O Preço de uma Estrela (Capítulos 101 e 102)

CAPÍTULO 101: AGENTE

O silêncio perdurou por um momento sobre o quarto. Marcos estava pensativo e eu estava o olhando. Será que nossa relação de fingimento ainda irá continuar? Acho que agora não faz mais sentido e também ficaremos estranhos um com o outro, já que ele sabe dos meus sentimentos.

- Marcos.

- Liani.

Falamos ao mesmo tempo, o que me deixou meio sem jeito. Abaixei a cabeça e ele veio se sentar ao meu lado.

- Eu te contei tudo isso para chegar em um ponto...hum, meio crítico em que eu me encontro.

Olhei para o Marcos na interrogativa e surpresa. Ele olhava para o chão, como se estivesse procurando ali, as palavras para me dizer algo.

- No começo eu te odiava, te achava uma chantagista e só queria me ver livre logo deste plano absurdo. Eu sei que faz pouco tempo que a gente se conhece, apenas alguns meses, só que....

Marcos parou de falar, respirou fundo e me olhou nos olhos fixamente, enquanto pegava a minha mão.

- Liani, você é uma encantadora. Te ver atuar é belo e....

♪Vida louca vida, vida breve/Já que eu não posso te levar/....♪

Marcos foi interrompido pelo toque do celular. Ele tentou ignorar, fechando os olhos e respirando fundo, mas não conseguiu. O Sandret soltou minha mão, pegou o celular e viu quem era no visor.

- Penélope.

Eu continuei em silêncio. Por que justo agora?

- Ela disse que iria me ligar, desculpa, eu preciso atender.

- Tudo bem.

Marcos saiu do quarto e eu fiquei imaginando tudo que ele poderia dizer se a MARAVILHOSA Penélope não tivesse atrapalhado. Alguns minutos depois, o Sandret voltou um pouco animado.

- Adivinha o que Penélope queria?

Estranho. O que eu tenho a ver com a Penélope?

- Não sei.

- Trabalho.

- Ah.

- Para nós dois.

Olhei incrédula.

- Como assim?

- Pedi para ela ver uns assuntos que dizem respeito à você.

- Você o quê?

- Não se preocupe, não é nada de mais. Só o senhor Vasconcelos que quer que você faça um teste para um filme dele.

Vasconcelos? Filme? Teste? As coisas começaram a passar rapidamente pela minha cabeça. A imagem do senhor com cicatriz no rosto brilhou em minha mente. A alegria tomou conta de mim. Sem pensar nas coisas que acabaram de acontecer, eu corri até o Marcos e o abracei. Ele retribuiu o abraço.

- Não acredito!

- Calma! É só um teste por enquanto.

Me afastei dele e comecei a perguntar como tudo aconteceu.

- Ele veio falar comigo na festa de inauguração sobre você. Parece que ele falou com o Enzo, que pediu para ele me procurar. Sei lá, parece que eu sou seu agente, ou coisa do tipo. Rsrsrs. Acontece que eu pedi para ele me ligar e depois falei com a Penélope. Você sabe, ela é a melhor do ramo e entende das coisas melhor do que eu.

- E ela aceitou assim? E como foi tão rápido desse jeito?

- Penélope sempre quer alguém bom do seu lado, para se gabar mais como a melhor do ramo, e claro, ganhar mais dinheiro cobrando sua porcentagem. Foi difícil convencê-la a ir te ver hoje no Teatro, mas no final ela aceitou e disse que você tem talento. Como o senhor Vasconcelos também foi te ver, à meu pedido, pode ter uma ideia sobre como você atua. No final do espetáculo, eu deixei os dois conversando e agora ela me ligou para dizer que deu tudo certo e quer te ver amanhã para tratar de alguns assuntos.

- Tratar de alguns assuntos?

- Ela quer se tornar tua agente.

CAPÍTULO 102: FECHANDO A BOCA

A Penélope quer se tornar minha agente? Como assim? Acho que eu bati com cabeça.

- Minha...a-gen-te?

Marcos sorriu com minha surpresa.

- O que você acha? Eu disse que ela só quer pessoas profissionalmente boas do lado dela. Ser sua agente irá fazê-la ganhar mais dinheiro.

- Eu não...Eu não posso aceitar.

- Por que não?

- Porque ela é sua mãe. Por causa do plano. Porque...

Olhei para o Marcos e mais uma vez aquilo veio dentro de mim.

- Porque isso significa ficar perto de você.

Marcos compreendeu. Respirou fundo e chegou perto de mim colocando a mão no meu rosto.

- Isso vai passar. O ano daqui a pouco acaba, você já vai ser reconhecida como atriz e todo esse sentimento por mim acabará.

- Eu já pensei nisso, mas...

- Confie em mim.

Confiar! Lembrei dele falando sobre confiança. Lembrei do Leandro.

- Eu não posso confiar em você Marcos. Você mesmo disse que somente confia no Leandro. Talvez isso não tenha nada a ver, mas depois que....

Não pude terminar. Minha boca foi fechada por um beijo. Um beijo do Marcos.