O Preço de uma Estrela (Capítulos 96 e 97)

CAPÍTULO 96: BARBA CERRADA

Todo o elenco voltou ao palco para se despedir, a protagonista com o seu par foram os mais ovacionados, o que eu já esperava. O público aplaudiu todos de pé, o que me surpreendeu.

Saindo do palco, novamente me surpreendi, agora com um braço estendido na minha direção, bloqueando minha passagem para o corredor que leva ao grande camarim, segurando um buquê de rosas azuis.

- Claro Marcos! Estou te esperan...

Enquanto eu olhava para o buquê na minha frente, eu ouvi o nome tabu e olhei para trás, vendo o Gabriel no celular, provavelmente falando com o idiota do Marcos.

- Moça você es...

Senti uma mão no meu ombro e percebi ser do homem do buquê. Olhei para o rosto dele, para seu braço, que ainda continuava na minha direção, e novamente para o seu rosto. Reparei em sua barba cerrada enquanto o olhava mexer a boca, mas não ouvi nenhum som, pois meus pensamentos estavam no Marcos.

- Desculpe.

Uma das figurantes esbarrou em mim, enquanto seguia pelo corredor, com isso despertei dos meus pensamentos sobre o Marcos, olhei para ela e depois para o homem da barba cerrada, que ainda falava e agora eu conseguia o ouvir.

- ...a protagonista.

Ele parou de falar e ficou me olhando.

Silêncio.

"A protagonista". Justo na hora que eu o ouço, ele para de falar.

Ele ainda me olhava. Ainda continuava o silêncio.

Ai, o que ele quer? Eu ouvi apenas suas últimas palavras, por que ele parou de falar e está me olhando? Quer saber? Pelo contexto do momento eu acho que já entendi o que ele quer.

- Tudo bem.

Sorri, peguei o buquê e segui em direção ao grande camarim.

Chegando no local, que já estava movimentado com todos comentando sobre a apresentação, eu procurei a protagonista e entreguei o buquê à ela.

- Para mim? Que lindo! Rosas azuis?! Nunca recebi rosas azuis. Quem me deu?

- Um fã, eu acho. Sei lá, eu não reparei muito nele. Só sei que ele têm uma barba cerrada e que pediu para te entregar.

- Obrigada e parabéns Liani, tu tava ótima.

- Obrigada, você também.

Sorri e me afastei. Se era para entregar o buquê à ela, ou não, eu não sei, mas pelo contexto, a protagonista sempre recebe as flores, apesar dela já ter recebido muitas. Fiz certo. Fiz sim!

- Garota!

CAPÍTULO 97: MINHAS FLORES

Após falar com a protagonista, eu andei em direção a porta dos fundos do grande camarim, para poder ir me trocar no camarim individual e ir embora. No entanto, ele apareceu na minha frente com o sorriso bobo de sempre. Não tive como desviar, não tive como fingir que não o estava vendo. Fiquei parada enquanto ele se aproximava de mim.

- Já está de saída?

Permaneci quieta, olhando para ele com raiva.

- Não quer falar?

O sorriso bobo desapareceu de sua face, a expressão séria de sempre estava ali, na minha frente, mas o toque de raiva em seu rosto ainda parecia muito longe de seu corpo.

- Liani! Ainda bem que te encontrei.

A protagonista se aproximou de mim e do Marcos, cortando o nosso olhar de raiva e seriedade.

- Oi Marcos!

Dissimulado como ele sabe ser, ou não, pelo menos foi o que me pareceu, pois sua postura mudou de séria para simpático rapidamente, Marcos cumprimentou a protagonista "amigosamente", com direito a beijo no rosto e abraço.

- Oi.

- Nossa, está muito cheio aqui, rsrsrs, tu não acha?

Marcos respondeu com um sorriso sem mostrar os dentes, então ela se dirigiu a mim.

- Eu estava te procurando. Toma!

Ela me deu o buquê de rosas azuis, o que me fez esquecer um pouco do Marcos e a encarar com uma feição de desentendimento. Percebendo minha expressão, ela explicou.

- Tu não viu o cartão no meio das flores? Estas flores são tuas. Foi o Henry Praffe que te mandou, parabenizando pela sua excelente atuação.

Então ela piscou para mim e depois olhou para o Marcos.

- Nada que faça tu sentir ciúmes da tua namorada, Marquinho.

Percebi que Marcos forçou um sorriso, passando a mão na cabeça. O toque de raiva apareceu em sua feição. A protagonista, depois de "tranquilizar" o Sandret, deu risada e voltou-se para mim, mudando de assunto.

- Ah, tu vai na festa do Iago?

- Iago?

Apesar de eu estar perto desse pessoal há alguns meses, eu não sei o nome do meus colegas de elenco, rsrs.

- Aquele que interpreta o Diogo, meu par romântico.

- Ah, sei.

- Então, o pessoal está pensando em ir lá na casa dele, para comemorar o sucesso de hoje.

Já estão falando de sucesso. Esse pessoal se precipita de mais, eu acho.

- Não, eu não vou. Estou cansada. E amanhã tem apresentação de novo. Vou para o camarim, me trocar e depois vou para casa. Prefiro comemorar no meu colchão.

- Ah, entendo.

Ela deu um sorriso meio safado e olhou para o Marcos, que forçou novamente um sorriso. Eu sorri sem entender, mas depois percebi que o que eu falei teve ambiguidade. Senti um calor, provavelmente fiquei vermelha de vergonha. Tentei concertar.

- Não, eu...

- Tudo bem. Esquece. Até amanhã então. Tchau Marcos.

Marcos assentiu com a cabeça. A protagonista se afastou e eu olhei para ele, ainda com o calor, preparada para ouvir alguma zoação por eu ter feito a ambiguidade, mas ele, por sua vez, virou as costas e foi andando em direção à porta dos fundos. Eu o segui, não porque queria o seguir, mas sim porque é o único caminho para eu ir ao camarim individual, me trocar.