

- Te devendo, eu sei. Acontece que mesmo assim ele foi meu primeiro diretor, meu primeiro contratante, etc.

- Certo! Pense o que quiser sobre ele, só que sabemos que o público aumentou a partir da sua apresentação.

- Claro que não. Ontem já estava cheio.

- E hoje aumentou bem mais.

- Já passou pela sua cabeça que a peça em si pode ser boa e não somente a minha apresentação?

Sandret não respondeu. Acho que significa que eu tenho razão.

- Pronto, terminei.

Marcos se virou de frente para mim.

- Agora você precisa se concentrar no teste para o filme.

- É.

O teste! Recusei a oportunidade de ficar fixa aqui, por causa do que ocorreu. Marcos pareceu também ser tão confiante: "Eu estou pensando na carreira dela, [...]". Respirei fundo e olhei fixamente nos olhos do Sandret.

- Marcos, se eu não conseguir o papel, eu te mato, você está me ouvindo?

Marcos sorriu.

- Eu te dou a faca.

Não pude evitar o sorriso também.

- Mas agora me diga. Por que você não me contou sobre o novo contrato? Você sabe que é ilegal o que vocês fizeram, não sabe?

- Eu sei. Eu disse para o Gabriel que eu estava me apresentando como seu agente no momento e foi por isso que assinei, mas há males que servem para o bem.

- E não me contar serviu para o meu bem?

- Se você soubesse que ficaria somente até hoje, provavelmente ficaria triste e nervosa. Sua apresentação não seria boa e...Eu não queria te ver sofrer.

Que fofo!

- Obrigada então.

- De nada.

- E obrigada por me ajudar também com os ensaios. Eu não teria me saído tão bem se não tivesse ensaiado com você, ou não tivesse te imaginado no palco.

- Te deixar nervosa tem um lado bom, então?

Sorri. Ele também.

- Vamos então, duas pessoas estão te esperando lá fora.

- Duas pessoas?

Saímos e eu encontrei com as duas pessoas: Penélope e Leandro. Ele, veio me abraçar.

CAPÍTULO 107: QUEM VAI COM QUEM?

- Você estava linda, amiga.

- Obrigada Leandro.

Abraçá-lo e falar com ele, ainda é estranho. O beijo deles dois vem a minha mente. O meu selinho com o Marcos, vem a minha mente.

- Parabéns Liani.

- Obrigada Penélope.

- Eu e você temos um assunto para ser tratado, não é mesmo?

- Marcos mencionou algo do tipo.

- Certo. Venha comigo no meu carro, daí conversamos no caminho até sua casa, pois aqui não há como.

Ela olhou ao redor e eu acompanhei seu olhar. Em nossa volta até que estava um pouco tranquilo, no entanto lá fora, os paparazzi faziam muvuca para fotografar os famosos que saíam do Teatro. Foi aí que eu fui saber: a protagonista do espetáculo trabalha em uma novela como coadjuvante, sendo bem conhecida.

- Por isso eles ficam aqui?

- Querem saber com que roupa e com que expressão ela sai todos os dias.

- Que bobo isso.

Penélope me olhou com um sorriso sem mostrar os dentes. Que medo desse sorriso!

- Achei que você fosse antenada nesses assuntos, Li.

- Não é somente porque ela é atriz, que ela precisa conhecer todos os atores do mundo.

Penélope falou em um tom agressivo com o Leandro, o que me fez lembrar da conversa com o Marcos: "[...] sabia do nosso relacionamento". Será que ela ainda sabe? Percebendo a tensão no ambiente, resolvi mudar de assunto.

- Por que não nos encontramos no apartamento? Ficaremos mais a...

- Acho melhor no caminho mesmo. Você vem comigo no meu carro e o Marcos pode ir com seu amigo.

Se ela soubesse, ela deixaria o Marcos ir com o Leandro?

- Tudo bem, Marcos?

Penélope perguntou e Marcos balançou a cabeça positivamente. É tão estranho como ele fica silencioso perto dela. Eu já sei que ele não gosta dela, tudo é apenas profissional, mas mesmo assim, é estranho. Ele parece ter medo dela. Estranho!

- Então vamos!

Penélope parecia apressada, começou a andar na frente, não se importando de me deixar para trás. Eu não vou correr para acompanhá-la. Marcos e Leandro ficaram comigo e andamos calmamente.

CAPÍTULO 108: ATÉ!

- Ela é sempre assim.

Olhei para o Leandro que dissera quase sussurrando.

- Andando depressa?

- E me enfrentando. Grossa!

- Leandro aqui não.

Leandro olhou para o Marcos e depois para frente. Percebi seu olhar de raiva, pois estava no meio dos dois, podendo olhar seus olhos.

- Pelo menos agora estamos todos juntos de novo. Li, você foi ótima no palco. Eu não pude vir ontem, pois estava trabalhando, mas hoje eu arrumei um folga e consegui presenciar o quanto você é boa.

Sorri pela empolgação do Leandro. Como ainda é estranho tudo isso. Ele não sabe que eu e o Marcos nos beijamos? E "pelo menos agora estamos todos juntos de novo"? Falando assim até parece que somos muito importantes para ele. O Marcos pode ser, mas eu?

Saímos para o estacionamento e a muvuca dos paparazzi se formou.

- É o Sandret!

- O Sandret e a namorada!

- Ei, Sandret, uma foto!

- Olha aqui namorada do Sandret!

- O amigo dele também pode olhar!

- Só uma foto! Uma foto!

Minha vontade foi parar, mas assim que saímos do Teatro, Marcos pegou minha mão e meio que me puxou. As vozes dos paparazzi ficaram para trás, mas os cliques, ainda era possível de se ouvir.

- Que demora!

Penélope nos esperava encostada à um carro.

- Vocês poderão conversar mais tarde.

- É que havia uns paparaz...

- Eu sei. Vamos?

Me senti como quando eu era criança e minha mãe ia me buscar na escola, perguntando porque eu demorava para sair e eu respondia que era por ser a última a terminar tudo. Penélope tem um tom de deixar as pessoas amedrontadas, quando querem, pois me lembro de quando a enfrentei, acho que ela está querendo de novo. Rsrsrs.

- Nos vemos depois garotos.

Me virei para Penélope e senti alguém segurando meu braço. Me virando, eu vi o Marcos.

- Até!

E ele me deu um selinho.