Mudando a letra da vida - Capitulo 06

Após a Bianca me ligar, me despedi da minha mãe e sai porta a fora. Encontramos-nos em uma praça aonde ela esperava junto ao Guilherme.

- Não acredito que você me ligou dizendo que eu estava atrasando e ainda faltam dois.

Bianca ri e eu acho que perdi alguma coisa.

- Não vamos esperar pelos dois. A Carol quer ir com o americano, sozinha.

Meu coração pulou de alguma forma. Caroline e caio juntos, quando ela o deseja tanto e é linda loira, parece uma princesa. Ele é perfeito do jeito que é, posso dizer que ele é um príncipe, que eles se combinam.

Senti alguém puxar minha mão com força, fazendo-me sair completamente de meus pensamentos.

- Dormiu gata? – Guilherme sorria divertindo-se.

Respondi qualquer coisa e continuamos a caminhar pela cidade.

Pegamos um ônibus onde sentei com o Guilherme e conversamos sobre sua família, amigos e vi como ele era engraçado e divertido. Descemos em frente a uma lagoa e não entendi direito o por que. Sentamos em um banco enquanto Bianca discava alguns números em seu celular.

- Onde estamos? – perguntei olhando ao redor do lugar.

- Lagoa Rodrigo de Freitas. – Guilherme respondeu pegando em minha mão e nos levantando.

- Não demora. Estamos aqui na Lagoa te aguardando. – Bianca falava no celular.

- Vou mostrar o lugar para ela. Importa-se de ficar aqui sozinha?

Ela abaixou seus óculos para encara-lo e logo em seguida sorriu.

-Claro. Divirtam-se.

***

Andamos em volta do lago onde pedestres faziam caminhadas, ciclistas andavam de um lado para o outro. No lago havia pessoas andando em patinhos com pedalo e turistas tirando fotos do local e de si mesmos.

- O que são aqueles patinhos? – Apontei para o lago.

- Aquilo é um cisne. – Ele ria. – Chamamos de pedalinhos. Quer tentar?

Olhei com para ele com meus olhos brilhando como se perguntasse se uma criança queria doce. Balancei a cabeça positivamente e logo ele pegou em minha mão mais uma vez e fomos em direção ao píer de mãos dadas. Ele pagou o senhor que estava entregando os pedalinhos e entramos cuidadosamente. Fiquei nervosa enquanto nos afastávamos de terra firma, mas logo me senti encantada com a vista à frente e comecei a pedalar.

- Isso aqui é muito lindo! – Gritei animada.

- Eu costumava vir aqui – Sorriu desconfortável. – É realmente lindo.

- Costumava? – O encarei.

- Minha mãe. – Engoliu ceco. – Ela costumava me trazer aqui, mas a ultima vez que viemos, ela sofreu um acidente de carro na volta.

- Mas e você? – perguntei observando a tristeza em seu rosto, como uma criança com medo de um pesadelo.

- Eu tinha ido para a casa da minha avó nesse dia, e ela voltou ao trabalho. – respondeu olhando a diante. – Eu pedi para ela não ir, mas ela foi.

Segurei firme em sua mão e nossos olhos se encontraram, afaguei seu rosto em minhas mãos e sorri desconcertada com as lagrimas que se formavam. Ele pode chamar a atenção com o sorriso perfeito e por ser mais velho, mas seu olhar nesse momento me tira o fôlego.

- É realmente triste. – Respondi sem jeito. – Somos obrigados a nos separar de pessoas que realmente amamos. Isso dói muito.

Ele me olhou confuso por algum momento.

- Você perdeu...

- Meu pai. – Completei. Perdi meu pai vai fazer dois meses. É muito recente e ainda sinto muita falta dele.

- Acredite, perdi minha mãe e já faz dois anos. A dor ainda é a mesma.

- Mas por que você se faz de forte, o pegador e tudo mais. – Falei me referindo a nossas conversas no ônibus onde ele me contou das suas paqueras.

- Você é a única garota que sabe sobre minha mãe, e se falar a alguém, eu te mato.

- Nem mesmo Bianca? – Ele balançou a cabeça negativamente -, Caroline?

- Ta louca! A Carol é uma cabeça de vento. – Rimos.

***

Voltamos para onde a Bianca estava e os dois que faltavam já tinha se juntado a ela. Os três olharam para nossa direção, e pareciam irritados.

- Achei que tinha esquecido que estávamos aqui! – Caroline estava muito irritada.

- Eu tentei te ligar, mas só deu caixa postal. – Bianca se referiu ao Guilherme.

Achei estranho o Caio ainda estar de cabeça baixa, não falou nada, não mudou sua posição, apenas olhava pro chão.

- Podemos ir agora? – Caroline ajeitou sua saia que estava quase levantando com o vento e começou a andar. – vamos Caio?

Ele não era mais o americano, agora era o Caio para ela também. Devem ter conversado no caminho até aqui.

- Vamos – Concordou Bianca.

Todos começaram a andar e nada de o Caio me olhar, ou falar comigo, apenas caminhou na frente ao lado da Caroline e continuei com o Guilherme, mas eu gostaria de saber por que ele não falou comigo.

***

Pegamos um táxi e logo chegamos ao Jardim Botânico, Guilherme ria com a minha felicidade por estar aqui e os outros pagavam a nossa entrada, caminhamos em silêncio e eu observava tudo ao meu redor.

Tinha grandes árvores acompanhando o caminho, um chafariz lindos no final. Paramos em frente ao lago para que a Bianca tirasse umas fotos nossas. Resolvi pegar a câmera e tirar, já que eu era nova nesse grupinho, mas o Caio pegou a câmera de minha mão com má vontade e posicionou para tirar a foto.

- Vai lá. Você já esta bem envolvida. – Não entendi o que ele quis dizer, mas achei melhor não perguntar e fui me ajuntar aos outro. Guilherme me abraçou pela cintura enquanto eu e Bianca fazíamos caras engraçadas e a Caroline somente fazia suas poses de quem só tira foto sozinha.

- Me deixa ver aonde podemos ir. – Guilherme e Bianca observavam o mapa, fiquei encarando o lago ainda, observando as garças voando e aterrissando.

- Serio que você ta empolgada com um lago qualquer? – Caroline perguntou, mas continuou antes que eu respondesse. – Você vivia em Roma, tem coisa melhor?

- É muito lindo mesmo... Mas o Brasil não é qualquer coisa, eu nem o conheço direito, mas tendo um lugar como esse, como o lago em que estávamos antes de vir aqui. Esse lugar é mágico, é lindo.

- Nossa! Assim vai começar a dizer que preferia ficar aqui ao invés de Roma.

- Não diria isso, pois tenho uma vida lá, mas talvez eu gostasse daqui.

Olhei para o lado e alguns passos de onde eu estava vi o Caio observando algo, segui seu olhar e então vi o que não havia observado com clareza. O chafariz era lindo, mas a vista que estava atrás era deslumbrante. Eu estava vendo o famoso Cristo Redentor, eu estava pela primeira vez vendo uma das coisas mais lindas que já vi em minha vida.

- Dio mio! che bello! – Todos me encararam e caíram na gargalhada.

- O que foi isso? – perguntou Guilherme.

- Eu falando italiano. – respondi sem graça por ter esquecido por um momento que não estava mais em Roma.

***

Passamos no orquidário e era lindo, toquei e cheirei todas as flores e plantas que podia, era uma mais linda que a outra. Passamos em um lugar que dava pra lanchar e ficamos batendo papo e mostrando as fotos que tiramos no percurso até aqui.

- Essa ficou muito linda! – Caroline apontou para a foto em que se encontra com a Bianca e o Guilherme, um em cima do outro fazendo careta em frente ao lago.

- Eu achei essa a melhor. – Guilherme colocou a foto em que o Caio bateu, mexeu no zoom da câmera e deixou somente nós dois na tela da câmera cortando os outros. Fiquei sem graça quando as meninas fizeram um coro de “awn” e o Caio somente olhou para mim serio.

Levantei-me e fui para bem longe deles. Ouvi alguém me chamando, mas não dei confiança, voltei para o lago e fiquei hipnotizada com tudo aquilo.

- Is beautiful, no? – Ouvi alguém atrás de mim.

- O que? – perguntei ao ver o Caio se aproximando.

- Bonito, não? - Disse. – Foi o que eu falei.

- Por que faz curso de inglês se você vivia falando normalmente?

- Meu pai tem medo que eu desaprenda. – olhava fixamente, assim como eu estava.

- Seu pai é duro na queda.

- Duro na queda? – Ele soltou um risinho de lado.

- Ouvi uma garota dizendo ainda pouco. – Senti minhas bochechas corarem de vergonha.

- Não estou no Rio há muito tempo, mas sei que duro na queda é muito velho.

Nós dois rimos e voltamos para encontrar o pessoal.

- Vamos? Já esta ficando tarde, e não moramos muito perto. – Bianca se levantava.

- Principalmente o Christian. – zombou Caroline.

Ele fechou a cara, mas logo pensou em uma resposta para ela. Ele se enfiou entre eu e o Caiu e colocou seus braços em nossos ombros.

- E quem disse que eu vou pra casa? Projeto de Barbie de plástico. Eu vou pra casa da Alice.

Fiquei espantada quando ouvi meu nome, e mais uma vez o Caio não me olhava.

- Acho melhor irmos mesmo... – Falei fazendo todos andarem.

Daniel Marcos
Enviado por Daniel Marcos em 18/01/2013
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