5 Canções: Parte 3: Capítulo 6 – Em busca da sandália perdida.
Estão gostando? Mais uma vez estou postando as músicas da parte anterior.
Tema: If it kills me - Jason Mraz
http://www.youtube.com/watch?v=d1AEgY6_HDw
Capítulo 4(Apenas amigos): The word of your body - Spring Awakening
http://www.youtube.com/watch?v=eGQGnTZP3vg
Capítulo 5(20:11): Trying not to love you - Nickelback
http://www.youtube.com/watch?v=-qcZ9M-QoOc
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Parte 3 – Aquele que é bonito
Encontrei-o para jantar numa sexta à noite
Ele realmente me deixou com apetite
Ele tinha tatuagens por todo o braço
Não há nada mais perigoso que um garoto charmoso
Ele é um sedutor coberto de açúcar
Candyman - Christina Aguilera
Capítulo 6 – Em busca da sandália perdida.
- Eu odeio São João – Reclamei para minha amiga Larissa no telefone – A fumaça das fogueiras faz meu nariz coçar, eu odeio forró e tem duas pessoas lá em baixo soltando bombinhas. Você vem pra festa de hoje não vem?
- A grande festa da sua mãe que ela denominou de “Arraiá" de varanda? Não perderia isso por nada. – Nós rimos – Os meninos continuam jogando bombinhas?
- Continuam – Respondi colocando a cabeça pela janela – Quem está jogando é o novato do prédio, Felipe, está ele e outro garoto, vou descer e mandá-los parar com isso.
- Eles devem parar logo Lúcia, para que se estressar?
- O amigo dele parece ser um estresse que vale a pena, se é que você me entende.
- Está bem, boa sorte se estressando – Desliguei o telefone e sai em direção ao elevador.
Eu não estava descendo só para conhecer o amigo de Felipe, na verdade pensei que o resto das pessoas poderia estar lá também, inclusive Lucas.
- Felipe, você já tem 15 anos, é idade suficiente para usar fogos de gente grande e não essas bombinhas. – Falei rindo, ele veio em minha direção e me abraçou.
- Eu tentei avisar, ele não me ouviu – Falou seu amigo, esbocei um sorriso.
- Esse é o Narciso, Narciso, essa é a Lúcia.
- Muito prazer – Ele falou acenando. Narciso era um nome realmente engraçado para alguém bonito, isso claro se você gostar de mitologia grega. Sentamos para conversar e falamos sobre assuntos banais: filmes, a novela, e falamos mal dos nossos amigos em comum.
- Felipe, você devia chamar a gente para descer – Falei mudando de assunto.
- Ele é muito antissocial Lúcia – Respondeu Narciso rindo e empurrando seu amigo. – Eu ainda disse para ele chamar vocês, mas ele disse que não queria ver ninguém daqui. – Falou mais uma vez brincando.
- Quanto amor por nós Felipe – Falei rindo e me divertindo vendo o garoto enrubescer.
- Eu ainda disse para ele chamar a Lúcia do 2001 – Narciso continuou falando – mas ele disse que você era chata.
- Eu ainda te amo Felipe, não se preocupe. – Ri e percebi que eu não havia falado meu andar para ele. – Como você sabe meu andar? - Os dois se olharam desconfiados.
- Ele veio aqui um dia e fomos te chamar Lú, mas você não estava em casa. – Felipe tentou explicar.
- Ah, entendi – Eu não tinha acreditado, Felipe era muito tímido e a gente tinha se visto poucas vezes.
- Quantos anos você tem Lúcia? – Perguntou Narciso de novo.
-13, faço 14 esse ano.
- Você parece ser bem mais velha, com uns 15 ou 16. – Eu sorri, mas estava radiante por dentro, para uma garota de 13 anos parecer ser mais velha é ótimo.
Depois de um tempo conversando com eles tive que subir para ajudar minha mãe em sua “festa” de varanda.
Quando Larissa chegou descemos e conversamos mais um pouco com os meninos, Narciso era um amor de pessoa, ele não deixou de ser, mas minha percepção dele hoje é bem diferente. Dois dias depois ele foi de novo lá para o prédio e Larissa também, eu comecei a observar o quanto ele me lembrava de Lucas: o jeito de falar, de rir e o jeito que os olhos brilhavam quando falava de alguma garota, isso só o deixou cada vez mais encantador.
Meus amigos começaram a brincar com Larissa sobre um menino que ela gostava e eu brinquei junto, algum tempo depois já farta da brincadeira Larissa me fez uma ameaça:
- Se você apoiar essas brincadeiras por mais três vezes, eu falo para Narciso que você quer ficar com ele. – Assustada, concordei e ri.
A tarde foi passando, as brincadeiras continuaram e eu acabei esquecendo-se da ameaça, logo após uma brincadeira ouvi Larissa falando:
- Narciso, quero falar com você – Ela falou levando-o para o outro lado da área recreativa. Eu gelei, depois de alguns minutos eles voltaram e convenceram todo mundo a subir.
- Eai Lú? Vai ficar com ele? – Larissa perguntou quando estávamos no meu quarto.
- O que você falou Lari?
- Se acalma eu não fui tão direta, mas ele entendeu e disse que por ele tudo bem. – “Por ele tudo bem” que resposta vazia.
- Por mim tudo bem também – Repeti sorrindo – desde que seja algo natural, que flua.
- Tá, eu vou ligar para ele para dizer isso. - Eu fui tomar banho e comecei a pensar sobre meu segundo beijo, meu primeiro não durou mais do que 10 segundos e foi horrível a ponto de eu empurrar o garoto no meio e ir ao banheiro lavar a boca, mas eu tinha certeza que esse ia ser melhor, se não fosse ir ao banheiro lavar a boca não seria uma boa opção.
Descemos e Larissa teve que ir para casa logo, e eu me senti meio sozinha e nervosa, muito nervosa e quando os meninos desceram, eu apenas fiquei mais nervosa ainda, porém a serenidade que Narciso carregava me deixou mais tranquila.
- Posso esconder sua sandália? – Ele perguntou de repente.
- Pode – Respondi rindo.
Eu estava ao lado dele no sofá do hall enquanto todos nós conversávamos, quando deu 22 horas ás luzes se apagaram como de costume, eu respirei fundo tentando controlar meu medo desnecessário, consegui controla-lo ate que o Narciso resolveu colocar o braço ao redor de mim e começar a mordiscar carinhosamente meu pescoço.
- Vou procurar a minha sandália – Foram as únicas coisas que conseguir falar com segurança. Saí em direção a piscina e ele veio atrás de mim.
- Onde está minha sandália? – Falei rindo
- Eu só falo se você me der um beijo. – Esse era seu jeito de deixar as coisas fluírem, era péssimo.
- É sério.
- Eu estou falando sério – Ele me puxou mais pra perto e eu comecei a ofegar – Você vai me dar um beijo? – Ele agora sussurrava perto do meu rosto.
- Eu não sei – Falei em uma ridícula tentativa de me fazer de difícil, logo depois nos encaramos por alguns segundos e nesse pouco tempo jurei que via Lucas na minha frente isso me assustou um pouco, ate que ele puxou meu rosto e me beijou. Naquele momento era ele, pode me chamar de louca, insana ou como preferir, mas para mim eu estava beijando Lucas. O jeito que suas mãos deslizavam cuidadosamente pelos meus ombros e o jeito que ele tentava ser divertido enquanto mordia meus lábios inferiores, tudo isso me lembrava ele.
- A câmera – Falei lembrando a ele da câmera de segurança que apontava exatamente para onde estávamos.
- Qual é o problema? – Respondeu confuso.
- Meus pais, eles gostam de assistir o canal das câmeras às vezes. – Ele me olhou como se não desse muita credibilidade ao que eu falava.
Comecei a andar em direção ao chuveiro da piscina decidida a achar minha sandália.
- Suas sandálias não estão ai. – Ele falou se divertindo com o meu nervosismo.
- E onde elas estão? – Ele sorriu maliciosamente enquanto segurava minhas mãos.
- Eu já disse que só falo com um beijo. – Eu ri com um tom de desespero.
- Eu já lhe dei um beijo.
- Eu não vou dizer onde está, assim você me dá vários beijos. – Ele puxou minhas mãos e me fez chegar mais perto, eu estava mais tranquila, colocou suas mãos ao redor da minha nuca e me puxou em direção ao seu rosto.
Dessa vez o beijo foi diferente do primeiro, meu coração começou a acelerar de novo, mas não de ansiedade ou prazer, de nervoso, nosso beijo não encaixou, parecia um beijo técnico do pior ator do mundo. Eu o afastei e ele me olhou desapontado como se sentisse o mesmo.
- Eu vou procurar minha sandália – Sorri sem graça.
- Não vai não – Ele falou me segurando pelo braço, parei por um momento. – Eu não vou deixar você procurar sua sandália.
- Por que não? – Perguntei realmente interessada em saber o motivo, porque eu não acreditava que ele queria me dar outro beijo.
- Porque se você não achar, a gente fica assim para sempre. – Ele me puxou e nos beijamos de novo, foi melhor, mas foi vazio e eu só conseguia pensar o quanto ele poderia iludir outra menina com seus discursos fofos. Voltamos ao hall e ficamos tensos por alguns minutos, estávamos no mesmo lugar de antes e estava muito escuro para as pessoas perceberem qualquer coisa, ele voltou a procurar meus lábios.
- Por favor, não faça isso. – Sussurrei tão baixo que pensei por um instante que ele não conseguiu me ouvir, mas ele parou. Meu celular começou a tocar e eu sai para atendê-lo, era Larissa perguntando como tinha sido e eu disse que ligava depois. Eu não queria voltar para lá então sentei um pouco na borda da piscina e fiquei tentando descobrir o motivo dos beijos terem sido tão diferentes.
- Eu fiz alguma coisa errada? – Ele estava atrás de mim com uma expressão confusa.
- Não, de jeito nenhum – Falei tentando acalma-lo. – Eu só estou cansada. – Eu me sentia mal por ter feito ele se sentir daquele jeito.
- Vamos achar sua sandália – Ele falou sorrindo e me puxando meu braço.
Estávamos andando de volta ao hall e olhei para um beco que tinha na parede, sem pensar duas vezes fingi que procurava minha sandália.
- Eu não escon... – Não deixei terminar a frase, eu o beijei e de um jeito mais agressivo do que o de antes. Eu estava com muita raiva, por que não foi tão fácil com Lucas como foi com ele? E por que ele está em todas as minhas histórias?
O meu beijo foi tão agressivo que às vezes eu o sentia recuar para pegar ar, mas eu não ligava e pelo jeito ele também não.
- Eu preciso da minha sandália – Falei pegando ar.
- Por que você não me beija assim na frente das pessoas?
- Porque... – Eu não sabia o motivo, ou sabia e preferia não admitir. – Não, não me pede isso.
- Qual é a diferença? – Eu fiquei procurando uma resposta e ele uma pergunta para me deixar sem saída. Voltamos para o sofá e eu sabia que ele ia tentar e quando tentou nos beijamos e surpreendemos algumas pessoas que não faziam noção do que estava acontecendo.
- Por essa eu não esperava – Falou Joana que estava do lado dele.
- Vamos procurar minha sandália agora? – Falei, todos riram e fomos procurar a sandália. Narciso me devolveu e fui em direção ao elevador para voltar para casa.
- Lúcia, eu não mereço um beijo? – Eu ri e voltei para lhe dar um beijo, dessa vez foi bom, foi gentil.
Quando estávamos subindo no elevador olhei para ele e vi como ele era encantador e bonito, sem semelhanças com ninguém, era bom saber que tinha voltado a enxergar as coisas normalmente, me despedi do pessoal e fui para casa me preparar para dormir. Quando acordei, acordei meio perturbada pela visão dos olhos azuis que vi noite passada, mas mesmo assim fui para a escola e fiz uma péssima prova de História.
Depois daquele dia eu me encontrei várias vezes com ele, em festas que ele não falou comigo, no prédio e em diversos momentos, mas a questão de comparar ele com Lucas ainda me perturbava, eu sentia como se ele tivesse sido um substituto, serviu apenas para preencher um vazio, um vazio que era tão grande que nem o mais belo da mitologia grega conseguiria preencher.
Ele vai ser um homem forte.
Oh querida ...
Mas o homem errado.
Ele vai comer proteína de alta nutritiva e engolir ovos crus.
Tentar construir os ombros, o peito, braços e pernas.
I can make you a man - The Rocky Horror Show